Zuenir traça a linha que leva à paz no Rio
28/07/2008 11:28
ZUENIR: “COFRINHO” DAS MENINAS VAI SALVAR O RIO DA VIOLÊNCIA
por Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 1321
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
. O mais popular sit-com da televisão americana dos anos 90 foi “Seinfeld”.
. Toda semana, tratava das desventuras – irrelevantes – de seu personagem principal, Jerry Seinfeld.
. Era um show sobre o nada.
. É exatamente o que acontece com as colonas de Zuenir Ventura em O Globo: são sobre o nada.
. Não há uma única idéia original nas colonas de Zuenir.
. Você, caro leitor, se tiver o dissabor de ler O Globo, no dia em que Zuenir escreve, não se surpreenderá jamais.
. Não há a menor possibilidade de Zuenir surpreendê-lo.
. Zuenir tem duas especialidades.
. O ano de “1968”, em que a única contribuição original que conseguiu dar não é dele: é a ata da reunião ministerial que promulgou o AI-5.
. Ele recebeu isso de presente de Elio Gaspari – clique aqui para ler sobre a última contribuição de Gaspari ao pensamento contemporâneo, em “Corrupção: o problema é a Justiça”.
. Outro assunto em que Zuenir se tornou “especialista” é a violência no Rio.
. Ele faz parte daquele grupo de cariocas que manifestam uma espécie de “indignação apropriada”, como a do movimento “Sou da Paz”, que merece das Organizações (?) Globo mais cobertura do que a ONU.
. Está tudo no “habitat” da Globo, como se vê.
. O Estadão, neste domingo de sol, publicou três páginas de uma entrevista reveladora de Zuenir.
. Revela alguns traços centrais de ideologia da elite branca do Rio.
. (Essa é uma praga que vingou além de São Paulo, onde a elite branca é também separatista.)
. Zuenir fala da “ponte que resta entre morro e asfalto” e diz:
. O combate ao crime no Rio é feito por uma polícia que “serve não para evitar a morte, mas para matar”...
. Brizola implantou (sic) “um populismo (*) de respeito aos direitos humanos”.
. E aí reproduz o estereótipo que a Globo difundiu: que Brizola não prendia criminoso porque respeitava os direitos humanos.
. Sobre a remoção das favelas de Carlos Lacerda – sonho de toda a elite branca carioca, até hoje –, Zuenir lamenta que outros governantes não tenham dado seqüência à remoção.
. A remoção à força teria sido um sucesso, se os sucessores de Lacerda tivessem levado ao Inferno transporte público e emprego (?).
. (Como é que se leva emprego a regiões desabitadas, num regime que não seja o comunista ?)
. Hoje, não dá mais para fazer remoção, o apartheid, diz Zuenir.
. Mas, a concepção original (de Lacerda) estava certa.
. Qual a saída, então, para o problema da violência, pergunta o repórter Pedro Doria.
. “Essa integração entre o morro e o asfalto nunca foi feita. Ela só acontece do ponto de vista cultural. A cultura do Rio é uma de inclusão. (E a de Salvador, não ? A de Olinda ? A de Caruaru ?) A cultura tenta unir o que a economia separa.”
. Convenhamos, trata-se de uma revolução copernicana: a cultura desfaz as diferenças de classe !!!
. Zuenir é o novo Gramsci, o novo Maquiavel !
. Que cultura será essa, Zuenir ?
. As novelas da Globo ?
. Os livros do Zuenir Ventura, que deveriam ser lidos em voz alta na quadra da Mangueira, enquanto se come feijoada ?
. Não, nada disso.
. Zuenir tem a fórmula.
. O que vai salvar o Rio da violência ?
. “O samba já tinha feito isso (a união do asfalto ao morro). Agora é o funk. A influência da moda hip hop, do sujeito com o boné virado, o cofrinho da menina aparecendo na calça – isso fez a periferia entrar no centro.”
. O “cofrinho” da menina, Zuenir ?
. Essa é a salvação do Rio ?
. Ou será daqueles senhores de terceira idade, no Posto Seis, que, como diria o Juca de Oliveira, sentem “uma ereção matinal prostática” ?
. Zuenir – é isso o que sobra da ideologia da elite branca do Rio para resolver o problema da violência ?
. Ideologia que se abriga em três paginas de domingo no Estadão ?
Em tempo: Zuenir ou o repórter do Estadão não faz uma única menção ao PAC das favelas. Clique aqui para ler sobre o que Zuenir omite em suas divagações sobre o “nada”.
(*) O que Brizola fez foi lembrar aos favelados do Rio que a Polícia só podia entrar na casa deles com um mandado judicial. Ou seja, Brizola levou para as favelas do Rio um princípio que a Civilização Ocidental, da Magna Carta à Revolução Francesa, utiliza para proteger o cidadão. More na favela ou na Vieira Souto, onde se homizia Daniel Dantas. Zuenir usa a expressão "populismo", porque se trata de um código cifrado da elite branca para menosprezar a defesa dos pobres. Brizola é um "populista". Vargas, também. Lacerda foi o maior inimigo do "populismo", na sua época.
Fonte: Conversa Afiada
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