Revista Época: uma fusão de U$ 260 milhões
Um grupo de lobistas supostamente ligados a Daniel Dantas teria exigido em março deste ano cerca de US$ 260 milhões para facilitar a fusão da Oi e Brasil Telecom (ocorrida em abril), criando assim a supertele. As informações constam em relatórios do Serviço de Inteligência da Polícia Federal e foram publicadas nesta quarta-feira (23) pelo jornal O Globo.
O grupo de lobistas seria integrado pelo ex-deputado federal petista, Luiz Eduardo Greenhalgh e o publicitário Gulherme Henrique Sodré, o Guiga, e o braço direito de Dantas, Humberto Braz, que está preso. A PF sugere que o dinheiro recebido seria usado em “caixa dois” de futuras campanhas eleitorais. O relatório policial também informa que os lobistas tinham livre acesso a ministérios, gabinetes de deputados e senadores e à ante-sala da Presidência da República.
No relatório final de 175 páginas da Operação Satiagraha, escrito pelo delegado da PF Protógenes Queiroz antes de deixar as investigações na semana passada, foi determinado a abertura de um inquérito específico para apurar a participação de Greenhalgh no caso. Para o delegado, o ex-deputado faria parte “de um escalão especial” do grupo de Daniel Dantas.
A quantia cobrada pelos lobistas seria para cobrir os custos para o “trabalho” de tráfico de influência para viabilizar a fusão das telefônicas. Para a PF, o montante seria pago em parcelas iguais pelos grupos Opportunity e o Citi. A quantia inicial seria de US$ 110 milhões, mas os lobistas exigiram mais para conseguir a efetivação do négócio pelo governo federal. “Os lobistas estão atuando para que o negócio, que já se concretizou de fato, seja autorizado pelo governo federal como de direito e, para isso, cobram seu preço”.
Dentre os acionados pelos lobistas para facilitar a transação, aparece o nome Margareth, identificada pela PF como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em uma referência à ex-primeira ministra britânica Margareth Tatcher. Outros nomes mencionados são o do ministro da Integração Regional, Gedel Vieira Lima, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto de Carvalho, e o senador piauiense Heráclito Fortes (DEM).
Apesar de mencionar autoridades e parlamentares, o relatório da PF aponta que “não há como afirmar a existência de autoridades federais (com foro privilegiado) envolvidas”. Se algum dos investigados fosse uma autoridade pública, com foro privilegiado, o Supremo Tribunal Federal teria de autorizar as investigações.
A PF conclui o relatório dizendo que Greenhalgh, Braz e Sodré devem ser acusados por formação de quadrilha, tráfico de influência e, futuramente, corrupção.
Fonte: Vi o Mundo
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