Se fracassar, a culpa será dele;
se for um sucesso, será apesar dele
por Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 1326
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
. O PiG dá um destaque às negociações comerciais de Doha, que se realizam em Genebra, que não se compara a nenhuma outra imprensa do mundo.
. Vá aos sites do Wall Street Journal, do Financial Times ou da Economist.
. A cobertura da reunião de Doha é discreta, quase imperceptível, mesmo agora, quando, aparentemente, ela se aproxima do final – e não se sabe se será um sucesso ou um fracasso.
. Apesar da extensiva cobertura, ganha um doce o leitor brasileiro que entender o que o PiG diz sobre Doha.
. Ou, se entender, provavelmente entenderá errado, porque o que o PiG diz não reflete o que se passa em Genebra.
. Por que o PiG dá tanta cobertura a Doha ?
. Por um motivo simples, caro leitor.
. Para impedir que o Brasil volte para casa com uma vitória – no caso de sucesso das negociações; ou para atribuir ao Brasil o fracasso da reunião.
. Para o PiG, o que está em jogo não é Doha, mas menosprezar o novo status do Brasil nas negociações econômicas mundiais.
. O PiG não engole o Brasil ser uma potência econômica.
. Nem que o Itamaraty consiga – como conseguiu no Governo Lula – expressar isso numa política externa independente e madura.
. E que isso se tenha produzido num Governo trabalhista.
. Para o PiG, diplomacia boa era aquela, subserviente, de ponte-aérea, do Farol de Alexandria
. A diplomacia da colônia culta.
. O Estadão, por exemplo, tem dois “correspondentes” para o fracasso de Doha (e do Brasil, por conseguinte).
. Jamil Chade ganha a vida para falar mal do Brasil em Genebra.
. Denise Chrispim Marin é a Ministra das Relações Exteriores do “Governo do Estadão”, o governo que terá um regime democrático definido pela família Mesquita.
. Marin é a nossa chanceler na sombra.
. Marin e Chade são os “quinta coluna”.
. Mais ou menos como o Ministro Stephanes, que defendeu a posição do inimigo durante uma guerra – e o Governo do Presidente que tem medo não fez nada. (*)
. São os “infiltrados” do Scorsese.
. O PiG deu mais destaque à reação da Argentina à posição brasileira em Genebra – “uma traição” ao Mercosul – do que a imprensa argentina …
. Aplique a “Lei Mário Soares” e jogue o PiG fora.
. Clique aqui para ler a Lei Mário Soares.
. E, depois de jogar o PiG fora, veja que o Financial Times, um jornaleco de economia que se publica em Londres, enumera os paises que estão no centro (“core”) das negociações : The core seven negotiating partners – Japan, Australia, Brazil, China, India, the US and the EU – had resumed their meeting last night after breaking to consult their capitals.
. Clique aqui para ler a íntegra da reportagem do Financial Times.
. E não se esqueça: se Doha for um sucesso, será APESAR do Brasil; se for um fracasso, será POR CAUSA do Brasil.
(*) Na Eco-92, eu entrevistei o então senador Al Gore. Havia ali uma tensão: Gore era o porta-voz da posição do Partido Democrata para questões de meio ambiente e divergia frontalmente do Presidente George Bush I, que veio à reunião presidida por Fernando Collor. Perguntei a Gore se ele concordava com a posição que o Presidente de seu país defendia na reunião. Gore respondeu: Aqui somos todos americanos e o meu presidente fala pelo meu país. Sobre nossas divergências tratarei no Senado americano.
Fonte: Convesa Afiada___________________________________________________________________
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