quinta-feira, 27 de março de 2008

Eleições Norte-Americanas

BARACK OBAMA JÁ TEM UM MILHÃO DE "AMIGOS" NA INTERNET; ELEITORES JOVENS BEBEM DIRETO NA FONTE DE NOTÍCIAS

Por Luiz Carlos Azenha

Tempo de televisão? É que os políticos brasileiros ainda estão na pré-história. Para mobilizar os jovens não existe nada como a internet. E é de graça. Com certeza, você vai dizer: Azenha, a internet ainda não tem no Brasil a penetração que tem nos Estados Unidos. Nem vou falar das estatísticas mais recentes, que demonstram um grande aumento no acesso caseiro à rede. Acho que é só uma questão de tempo até que o computador se torne o novo símbolo de status da gigantesca classe média brasileira - a da Freguesia do Ó.

Além da internet ainda ser um privilégio no Brasil, falta no país - inclusive entre os políticos - o entendimento da dimensão cultural da rede. Aliás, isso falta às próprias empresas jornalísticas que lidam com o meio como se fosse extensão de suas propriedades impressas ou eletrônicas. Política na internet funciona como se fosse a antiga propaganda: boca a boca. Com a vantagem de que quando um amigo recebe de outro um texto de jornal ou a indicação de um vídeo leva aquilo a sério. Deixa de ser pura e simplesmente informação. Passa a ser informação recomendada por um amigo, o que imediatamente acrescenta a ela o que eu chamaria de "credibilidade emocional."

Vamos lá às pesquisas, que não resisto a uma. O Pew Research é de Washington. Até hoje, que eu saiba, não deu bola fora. O instituto descobriu que metade dos eleitores de mais de 50 anos de idade e 39% daqueles na faixa etária entre 40 e 49 anos acompanham a campanha eleitoral americana pela televisão. Mas só 25% dos que têm menos de 30 anos disseram o mesmo.

Dos que têm menos de 30 anos, 75% integram algum tipo de site de relacionamento. Barack Obama tem um milhão de "amigos" nos sites, Hillary Clinton 330 mil e John McCain tem 140 mil. O que a molecada está fazendo? Dispensando os comentaristas e os jornalistas, como se eles fossem atravessadores da informação. Vão direto ver os discursos no You Tube ou debatem em blogs, no Facebook e no My Space.

O discurso do senador Barack Obama sobre questões raciais, que transcrevi neste site na íntegra ficou no topo da lista de textos que leitores da versão eletrônica do New York Times recomendaram por e-mail a amigos, acima de qualquer texto da cobertura do discurso escrito por um jornalista. Ou seja, como já afirmei aqui várias vezes, as pessoas querem beber direto na fonte. O papel do jornalista passa a ser o de facilitador, não mais de cafetão das notícias. Sabe quantas vezes o discurso do Barack Obama foi visto no You Tube? Olha aí. Sabe quantas vezes o vídeo Yes We Can, aproveitando trechos do discurso do candidato, foi visto no You Tube? Olha aí.

Agora vamos aos resultados práticos: quatro anos atrás, um milhão de eleitores democratas de menos de 30 anos participaram das prévias; este ano foram três milhões. Na Califórnia, no Texas e em Ohio, segundo o New York Times, a presença dos jovens saltou de 10 para 16% entre 2004 e 2008.

Consideremos Ohio por um instante. É um estado sem o qual dificilmente um candidato se elege presidente dos Estados Unidos, especialmente em disputas equilibradas. Em 2000 Bush venceu no estado com vantagem de 165.019 votos. Em 2004 venceu com vantagem de 118.601 votos. Considerando que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório, um candidato que aproveitar o entusiasmo dos jovens, multiplicado através da internet, pode muito bem garantir a vitória se tiver apoio maciço dos eleitores de menos de 30 anos de idade.



BROOKS: CHANCE DE HILLARY CAIU PARA 5%

Por Luiz Carlos Azenha

SÃO PAULO - É questão de opinião. Mas prefiro ficar com a de David Brooks, do New York Times, do que de qualquer comentarista brasileiro:

Hillary Clinton pode não ter percebido ainda, mas ela acaba de enfrentar uma das piores semanas de sua campanha. Primeiro, Barack Obama enfrentou a polêmica envolvendo o reverendo Jeremiah Wright sem danos sérios à perspectiva de ser o escolhido. Ele ainda tem uma pequena margem na pesquisa do Gallup entre democratas de todo o país, da mesma forma que tinha antes do caso estourar. Em segundo lugar, os advogados de Obama conseguiram evitar novas prévias na Flórida e em Michigan. Isso torna virtualmente impossível para Clinton assumir a liderança em delegados ou no total de votos nas prévias. Em terceiro lugar, Noam Scheiber do New Republic informa que os superdelegados aceitaram a decisão de Nancy Pelosi [líder do Partido Democrata no Congresso] de que aquele que tiver o maior número de delegados deve receber a indicação. Em vez de fazerem fila atrás de Clinton, os superdelegados estão se afastando dela. A liderança da senadora entre superdelegados caiu 60 votos no mês passado, de acordo com Avi Zenilman, do Politco.com. Em outras palavras, as perspectivas para Hillary Clinton continuam a se reduzir. A porta está fechando. A noite está chegando. O fim, no entanto, não está próximo. Na semana passada, um importante assessor da senadora disse a Jim VandeHei e Mike Allen (também do Politico) que Clinton não tem mais de 10% de chance de conseguir a indicação do partido. Agora esse número provavelmente caiu para 5%.

Eu, Azenha, há alguns dias destaquei a importância do apoio do governador do Novo México, Bill Richardson, provável vice se Barack Obama for o candidato do Partido Democrata. Richardson fala espanhol, tem experiência em política externa e governa um estado que não é importante economicamente, mas onde é grande o número de hispânicos. Ele puxaria votos também no Arizona, no Texas e na Califórnia.

O problema, como notou Brooks em seu artigo, é que Hillary Clinton e Barack Obama vão se pegar pelos próximos meses três meses. Desgaste mútuo. Vantagem para o republicano John McCain. Leiam o que escreveu o comentarista do New York Times neste 25 de março:

Cerca de um quinto dos eleitores de Clinton e Obama agora dizem que não votariam no outro candidato nas eleições gerais. Enquanto isso, do outro lado, os eleitores têm uma visão desobstruída do candidato republicano. A taxa de aprovação de McCain subiu 11 pontos. Ele agora é visto favoravelmente por 67% dos americanos. Um mês atrás, McCain perdia para Obama entre independentes por mais de 10% num confronto em eleições gerais. Agora McCain assumiu a liderança entre eleitores do grupo.

Talvez mais grave do que isso: em Ohio e na Flórida o republicano McCain disparou em pesquisas que o confrontam com Hillary ou Obama. Não há chance de um democrata ganhar a Casa Branca em novembro sem vencer em um dos dois estados. É cedo, mas é um bom sinal para os republicanos que McCain tenha a vantagem que tem com o país em guerra e a economia em recessão.

____________________________________________________________________

Conceição Oliveira para Azenha (25/03/2008 - 17:14)
Azenha eu não sei, é só achismo mesmo, pois sei que você conhece de perto a cultura do estadunidense médio e eu não a conheço pela vivência. Assim, minhas opiniões são de uma observadora distante que vez por outra lê algum artigo em alguns jornais ou sites de diferentes Estados dos EUA. Mas, pelo pouco que consigo acompanhar, fico me perguntando: não seria muito cedo para os republicanos cantarem vitória, mesmo com a subida de McCain nas pesquisas? Nunca acompanhei nenhuma eleição nos EUA com tanto interesse como essa. De início fui motivada como muitos pelo ineditismo dela ter na disputa um candidato negro com alguma chance, pois fora a África e o Haiti é praticamente inédito, nas histórias das repúblicas contemporâneas, a presença de candidatos negros à presidência. E, a meu ver, é ainda mais surpreendente que isso ocorra na sede do império com longuíssima história de segregação (embora as experiências do período abolicionista e do período da Reconstrução sejam muito interessantes em relação à participação negra na política institucional e pouco conhecidas pelos brasileiros). Aqui, o mais próximo que chegamos da negritude na presidência foi com Nilo Peçanha, que não se via como tal. Curioso e profundamente contraditório para uma sociedade escravista como a nossa é que durante o Império importantes homens do Estado foram negros, entre os quadros técnicos e ocupando postos chaves no governo, inclusive. Entretanto, não vejo em um futuro próximo de nossa república uma liderança negra capaz de mobilizar a nação como Obama está fazendo nos EUA, muito embora a população negra brasileira seja muito maior que nos EUA. Mas voltando aos EUA, daqui à distância e sem vivência alguma com os estadunidenses médios, eu acho que algo realmente novo está ocorrendo por lá. Dia desses topei com um site de ativistas comunistas estadunidenses que reproduziam um discurso que Chavez fez recentemente sobre política externa dos EUA. Chavez juntou a independência unilateral do Kosovo colocando-a no mesmo patamar da luta dos tibetanos contra o domínio de meio século do governo chinês. O presidente venezuelano em um discurso muito datado dos anos 70 reduzia ambos os episódios às manobras do dividir para reinar da política estadunidense e o site referido dizia exatamente o mesmo, chegando ao extremo de ignorar como se não fossem reais as mortes e prisões ocorridas no Tibet. Tanto para Chavez como para esses comunistas estadunidenses não há sujeitos e interesses internos em Kosovo e no Tibet e toda a história está reduzida à política externa e aos interesses dos EUA em prejudicar a Rússia e a China. No outro extremo, creio eu, estão os republicanos radicais que apóiam sem críticas as guerras expansionistas e por recursos dos EUA, morrem de medo do terrorismo etc. Mas não acho que eles sejam maioria. Assim como acredito que os extremados de esquerda são uma gota no oceano da cultura liberal dos EUA. Por outro lado, logo quando surgiu o bafafá do pastor negro e seu discurso contundente eu tinha quase certeza de como seria a postura de Obama, cheguei a comentar por aqui que achava o episódio 'muito barulho por nada' e apostava que Obama se sairia bem. Ele saiu muito melhor do que eu esperava. Esse sujeito é realmente um político profundamente diferenciado e qualificado. Tem uma verve que pouquíssimos estadistas tiveram no passado ou têm no presente. E acho que considerando os limites de um Estado que tem práticas imperialistas há quase um século como os EUA, Obama pode representar mudanças concretas não apenas nos EUA, mas no cenário mundial. Acho que os americanos, especialmente nesta eleição, estão muito mais envolvidos e isso representa algo novo em um país que tem grande abstenção nas urnas. Não sei, posso estar muito equivocada, mas se fosse McCain eu não estaria tão tranqüila, Obama em seu belíssimo discurso mostrou uma visão rara até mesmo em alguns historiadores: as sociedades mudam, elas não são estáticas, os EUA me parecem estão em franca metamorfose.

____________________________________________________________________

BARACK OBAMA E O RACISMO: O SONHO DE ALGUNS NÃO PRECISA SER CONQUISTADO À CUSTA DO SONHO DOS DIFERENTES

Por Luiz Carlos Azenha

O senador Barack Obama conquistou um importante apoio: o do governador Bill Richardson, do Novo México, provável candidato a vice-presidente se Obama for o escolhido do Partido Democrata. Richardson, além de amplo conhecimento em política externa, tem experiência administrativa e é hispânico. Ou seja, em eleições gerais pode atrair um bloco de eleitores essencial para vencer em estados como o Arizona, o Novo México, o Texas e a Califórnia.

Abaixo, reproduzo íntegra do discurso de Barack Obama sobre questões raciais nos Estados Unidos, que em minha opinião encerra idéias que se aplicam inclusive ao Brasil. Acho que vale a pena ler, imprimir, espalhar e reproduzir. A tradução, como sempre, é amadora.

Fala, Obama:

"Nós, o povo, com o objetivo de formar uma União mais perfeita.

Duzentos e vinte e um anos atrás, em um salão que ainda existe do outro lado da rua, um grupo de homens se reuniu e, com estas palavras simples, lançou a improvável experiência em democracia dos Estados Unidos. Agricultores e estudiosos; estadistas e patriotas que atravessaram um oceano para escapar da tirania e de perseguição religiosa finalmente leram sua verdadeira declaração de Independência numa convenção da Filadélfia que atravessou a primavera de 1787.

O documento que eles produziram eventualmente foi assinado, mas nunca concluído. Foi manchado pelo pecado original desta nação, a escravidão, uma questão que dividiu as colônias e levou a convenção a um impasse, até que os fundadores decidiram permitir que o comércio de escravos continuasse por mais vinte anos, deixando qualquer resolução final para as futuras gerações.

Naturalmente, a resposta para a questão da escravidão já estava contemplada em nossa Constituição - uma Constituição que tinha em seu núcleo a igualdade dos cidadãos diante da lei; uma Constituição que prometeu ao povo liberdade, justiça e uma união que poderia e deveria ser aperfeiçoada com a passagem do tempo.

E ainda assim palavras em um pergaminho não foram suficientes para livrar os escravos da servidão, ou garantir a homens e mulheres de todas as cores e credos seus direitos e obrigações como cidadãos dos Estados Unidos. Seriam necessárias gerações sucessivas de americanos dispostos a fazer sua parte - através de protestos e lutas, nas ruas e nos tribunais, em uma guerra civil e com desobediência civil e sempre correndo grande risco - para reduzir a distância entre a promessa de nossos ideais e a realidade de seu tempo.

Esse foi um dos objetivos estabelecidos no início desta campanha - continuar a longa marcha daqueles que vieram antes de nós, a marcha pelos Estados Unidos mais justos, mais iguais, mais livres, mais acolhedores e mais prósperos.

Eu decidi concorrer à presidência nesse momento da História porque acredito profundamente que não podemos enfrentar os desafios de nosso tempo a não ser que o façamos juntos - a não ser que aperfeiçoemos nossa União entendendo que podemos ter origens diferentes, mas temos também esperanças comuns; que não somos parecidos, nem viemos dos mesmos lugares, mas todos queremos ir na mesma direção - em busca de um futuro melhor para nossos filhos e netos.

Essa crença vem de minha fé indossolúvel na decência e na generosidade do povo americano. Mas também vem de minha própria história.

Sou filho de um homem negro do Quênia e de uma mulher branca do Kansas. Fui criado com a ajuda de um avô branco que sovreviveu à Depressão e lutou no exército de Patton durante a Segunda Guerra Mundial e de uma avó branca que trabalhou numa fábrica de bombardeiros em Fort Leavenworth enquanto o marido estava além-mar. Freqüentei algumas das melhores escolas dos Estados Unidos e vivi em uma das nações mais pobres do mundo. Sou casado com uma negra americana que carrega nela o sangue de escravos e donos de escravos - uma herança que passamos às nossas duas preciosas filhas. Eu tenho irmãos, irmãs, sobrinhas, sobrinhos, tios e primos de todas as raças e tons de pele, espalhados em três continentes e, enquanto viver, jamais vou esquecer que em nenhum outro lugar da Terra minha história seria possível.

É uma história que não me tornou o candidato mais convencional. Mas é uma história que introduziu em minha herança genética a idéia de que esta Nação é mais do que a soma de suas partes - de todas as que existem, somos verdadeiramente únicos.

Ao longo do primeiro ano desta campanha, contra todas as previsões, vimos a fome do povo americano pela mensagem de unidade. Apesar da tentação de ver minha candidatura puramente através de lentes raciais, conseguimos grandes vitórias em estados com algumas das populações mais brancas do país. Na Carolina do Sul, onde a bandeira da Confederação ainda tremula, construímos uma poderosa coalizão de afro-americanos e americanos brancos.

Isso não significa negar que a questão racial faz parte de nossa campanha. Em vários estágios, alguns comentaristas me chamaram ou de muito negro ou de não suficientemente negro. Vimos tensões raciais emergir durante a semana que antecedeu as prévias da Carolina do Sul. A mídia rastreou todas as pesquisas de boca-de-urna em busca de indícios de polarização racial, não apenas em termos de brancos e pretos, mas pretos e pardos também.

Ainda assim, apenas nas semanas mais recentes o debate racial tomou um caminho particularmente divisionista.

De um lado, ouvimos a sugestão de que minha candidatura de alguma forma é um exercício de política de ação afirmativa; que se baseia somente no desejo de liberais de comprar reconciliação racial pagando pouco. De outro lado ouvimos meu ex-pastor, o reverendo Jeremiah Wright, usar linguagem incendiária para expressar opiniões que têm o potencial não só de aumentar a divisão racial, mas de denegrir tanto a grandeza quanto a bondade de nossa Nação; e isso ofendeu tanto brancos quanto negros.

Já condenei, de forma inequívoca, as declarações do reverendo Wright que causaram tal controvérsia. Para alguns, algumas dúvidas persistem. Eu sabia que ele foi ocasionalmente um crítico feroz da política doméstica e exterior dos Estados Unidos? Naturalmente. Alguma vez ouvi declarações controversas dele enquanto estava na igreja? Sim. Discordei fortemente de muitas das opiniões políticas dele? Claramente - assim como muitos de vocês já ouviram declarações de seus pastores, padres ou rabinos das quais discordaram frontalmente.

Mas as declarações que causaram a recente tempestade não foram simplesmente controversas. Não foram apenas resultado da tentativa de um líder religioso de falar contra uma injustiça. Em vez disso, expressaram uma visão distorcida deste país - uma visão em que o racismo branco é endêmico, que eleva o que está errado com os Estados Unidos acima de tudo o que está certo; uma visão que vê os conflitos no Oriente Médio primariamente como resultado das ações de aliados como Israel, em vez de emanados da ideologia perversa e odiosa do islamismo radical.

Assim sendo, as declarações do reverendo Wright não foram apenas errôneas, mas divisivas, divisivas em um período em que precisamos de unidade; tingidas racialmente em um momento em que precisamos de união para confrontar uma série de problemas monumentais - duas guerras, a ameaça terrorista, uma economia decadente, uma crise de saúde pública e mudanças no clima potencialmente devastadoras; problemas que não são de negros, brancos, latinos ou asiáticos, mas problemas que desafiam a todos nós.

Dada minha origem, minha carreira política e meus valores e ideais, não há dúvida de que haverá aqueles para os quais minhas declarações e condenações não são suficientes. Por que me associei com o reverendo Wright? Por que não procurei outra igreja? Confesso que se tudo o que eu conhecesse do reverendo Wright fossem os trechos de sermões repetidos continuamente na televisão e no You Tube - ou se a Igreja Unida da Trindade fosse a caricatura vendida por alguns comentaristas - não há dúvida de que reagiria da mesma forma.

Mas a verdade é que isso não é tudo o que conheço do homem. O homem que encontrei há mais de vinte anos é o homem que me ajudou a adotar a fé cristã; o homem que falou de nossa obrigação de amar uns aos outros; de cuidar dos doentes e ajudar aos pobres. Ele é um homem que serviu a este país como fuzileiro naval; que estudou e deu palestras em algumas das mais importantes universidades e seminários e que por mais de trinta anos dirigiu uma igreja que serviu à comunidade fazendo na terra o trabalho de Deus - ao abrigar os sem-teto, alimentar os necessitados, dar creche e bolsas de estudo, pregar nas prisões e sair em busca daqueles que sofrem de AIDS.

Em meu primeiro livro, Sonhos de Meu Pai, descrevi a experiência de meu primeiro culto:

"Fiéis começaram a gritar, a se levantar dos assentos e a bater palmas, como se um vento carregasse as palavras do reverendo pela igreja... E naquela simples nota - esperança! - eu ouvi algo diferente; aos pés da cruz, dentro das milhares de igrejas de toda a cidade, eu pensei nas histórias comuns das pessoas negras se fundindo com as de Davi e Golias, de Moisés e do Faraó, dos cristãos nas jaulas dos leões, do campo de ossos secos de Ezequiel. Essas histórias - de sobrevivência e liberdade e esperança - se tornaram nossas histórias, minha história; o sangue que foi derramado foi nosso sangue, as lágrimas nossas lágrimas; assim que aquela igreja negra, naquele dia claro, parecia ser de novo uma nave carregando a história de nosso povo para futuras gerações e para um mundo mais amplo. Nossas atribulações e triunfos, ao mesmo tempo únicas e universais, negras e mais do que negras. Ao descrever nossa história, os episódios e a música nos permitiram resgatar memórias das quais não tínhamos vergonha... memórias que todos poderiam estudar e celebrar - e com as quais poderíamos começar a reconstrução."


Essa tem sido minha experiência na Trindade. Como em outras igrejas proeminentes de todo o país, a Trindade encampa toda a comunidade negra - o doutor e a mãe que depende de ajuda pública, o estudante modelo e o ex-bandido. Como outras igrejas negras, os cultos da Trindade são cheios de gargalhadas e algumas vezes de humor vulgar. São repletos de dança, de palmas, de gritos - que podem assustar ouvidos não acostumados. A igreja contém em si toda a bondade e a crueldade, a tremenda inteligência e a chocante ignorância, as lutas e sucessos, o amor e, sim, a amargura e o preconceito que fazem parte da experiência negra americana.

E talvez isso ajude a explicar meu relacionamento com o reverendo Wright. Ele pode ter sido imperfeito, mas é como um integrante da família. Ele reforçou minha fé, celebrou meu casamento e batizou minhas crianças. Nunca ouvi em minhas conversas com ele qualquer referência a grupos étnicos em termos depreciativos; nunca o vi tratar os brancos que não fosse com cortesia e respeito. Ele carrega as contradições - as boas e as ruins - da comunidade à qual serviu com dedicação por tantos anos.

Não posso deserdá-lo assim como não posso deserdar a comunidade negra. Não posso deserdá-lo assim como não posso fazer isso com minha avó branca - a mulher que ajudou a me criar, a mulher que se sacrificou continuamente por mim, a mulher que me ama mais do que a qualquer coisa nesse mundo, a mesma mulher que certa vez confessou ter medo de homens negros que passavam por ela nas ruas, e que em mais de uma ocasião repetiu estereótipos raciais ou étnicos que me espantaram.

Essas pessoas fazem parte de mim. E são parte dos Estados Unidos, um país que eu amo.

Há os que vão ver nisso uma tentativa de justificar ou desculpar comentários que são indesculpáveis. Posso garantir que não se trata disso. O mais seguro politicamente talvez fosse mudar de assunto e esperar que o episódio fosse esquecido. Podemos simplesmente considerar o reverendo Wright um caduco ou demagogo, da mesma forma que Geraldine Ferraro foi desprezada logo depois de suas declarações recentes, como se abrigasse um profundo preconceito racial. Mas acredito que a questão racial não pode ser simplesmente ignorada. Cometeríamos o mesmo erro que o reverendo Wright cometeu em seus sermões ofensivos sobre os Estados Unidos - simplificar, estereotipar e amplificar os pontos negativos que distorcem a realidade.

O fato é que os comentários que foram feitos e as questões que surgiram nas últimas semanas refletem as complexidades da questão racial neste país, sobre as quais nunca realmente nos debruçamos - parte de nossa União que ainda precisamos aperfeiçoar. Se nos afastarmos agora, se simplesmente recuarmos cada qual para seu canto, nunca conseguiremos nos unir e enfrentar os desafios na saúde, na educação, a necessidade de conseguir bons empregos para todos os americanos.

Entender essa realidade requer relembrar como chegamos até aqui. Como William Faulkner uma vez escreveu, "o passado não está morto e enterrado. Na verdade, ele nem mesmo passou." Não precisamos repetir aqui a história da injustiça racial nesse país. Mas precisamos relembrar que muitas das disparidades que existem hoje na comunidade afro-americana podem ser ligadas diretamente a gerações passadas que sofreram o legado brutal da escravidão e de Jim Crow.

Escolas segregadas eram e são escolas inferiores; ainda não foram consertadas, cinquenta anos depois do caso Brown v. Board of Education - e a educação de baixa qualidade que ofereceram e oferecem ajuda a explicar a diferença entre as conquistas de estudantes brancos e negros.

Discriminação legalizada - quando negros foram impedidos, muitas vezes através de violência, de ter posse de propriedade, de receber empréstimos, de ter acesso às hipotecas da agência de habitação, ou foram excluídos de sindicatos, da força policial, do corpo de bombeiros - significa que famílias negras não puderam acumular qualquer riqueza para passar a futuras gerações. Essa história ajuda a explicar a diferença de renda entre negros e brancos e os bolsões de pobreza que persistem hoje em comunidades rurais e urbanas.

A falta de oportunidade econômica para homens negros, a vergonha e a frustração de não poder sustentar os próprios filhos contribuíram para a erosão das famílias negras - um problema que as políticas oficiais de ajuda podem ter contribuído para aprofundar. E a falta de serviços básicos para tantos bairros negros urbanos - parques para crianças, policiamento, coleta regular de lixo - ajudou a criar um ciclo de violência e uma negligência que continua a nos assombrar.

Essa é a realidade na qual o reverendo Wright e outros afro-americanos desta geração cresceram. Eles se tornaram adultos no final dos anos 50 e nos anos 60, uma época em que ainda havia segregação oficial e as oportunidades eram sistematicamente negadas. O que impressiona não é quantos fracassaram diante da discriminação, mas quantos homens e mulheres venceram; o que impressiona é quantos conseguiram abrir um caminho num beco sem saída para pessoas que viriam depois, como eu.

Mas para todos aqueles que se esfolaram com o objetivo de conseguir uma fatia do sonho americano, houve muitos que não conseguiram - aqueles que foram derrotados, de uma maneira ou de outra, pela discriminação. Esse legado de derrota foi passado adiante para futuras gerações - aqueles meninos e crescentemente meninas que vemos nas esquinas ou nas prisões, sem esperança ou perspectiva de futuro.

Mesmo para os negros que avançaram, as questões relativas ao racismo continuam a definir o modo de ver o mundo de forma fundamental. Para os homens e mulheres da geração do reverendo Wright, as memórias de humilhação e dúvida e medo não sumiram; nem a raiva e a amargura daqueles anos. Essa raiva pode não ser expressa publicamente, diante de colegas de trabalho brancos ou amigos brancos. Mas encontra seu caminho nas cadeiras do barbeiro ou na mesa da cozinha. Em certas ocasiões, esse ressentimento é explorado por políticos, para ganhar votos em discursos com tons raciais ou para encobrir os próprios defeitos dos candidatos.

Ocasionalmente, esse ressentimento encontra caminho na igreja, no púlpito e na platéia. O fato de que tanta gente fica surpresa de ouvir a raiva expressa em alguns dos sermões do reverendo Wright nos relembra do antigo truísmo, segundo o qual a hora mais segregada da vida americana ocorre aos domingos de manhã.

Esse ressentimento nem sempre é produtivo; na verdade, muitas vezes nos distrai da resolução de problemas reais; evita que encaremos nossa cumplicidade com essa situação e que a comunidade afro-americana faça as alianças necessárias para provocar mudanças reais. Mas a raiva é verdadeira; é poderosa; e simplesmente desejar que ela suma ou condená-la sem entender as raízes apenas serve para aumentar o desentendimento que existe entre as raças.

Na verdade, uma raiva similar existe em segmentos da comunidade branca. A maior parte dos trabalhadores e da classe média branca não acredita que foi privilegiada pela cor da pele. A experiência deles é a dos imigrantes - não receberam nada de graça, construíram tudo do nada. Trabalharam duro por toda a vida, muitas vezes apenas para assistir seus empregos sendo mandados para o exterior, suas aposentadorias sumirem depois de uma vida de trabalho.

Eles estão ansiosos quanto ao futuro e sentem que o sonho não está se tornando realidade; numa era de salários estagnados e de competição global, as oportunidades são como um jogo de soma zero, nas quais o sonho de um é realizado às custas do outro. Assim, quando precisam mandar seus filhos de ônibus para uma escola [racialmente integrada] do outro lado da cidade; quando ouvem que um afro-americano tem vantagem para conseguir um emprego ou uma vaga na faculdade por causa de uma injustiça que eles nunca cometeram; quando alguém diz a eles que o medo do crime em vizinhanças urbanas é expressão de discriminação, o ressentimento aparece; e cresce com o tempo.

Assim como na comunidade negra, esse ressentimento nem sempre se expressa de forma educada. Mas ajudou a construir o cenário político por pelo menos uma geração. O desprezo pelos programas sociais e pelas cotas raciais ajudou a forjar a coalizão de [Ronald] Reagan. Os políticos rotineiramente exploraram o medo do crime para seus próprios objetivos. Apresentadores de talk-shows e comentaristas conservadores fizeram carreiras desmascarando falsas acusações de racismo, ao mesmo tempo em que desprezavam discussões legítimas sobre injustiça e desigualdade racial como mera expressão do politicamente correto ou de racismo reverso.

Assim como a raiva dos negros se mostrou contraproducente, o ressentimento dos brancos nos desviou de identificar os verdadeiros culpados pelo aperto da classe média - uma cultura corporativa contaminada pelo uso de informações privilegiadas, pela contabilidade qüestionável e pela ambição desmedida; Washington dominada por lobistas e grupos de defesa de interesses especiais; uma política econômica que favorece poucos em detrimento da maioria. Ainda assim, desejar que o ressentimento dos brancos simplesmente desapareça, rotulá-lo de equivocado ou mesmo racista, sem reconhecer que há uma preocupação legítima - isso também aumenta o fosso racial e bloqueia o caminho do entendimento.

É onde estamos hoje. É o impasse racial em que nos encontramos. Ao contrário do que dizem meus críticos, brancos e negros, nunca fui ingênuo de acreditar que podemos acabar com nossas divisões em uma eleição, com uma única candidatura - particularmente uma candidatura tão imperfeita quanto a minha.

Mas reafirmei minha convicção - uma convicção que tem raízes em minha fé em Deus e no povo americano - de que, trabalhando juntos, podemos ir além de nossas feridas raciais; e de que não temos outra escolha a não ser continuar na busca por uma União mais perfeita.

Para a comunidade afro-americana, esse caminho significa abraçar o peso de nosso passado sem se tornar vítima dele. Significa continuar a insistir em Justiça em todos os aspectos da vida americana. Mas também significa amarrar nossos objetivos particulares - por melhor saúde, melhores escolas e melhores empregos - à aspiração de todos os americanos - da mulher que quer romper o teto da ascensão social, do homem branco que foi demitido, do imigrante que tenta alimentar sua família. E também significa assumir responsabilidade por nossas vidas - exigindo mais dos pais, passando mais tempo com nossas crianças, lendo para elas, ensinando-as que assim como elas podem vir a enfrentar desafios e discriminação em suas próprias vidas, nunca devem sucumbir ao desespero e ao cinismo; e ensinar que podem escrever seu próprio destino.

Ironicamente, essa noção essencialmente americana - e, sim, conservadora - de auto-ajuda, freqüentemente se expressa nos sermões do reverendo Wright. Mas o que o meu ex-pastor não entendeu é que embarcar em um programa de auto-ajuda requer a crença de que uma sociedade pode mudar.

O erro profundo nos sermões do reverendo Wright não é que ele falou sobre racismo em nossa sociedade. É que ele falou de nossa sociedade como se fosse estática; como se não tivesse havido progresso; como se esse país - um país que tornou possível a um integrante da congregação do reverendo concorrer ao cargo mais importante da nação e a construir uma coalizão de brancos e negros, latinos e asiáticos, ricos e pobres, jovens e idosos - estivesse irrevogavelmente ligado a seu passado trágico. Mas o que sabemos - e o que vimos - é que os Estados Unidos podem mudar. Essa é a genialidade dessa nação. O que já avançamos nos dá esperança - a audácia da esperança - de que podemos e devemos obter novas conquistas amanhã.

Na comunidade branca, o caminho para uma União mais perfeita requer reconhecer que o que prejudica a comunidade afro-americana não existe apenas no pensamento dos negros; que o legado da discriminação - e os atuais incidentes de discriminação, ainda que menos descarados que no passado - são reais e precisam ser enfrentados. Não apenas com palavras, mas com ações - investindo em nossas escolas e comunidades; dando a novas gerações acesso às oportunidades que faltaram para gerações anteriores.

Isso requer que todos os americanos não acreditem que a realização de seus sonhos resulta da negação do sonho alheio; que investir em saúde, programas sociais e educação de crianças pretas, pardas e brancas fará com que todos os Estados Unidos prosperem.

No fim, o que é preciso é nada mais, nada menos, do que todas as grandes religiões do mundo exigem - que façamos pelos outros o que gostaríamos que fizessem por nós. Vamos cuidar de nossos irmãos, a Escritura nos diz. Vamos cuidar de nossas irmãs. Vamos descobrir o que há de comum entre nós e fazer com que nossa política reflita isso.

Temos uma escolha nesse país. Podemos aceitar a política da qual brotam divisões, conflitos e cinismo. Podemos encarar a questão racial apenas como espetáculo - como no julgamento de OJ Simpson; ou depois de tragédias, como o Katrina; ou como produto para alimentar os telejornais noturnos. Podemos repetir os sermões do reverendo Wright em todos os canais, todos os dias, e falar deles até as eleições. Podemos tornar a única questão da campanha se o povo americano acredita que eu simpatizo ou não com as palavras mais ofensivas que ele disse. Podemos bater na gafe de algum apoiador da Hillary [Clinton] como prova de que ela está explorando a questão racial ou podemos especular se os homens brancos vão todos votar em John McCain nas eleições gerais, independentemente das propostas dele.

Podemos fazer isso.

Mas, se fizermos, digo a vocês que na próxima eleição o tema será alguma outra distração. E outra. E mais outra. E nada vai mudar.

Essa é a opção. Ou, nessa hora, nessa eleição, podemos nos unir e dizer "não dessa vez."

Dessa vez queremos falar sobre as escolas que estão roubando o futuro de crianças negras e crianças brancas e crianças latinas e crianças asiáticas e crianças nativas. Dessa vez queremos rejeitar o cinismo que diz que nossos filhos não podem aprender; que crianças que não se parecem conosco não são problema nosso. As crianças dos Estados Unidos não são aquelas crianças, elas são nossas - e não vamos deixá-las ficar para trás na economia do século 21. Dessa vez não.

Dessa vez queremos falar sobre as filas no pronto socorro cheias de brancos e negros e hispânicos que não têm seguro de saúde; que não têm poder para enfrentar os lobistas em Washington, mas que podem enfrentá-los, sim, se fizermos isso juntos.

Dessa vez podemos falar das fábricas fechadas que no passado deram uma vida decente a homens e mulheres de todas as raças, e das casas à venda que um dia pertenceram a americanos de todas as religiões, de todas as regiões, de todas as profissões. Dessa vez queremos falar sobre o fato de que o problema verdadeiro não é que alguém que não se parece comigo conseguiu um emprego; é que as corporações para as quais você trabalha despacham os empregos para o exterior pensando só em lucro.

Dessa vez queremos falar sobre os homens e as mulheres de todas as cores e credos que servem juntos, que lutam juntos, que sangram juntos sob a mesma bandeira orgulhosa. Queremos falar sobre como trazê-los de volta para casa de uma guerra que nunca deveria ter sido autorizada, que nunca deveria ter sido lutada; queremos falar sobre como demonstrar patriotismo cuidando deles e de suas famílias, dando a eles os benefícios que conquistaram.

Eu não estaria concorrendo a presidente se eu não acreditasse em meu coração que é isso o que quer a vasta maioria dos americanos. Essa União pode nunca se tornar perfeita, mas geração após geração demonstrou que ela pode ser aperfeiçoada. E hoje, quando quer que eu sinta dúvida ou cinismo em relação a essa possibilidade, o que me dá esperança é a próxima geração - os jovens cujas atitudes e crenças e aceitação de mudança já fizeram história nessa campanha.

Há um caso em particular que eu gostaria de contar a vocês hoje - uma história que eu contei quando tive a honra de falar em homenagem ao aniversário do Dr. [Martin Luther] King na igreja dele, a Ebenezer Batista, em Atlanta.

Há uma jovem branca de 23 anos de idade chamada Ashley Baia, que ajudou a organizar nossa campanha em Florence, na Carolina do Sul. Ela trabalhou especialmente em uma comunidade afro-americana desde o início da campanha e, um dia, numa discussão, todos os voluntários contaram suas histórias e explicaram por que estavam lá.

Ashley disse que quando tinha nove anos de idade a mãe soube que tinha câncer. Por causa disso perdeu alguns dias de trabalho, foi demitida e ficou sem o seguro de saúde. A família precisou declarar falência e foi então que Ashley decidiu que tinha de fazer algo pela mãe.

Ela sabia que a comida era um dos maiores gastos da família e convenceu a mãe de que gostava muito e só queria comer sanduíches de mostarda e picles. Era a forma mais barata de se alimentar.

Fez isso durante um ano, até que a mãe melhorou; Ashley contou aos que participavam da conversa que a razão pela qual ela havia se juntado à campanha era para ajudar milhões de outras crianças do país que queriam e precisavam auxiliar os pais.

Ashley poderia ter feito outra escolha. Quem sabe alguém disse a ela que a fonte dos problemas da mãe eram os negros que dependiam de ajuda do governo e eram muito preguiçosos para trabalhar, ou hispânicos que estavam no país ilegalmente. Mas não foi essa a escolha dela. Ashley buscou aliados em sua luta contra a injustiça.

Assim que acabou de contar sua história, Ashley perguntou a outros presentes o motivo que os havia levado a entrar na campanha. Cada um tinha suas histórias e razões. Alguns citaram questões específicas. E finalmente chegaram a este senhor negro que tinha permanecido calado o tempo todo.

Ashley perguntou por que ele estava lá. E ele não mencionou nada específico. Não falou em saúde ou economia. Não falou em educação ou na guerra. Não falou que estava lá por causa de Barack Obama. Ele simplesmente disse: "Estou aqui por causa da Ashley." "Estou aqui por causa da Ashley." Em si mesmo, esse momento de reconhecimento entre uma jovem branca e um velho negro não é suficiente. Não é suficiente para dar saúde aos doentes, empregos aos desempregados ou educação a nossas crianças.

Mas é um começo. É assim que nossa União se torna mais forte. E assim como muitas gerações se deram conta, nos 221 anos que nos separam daquele grupo de patriotas que assinaram um documento na Filadélfia, é assim que a perfeição começa."

fonte: Vi o Mundo


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: