por Alberto Dines
Duas semanas depois do vazamento do relatório da Operação Satiagraha para o jornal O Estado de S. Paulo finalmente surge na imprensa a disposição para discutir a questão.
Saiu na quinta-feira (24/7) no jornal Valor Econômico – num artigo assinado pela editora de opinião, Maria Inês Nassif – a pergunta que está atrasada 15 dias: "Se foi um abuso o vazamento de todo o inquérito, inclusive as partes relativas a pessoas que não são parte dos delitos cometidos pelo grupo Dantas, de quem é o abuso? De quem vazou ou de quem publicou a informação vazada?".
Finalmente aparece na grande imprensa uma voz ousada levantando a questão apropriada.
Sem investigação
Beneficiária dos vazamentos seletivos por parte de autoridades policiais, a grande imprensa prefere fingir de avestruz em vez de estimular um debate cuja conclusão pode não lhe ser favorável. Será o jornal Valor Econômico um veículo da pequena imprensa? Longe disso, o diário é uma parceria de dois poderosos grupos de comunicação, as Organizações Globo e o Grupo Folha, faz jornalismo para um público qualificado, sem concessões à ligeireza.
Pergunta-se então: por que razão nem a Folha nem o Globo – ou alguns de seus colunistas – dispuseram-se a questionar a abusiva publicação dos vazamentos sem qualquer investigação preliminar?
E esta é a questão: as autoridades policiais sabem que qualquer veículo de comunicação publicará imediatamente qualquer relatório, vídeo ou grampo que lhe for entregue, porque se demorar os dados sigilosos vão para o concorrente.
E a imprensa sabe que a polícia precisa da pronta publicação porque sem barulho as investigações não se completam.
Vazamento é negócio que só interessa aos apressadinhos.
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Fonte: Observatório da Imprensa____________________________________________________________________
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