Em todos esses séculos de dominação patriarcal, a humanidade tem descido cada vez mais aos infernos. Sob a égide do falo maligno, os seres humanos mastigam uns aos outros por necessidades mesquinhas de poder. Nossa sociedade está repleta de paus perversos, sejam eles paus-de-fogo (armas) ou paus-de-arara (tortura). O pau pra bater, pra espancar, submeter, dominar. O que é um míssil senão uma grande pica assassina? A guerra é o ápice do macho.
No sistema em que vivemos (ou sobrevivemos) o pênis não significa um instrumento de prazer tanto para homens quanto para mulheres. Dele não sái mais o sêmen, e sim balas e chamas. O resultado dessa transformação está aí pra quem quiser ver. Um mundo cada vez mais controlado pela disputa machista de quem tem mais poder, de quem é mais forte. De quem tem o pau maior.
Aceitemos o fato de que a sociedade peniana faliu, broxou. Precisamos agora que nossas vidas sejam regidas pela vagina (que na sua maciez e calor, consegue amolecer paus malvados) e pelo útero (câmara vital de onde saem nossos pais, filhos, irmãos, amigos, amantes...). O pau só conseguirá voltar ao seu princípio fundamental, o de prover prazer e também vida, quando abdicar de seu papel controlador. Já que o cetro machista só fez nos agredir até agora, que a vagina possa nos engolir com seu manto sagrado.
Quero uma mulher mais ativa.
Quero um homem mais sensível.
Enfim, quero um mundo mais feminino.
Latuff é o cartunista da revolução.
Texto publicado origirnalmente em 11.08.2004. O real é atual.
Fonte: NovaE
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