terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre água

por Clarisse Cunha

Este fim de semana me peguei pensando como será, de fato, que a falta de água vai mudar nossa vida. Já pensou nisso? Tenta listar, e tenta não pensar em termos de "ah terei que ter mais grana porque água vai ficar caro". Não, pensa assim, se eu tiver direito a apenas uma quantidade limitadíssississississississississima de água, tipo um balde por dia, como é que vou me virar? Como serão meus banhos de 20 minutos que começam com o chuveiro correndo enquanto a água esquenta? E a água para amolecer minha cutícula? É bom ir preparando a lista. E é bom saber que falta de água não é algo que acontece somente no deserto. TODOS vamos ter que reaprender. Michael ficou impressionado com o comportamento que já é claramente outro na Austrália. Ele foi sempre ligado nestes assuntos, mas parece que há 7 anos, quando ele ainda morava em Melbourne, falar em energia solar ou estratégias para economizar/reaproveitar água era coisa de hiponga verde. Só que a Austrália foi um dos primeiros países a vivenciar a crise de água de verdade (que todos vivenciaremos de qualquer forma, cedo ou tarde, é bom lembrar). Os últimos 7 anos deram mostras. Pois bem, hoje em dia está todo mundo desesperado para comprar os tais contâiners para coleta de água de chuva (tem que entrar em lista de espera), e é proibido usar água nos jardins ou para lavar carro, calçada, etc. Em toda cidade tem outdoors sobre o assunto, nas revistas, jornais, TV - digamos assim que muito da publicidade é voltada para o "economizemos, porque agora não tem mais jeito". Fim de túnel. O sogrão (que não tem nada de verde, está apenas se adaptando à nova realidade da forma como pode) estava contando que dia desses estourou um encanamento na rua e era água pra tudo que é canto. As pessoas vieram correndo com baldes, todo mundo no desespero, e tinha criança chorando na rua ao ver água pelo ralo. Tens noção disso?

Aqui também andamos pensando na questão da energia elétrica. Tem uma crise na categoria do sinistro rolando na África do Sul, que é a principal fornecedora de energia para a região. Então agora a discussão é se a eletrobras daqui deve ter um horário para o apagão diário ou aumentar absurdamente o preço da energia. Me lembrou o apagão pelo qual passamos... Agora me explica, o que fazer se tudo tudo tudo na vida é em função do pleno acesso à energia? Ando realmente de cara com o assunto.

Aí agora li um artigo muito bacana no Chicago Tribune, na linha "a vida pós-gasolina". Como será que viveremos sem a possibilidade de dirigir nossos carros? Estamos preparados para isso? Tudo caminha para o despreparo... num tipo faz de conta que não é comigo. Mas o causo é que esta indiferença toda agora tem prazo pra acabar. Isso mesmo. Prazo, e digo: vai expirar antes do que imaginamos. E vai ser tipo uma bomba que cai no meio da nossa sala de estar. Póf. Estrondo. Agora você imagina a quantidade de combustível necessário para um avião cruzar um oceano, e agora você imagina a quantidade de vôos que Michael, eu e Julia tomaremos na vida, e aí... ahhhhhh. Sei não. Sei não.

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Mundo mundo






Fonte: Blog Transitórios (da queirida Clarisse, direto da Namíbia)
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