Enjoou da crise hipotecária americana? Temos novidades. A mais recente ameaça agora é a bolha de commodities. Pra começar, commodities são identificadas como produtos que vêm da terra: petróleo, produção agrícola e metais. Têm esse nome complicado por serem negociadas em bolsas de futuros e possuírem referência de preços no mercado internacional. Na origem, serviram para proteger os agricultores, os produtores e os consumidores das oscilações imprevistas de preços. O mercado pode ser poderoso, mas não manda na natureza.
Só que, e sempre há um porém, as commodities tornaram-se refúgio dos investidores que não queriam apostar meia pinga em títulos de governos, bancos e empresas, por causa da podridão da crise do subprime. Os preços foram bombando, sempre com a justificativa de que há 2,5 bilhões de cidadãos chineses e indianos ávidos por comer, ter energia elétrica e combustível em seus atuais e futuros carros. Até que as cotações chegaram a um nível insustentável.
A coisa fugiu ao controle. Os preços tornaram-se irrealistas e as vendas em massa aconteceram. Se a China não crescer 11% em 2008, crescerá 9% ou 10%. Muda tanto assim? Nada. Mas com essa justificativa boba, e com intenções nada pueris, os investidores desovaram suas posições futuras em commodities na semana passada. Ou para cobrir prejuízos no mercado hipotecário, ou por puro medo mesmo.
O Brasil é produtor de commodities por excelência. Mas não será esse chilique do mercado que abaterá nossa economia. Há outros chiliques em Brasília muito mais danosos. Não embarque em explicações simplistas dos pregões, que mudam de A a Z de um dia para outro, sem a menor cerimônia. Existe o perigo da desmontagem violenta das operações futuras com commodities, isso lá é verdade. Outra vez, fico cada dia mais chata e repetitiva: faltaram regulação e supervisão nessas operações.
Dica econômico-cultural
Com Deus e o Diabo soltos na terra dos mercados, ocorreu-me o panteão africano, magnificamente descrito por Pierre Verger, no livro Orixás, da editora Corrupio. Cada deus iorubá representa as virtudes e as fraquezas humanas. Oxumaré se assemelha a um certo tipo de investidor. É o “arquétipo das pessoas que desejam ser ricas... e não medem sacrifícios para atingir seus objetivos”. A obra, belissimamente ilustrada, mostra que, se alguém inventou a roda, não foi Wall Street.
Na batida da semana
Senta que lá vem chumbo. A semana é carregada de indicadores que os mercados olham. Reagem a cada um como se fosse o fim do mundo. A começar pelos americanos, na segunda-feira 24, são divulgados os indicadores de vendas de novas residências em fevereiro. Vão recuar. Na terça, sai um índice de confiança do consumidor importante.
Na quarta, vamos conhecer as encomendas à indústria de bens duráveis de fevereiro (dizem que crescem um pouquinho), as vendas de casas novas (caem) e a quantidade de petróleo que os EUA têm em estoque. Isso, ninguém aposta previsão. Na sexta, são divulgados dados sobre a renda e o consumo dos americanos.
Aqui, o mais importante são os dados do setor externo de fevereiro, que prometem navegar no terreno negativo, a sair na segunda-feira. Na quinta, tem a reunião do Conselho Monetário Nacional. Olha o bolso! Especula-se que o CMN possa restringir o prazo dos financiamentos, principalmente para a compra de automóveis. Bom prestar atenção. E há ainda a pesquisa mensal do emprego, divulgada pelo IBGE. Por enquanto, você verá um país descolado da crise externa. Uma hora a conta será paga, mas não agora.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
Márcia Pinheiro 

























































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