terça-feira, 29 de julho de 2008

DOHA: JOGUE O PiG FORA

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Se fracassar, a culpa será dele;
se for um sucesso, será apesar dele

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1326

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

. O PiG dá um destaque às negociações comerciais de Doha, que se realizam em Genebra, que não se compara a nenhuma outra imprensa do mundo.

. Vá aos sites do Wall Street Journal, do Financial Times ou da Economist.

. A cobertura da reunião de Doha é discreta, quase imperceptível, mesmo agora, quando, aparentemente, ela se aproxima do final – e não se sabe se será um sucesso ou um fracasso.

. Apesar da extensiva cobertura, ganha um doce o leitor brasileiro que entender o que o PiG diz sobre Doha.

. Ou, se entender, provavelmente entenderá errado, porque o que o PiG diz não reflete o que se passa em Genebra.

. Por que o PiG dá tanta cobertura a Doha ?

. Por um motivo simples, caro leitor.

. Para impedir que o Brasil volte para casa com uma vitória – no caso de sucesso das negociações; ou para atribuir ao Brasil o fracasso da reunião.

. Para o PiG, o que está em jogo não é Doha, mas menosprezar o novo status do Brasil nas negociações econômicas mundiais.

. O PiG não engole o Brasil ser uma potência econômica.

. Nem que o Itamaraty consiga – como conseguiu no Governo Lula – expressar isso numa política externa independente e madura.

. E que isso se tenha produzido num Governo trabalhista.

. Para o PiG, diplomacia boa era aquela, subserviente, de ponte-aérea, do Farol de Alexandria

. A diplomacia da colônia culta.

. O Estadão, por exemplo, tem dois “correspondentes” para o fracasso de Doha (e do Brasil, por conseguinte).

. Jamil Chade ganha a vida para falar mal do Brasil em Genebra.

. Denise Chrispim Marin é a Ministra das Relações Exteriores do “Governo do Estadão”, o governo que terá um regime democrático definido pela família Mesquita.

. Marin é a nossa chanceler na sombra.

. Marin e Chade são os “quinta coluna”.

. Mais ou menos como o Ministro Stephanes, que defendeu a posição do inimigo durante uma guerra – e o Governo do Presidente que tem medo não fez nada. (*)

. São os “infiltrados” do Scorsese.

. O PiG deu mais destaque à reação da Argentina à posição brasileira em Genebra – “uma traição” ao Mercosul – do que a imprensa argentina …

. Aplique a “Lei Mário Soares” e jogue o PiG fora.

. Clique aqui para ler a Lei Mário Soares.

. E, depois de jogar o PiG fora, veja que o Financial Times, um jornaleco de economia que se publica em Londres, enumera os paises que estão no centro (“core”) das negociações : The core seven negotiating partners – Japan, Australia, Brazil, China, India, the US and the EU – had resumed their meeting last night after breaking to consult their capitals.

. Clique aqui para ler a íntegra da reportagem do Financial Times.


. E não se esqueça: se Doha for um sucesso, será APESAR do Brasil; se for um fracasso, será POR CAUSA do Brasil.

(*) Na Eco-92, eu entrevistei o então senador Al Gore. Havia ali uma tensão: Gore era o porta-voz da posição do Partido Democrata para questões de meio ambiente e divergia frontalmente do Presidente George Bush I, que veio à reunião presidida por Fernando Collor. Perguntei a Gore se ele concordava com a posição que o Presidente de seu país defendia na reunião. Gore respondeu: Aqui somos todos americanos e o meu presidente fala pelo meu país. Sobre nossas divergências tratarei no Senado americano.

Fonte: Convesa Afiada

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