____________________________________________________________________ Por Luciano Martins Costa
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A Folha de S.Paulo também noticiou, mas apenas O Globo deu destaque à informação de que um enorme bloco de gelo, com cerca de 20 quilômetros quadrados, se desprendeu da ilha de Elllesmere, no Canadá. O fato foi considerado muito grave por cientistas, porque é mais uma evidência de que as mudanças climáticas estão provocando um aquecimento anormal no círculo polar Ártico. Os jornais citam o cientista canadense Dereck Mueller, um dos especialistas convidados pelas Forças Armadas do Canadá para vistoriar o fenômeno. Mueller não é membro do grupo que produziu o relatório sobre o aquecimento global, em 2007. Pelo contrário – ele é um crítico da teoria sobre mudanças climáticas, o que aumenta o peso de suas observações. O grupo de cientistas comprovou que o derretimento está se acelerando, observando que as grandes perdas de gelo vão trazer conseqüências globais. Os jornais explicam que o gelo no Ártico funciona como uma espécie de "guarda-sol" branco, refletindo a energia do sol diretamente para o espaço e ajudando a refrescar a Terra. Com a perda da cobertura, a radiação é absorvida pela água do mar e pela terra nua, o que esquenta o clima de todo o planeta. Cenas para a TV Esse é um dos temas mais inquietantes do noticiário internacional. No entanto, a imprensa continua incapaz de fazer uma cobertura adequada, que poderia induzir as pessoas a mudar certos hábitos e contribuir para amenizar o risco das mudanças climáticas. Apesar de a maioria dos jornais continuar publicando artigos que tentam desmoralizar os estudos alarmantes sobre o aquecimento global, as evidências comprovam a cada dia que o relatório divulgado em 2007 pela ONU está correto. Os estudos indicam que boa parte do desequilíbrio climático se deve à atividade humana. Embora cada indivíduo se sinta muito pequeno diante da grandiosidade da ameaça, é nas atitudes de cada um que pode estar a solução para amenizar o risco. Mas sem o engajamento da imprensa no convencimento da sociedade, nada vai mudar nos hábitos de consumo e nas políticas públicas. Enquanto isso, o derretimento do gelo polar e as queimadas na Amazônia produzem cenas espetaculares para a televisão *** Indiana Minc Enquanto aumenta a febre do planeta, na Amazônia brasileira, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, leva jornalistas para testemunhar como se faz com os depredadores do meio ambiente. O ministro foi protagonista de uma cena de cinema, quando invadiu uma fazenda no Estado do Pará para multar o proprietário em dez milhões de reais por desmatamento ilegal e pela criação de 4 mil cabeças de gado na área da Floresta Nacional de Jamanxim. A ação espetaculosa do ministro, que quase foi apanhado em meio a uma queimada, pode ter algum efeito didático. Mas não é aplicando pessoalmente a multa ao desmatador que ele vai conter a destruição da floresta. Os jornais reproduzem o patético diálogo de Carlos Minc com o gerente e tratorista da fazenda visitada. Um vizinho havia colocado fogo em sua propriedade e o ministro, que estava acompanhado de jornalistas e militares, testemunhou a queima de 3 mil hectares de matas e pastagens. No fim, a comitiva teve que sair correndo porque o fogo ameaçava cercar o helicóptero. Números convenientes A notícia serve para dar ao leitor uma visão local de como acontece a destruição do maior patrimônio florestal do planeta. Mas o espetáculo midiático protagonizado pelo ministro não ajuda a produzir políticas efetivas de combate ao desmatamento. Na mesma página em que informa sobre a visita do ministro do Meio Ambiente ao Pará, a Folha de S.Paulo (31/7) publica um artigo no qual são lançadas dúvidas sobre os números recentes que indicam uma redução no ritmo das queimadas. Enquanto o sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais anuncia a diminuição da área desmatada em junho, comparada com o mês anterior, outro organismo afirma exatamente o contrário. As divergências entre especialistas alimentam os inimigos da floresta, que escolhem os números mais convenientes para tentar evitar medidas mais severas. A imprensa apenas noticia a controvérsia, mas não ajuda o leitor a entender o que realmente acontece na Amazônia. Enquanto isso, o planeta continua esquentando. Fonte: Observatório da Imprensa____________________________________________________________________ |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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