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O papelão de Kassab
por Luiz Antônio MagalhãesO destaque do final de semana foi mesmo o inacreditável e-mail enviado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para os subprefeitos com instruções nada claras sobre algo a ser feito em relação a uma pesquisa do instituto Datafolha. As instruções não são claras, mas a intenção que transparece é óbvia, qual seja a de interferir no resultado da enquete.
Seria apenas ridículo se o fato não revelasse que no exército do prefeito para a guerra eleitoral há pelo menos um quinta-coluna fazendo o jogo dos adversários. Afinal, não foi a repórter Renata Lo Prete quem esbarrou no e-mail do prefeito, alguém bem próximo de Kassab – a suspeita óbvia é que tenha sido algum dos subprefeitos – enviou para a jornalista da Folha a prova do crime.
Os dois fatores - uso da máquina pública na tentativa de influenciar a pesquisa e a traição de aliados – deixam Kassab mal na fita. Se ele não se recuperar logo no início da campanha na TV, a tendência é ser abandonado até pelo governador José Serra (PSDB), seu padrinho político. Neste caso, não será surpresa para este blog se Kassab terminar atrás de Maluf e até, quem sabe, de Soninha.
Ainda sobre Kassab
Vale a pena ler o artigo abaixo, publicado na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira. É um bom texto e ajuda a sentir o pulso da péssima repercussão, na redação da Barão de Limeira, da tentativa do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em influenciar a pesquisa do instituto Datafolha. "Operação Tabajara" foi uma forma irônica encontrada pelo colunista (e editor de Brasil) para qualificar o papelão de Kassab. Aliás, nos bastidores corre a versão de que a jornalista Renata Lo Prete não teria acreditado na veracidade do e-mail que originou toda a confusão e levou o material para a análise de Otávio Frias Filho. O diretor de redação da Folha, por sua vez, também não teria acreditado no que viu. Decidiram então ouvir a versão do prefeito, que, para a surpresa e estupefação de todos, confirmou a autoria da mensagem.Segue a íntegra do comentário de Ferando de Barros e Silva.
gilberto@kassab.com.br
Fernando de Barros e Silva
SÃO PAULO - Se as coisas já não andavam nada boas para o lado do prefeito Gilberto Kassab, ficaram bem feias agora, com a revelação -num grande furo da jornalista Renata Lo Prete- de que acionou por e-mail quase todos os subprefeitos da cidade com a recomendação de que tentassem interferir no campo da recente pesquisa do Datafolha.
O episódio tem implicações legais, já que é proibida a ação eleitoral de agentes públicos em serviço. Mas, se a intenção é coibir o uso da máquina em benefício de qualquer candidatura, sob este aspecto valeria comparar a falta do prefeito e a publicação da revista "Governo Lula nos Municípios", patrocinada com dinheiro público e já incorporada às campanhas do PT pelo país, como noticiou a Folha no sábado.
O que chama a atenção na operação tabajara de Kassab não é o maquiavelismo, mas a mistura de insensatez com ingenuidade, de malandragem com inocência, de esperteza com amadorismo político.
Registre-se, para quem é chegado em duendes: o prefeito diz que não tinha a pretensão, de resto desvairada, de inflar seu desempenho na pesquisa, mas a intenção de reagir a possíveis distúrbios por encomenda nos locais do campo, segundo ele praticados por militantes do PT.
Traído pelo excesso de confiança ou vítima do próprio desespero? As coisas se misturam. Pressionado pela necessidade de mostrar aos tucanos que o apóiam que ainda tem alguma chance de embaralhar a disputa polarizada entre Marta e Alckmin, Kassab recebe da elite da máquina que supostamente comanda um recado inequívoco de que o desembarque já começou.
Flagrado num flerte com a ilegalidade, está claro que o prefeito foi apunhalado por algum dos seus que já bandeou para o lado de Alckmin. Essa será a tendência, que dificilmente a campanha na TV (onde o democrata tem mais tempo que os rivais) conseguirá reverter.
Os tucanos de São Paulo atolaram num pântano. Resta saber como José Serra, o padrinho de toda a meleca, vai sair dessa.
Fonte: Blog Entrelinhas
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