terça-feira, 29 de julho de 2008

Cantanhede: O mundo é o umbigo dela

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do site do Luiz Carlos Azenha

Em plagas mineiras Jô Moraes é tão conhecida quanto pão de queijo...

por Fátima Oliveira, no blog do Mhário Lincoln

O voto em Jô Moraes tem significado ideológico, pois ideologia, circunstancialmente, como agora, é algo como "vergonha na cara",
atributo moral que não é pra quem quer, é pra quem tem.


Alguns jornais estão assustados com o suposto "enigma da esfinge" Jô Moraes, deputada federal (PCdoB-MG), candidata a prefeita de BH, política respeitada nas muitas Minas, em terceiro mandato parlamentar, pois foi vereadora de BH (1997-2003) e deputada estadual (2003-2007). O Estadão, no último domingo, disse que ela é uma "surpresa"!

Deu no Ibope que ela é favorita, com 17%, contra 14% de Quintão (PMDB) e 8% de Lacerda (PSB), o pupilo do Sr. governador e do Sr. prefeito de BH; e que o Datafolha, confirma a tendência, com Jô em primeiro, com 20%, contra 9% de Quintão, e apenas 6% de Lacerda!

Jô Moraes tem história. Não é um reles "isso". E nem é desconhecida, como supõe Eliane Cantanhede, no debochado artigo "Tanto esforço pra isso?", no qual, arrogantemente, indaga: "Você já ouviu falar em Jô Moraes? Nem eu. Mas ela é deputada federal e está em primeiro lugar nas pesquisas para a Prefeitura de BH, contra tudo, contra todos e muito particularmente contra o governador Aécio, do PSDB, e o prefeito da capital, Pimentel, do PT.

Jô Moraes parece ter tudo contra. Mulher e paraibana num Estado machista e bairrista, é filiada ao PCdoB, partido pequeno e um tanto extemporâneo, e enfrenta dois Golias". E que se ela perder a eleição "já fez uma proeza, por chacoalhar a espetacular aliança tucano-petista" (FSP, 22.07). Destaque! Extemporâneo quer dizer o quê para a douta jornalista, além de um xingamento?

O artigo diz que Aécio e Pimentel, na siamesa união engendrada, "não contavam com isso: a força deletéria da divisão petista sobre o ânimo do eleitorado e a emergência de Jô Moraes." Sobre os rumores que o vice-presidente José Alencar apóia Jô, a escriba alfineta: "Minas, portanto, continua produzindo os melhores momentos desta eleição. A espetacular costura PT-PSDB, o ciúme dos ministros mineiros, a surpresa da líder das pesquisas. É difícil Aécio e Pimentel perderem essa. Mas, se perderem, vai ser um vexame histórico". E eu cá com meus botões, pergunto: "Duvidar, quem há de?"

Só pra chacoalhar: em plagas mineiras Jô Moraes é tão conhecida e querida quanto pão de queijo. Há três décadas faz política em Minas junto às forças vivas da sociedade, em um movimento social avançado, o feminista: é fundadora e foi primeira presidenta do Movimento Popular da Mulher (MPM) – do qual eu também fui presidenta – e da União Brasileira de Mulheres (UBM). Então, o desrespeito da jornalista atende pelo nome de comichão ideológico. Domingo passado (27.07) ela voltou virulenta, em "É cedo para apostar", conferindo à Jô o status de "curiosidade", insistindo que uma "Mulher, paraibana, comunista e de uma sigla pequena, Jô Moraes dá um nó nos poderosos Aécio e Pimentel". Parece elogio, mas é um lamento.

A pose de enciclopédia de alguns analistas da política e o desconhecimento de rudimentos de filosofia política permite que taxem suas ignorâncias de "curiosidades". Diferentemente de Cazuza (1958-1990), na música Ideologia (1988), em parceria com Roberto Frejat, nem todo mundo anda a cata de uma ideologia. É que muita gente possui uma e a respeita.

Se Cazuza disse: "Ideologia! Eu quero uma pra viver...", em BH, é a coerência de Jô Moraes com a ideologia que a move, desde estudante de Serviço Social na Universidade Federal da Paraíba, que a torna favorita à prefeitura de BH, bradando que Belo Horizonte não é curral eleitoral dos Novos Caciques (ou Novos Golias?) da política mineira (leia-se: Aecinho e Pimentel).

O voto em Jô tem significado ideológico, pois ideologia, circunstancialmente, como agora, é algo como "vergonha na cara", atributo moral que não é pra quem quer, é pra quem tem. Assim dá pra entender porque a grande mídia está surpresa, já que de há muito cantou réquiem para as ideologias consideradas de esquerda, decretando que elas morreram todas. Assim dá pra entender o furor descabido com que a jornalista da Folha de São Paulo fica repisando no fato de que se ela nunca ouviu falar em Jô Moraes é, ela não existe, logo é uma miragem extemporânea!

Fonte: Vi o Mundo

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