terça-feira, 18 de março de 2008

IG FEZ COM PAULO HENRIQUE O QUE NEM A GLOBO FEZ COM LUIZ CARLOS AZENHA

POR LUIZ CARLOS AZENHA

SÃO PAULO - Estou tão ansioso quanto vocês para saber o que tem a dizer Paulo Henrique Amorim. Conversei com ele duas vezes, rapidamente, por telefone. Não tenho intimidade com o colega. Fomos competidores em Nova York, quando ele era repórter da TV Globo e, eu, da TV Manchete. Que eu me lembre, nós nos encontramos durante coberturas, como a visita do então presidente Fernando Collor aos Estados Unidos. Paulo Henrique obteve uma informação exclusiva: a de que o Brasil encerraria seu programa nuclear, fechando um poço que, se especulava, poderia vir a ser usado para testar a bomba atômica brasileira.

Não tenho ressentimento por conta disso. Ele foi simplesmente mais competente do que eu e do que os colegas. Eu também já dei os meus furos na concorrência.

Não concordo com tudo o que diz Paulo Henrique Amorim em seu site. Assim como não concordo com todas as opiniões de Mino Carta - especialmente no futebol. Acho o futebol italiano de segunda categoria, por exemplo. Só é o que é por causa especialmente dos jogadores brasileiros. Em minha opinião, o melhor jogo da História do futebol foi a vitória de 4 a 1 do Brasil sobre a Itália, na Copa de 70.

Também não concordo com tudo o que diz Luís Nassif, que conheço superficialmente.

É óbvio que não concordo com Reinaldo Azevedo, que inclusive mentiu a meu respeito em seu blog, ao dizer que eu o teria procurado com o objetivo de publicar uma matéria no falecido Primeira Leitura. Porém, se a Veja decidir tirar o blog de Azevedo do ar, por qualquer motivo, coloco este espaço à disposição dele para que ele possa expressar as suas opiniões.

Não concordo nem mesmo com amigos que considero próximos, como os jornalistas Gilberto Maringoni e José Arbex. Maringoni é de Bauru. Crescemos juntos. Estudamos juntos. Ele tem as opiniões dele, que respeito; eu tenho as minhas. Arbex se tornou meu amigo quando foi correspondente da Folha de S. Paulo, primeiro em Nova York e depois em Moscou.

Todo esse preâmbulo é para dizer algo simples: existem princípios dos quais eu jamais me afastarei. Não sou de ficar sobre o muro, em qualquer circunstância. Estou muito velho para isso.

O que o IG fez com Paulo Henrique Amorim e com os milhares de internautas que freqüentavam diariamente o "Conversa Afiada" foi, para dizer o mínimo, um grosseiro desrespeito.

Se o IG, como diz o Portal da Imprensa, achava que PHA não valia o dinheiro que lhe era pago em retorno de audiência, deveria ter dito isso abertamente. Em respeito aos leitores, deveria ter comunicado oficialmente que o site de Paulo Henrique Amorim seria tirado do ar. É assim que se age em países civilizados.

Uso como exemplo o meu próprio caso. O diretor da Central Globo de Jornalismo, Carlos Schröder, quando falamos sobre minha saída a pedido da emissora afirmou, por telefone, que se houvesse uma decisão no sentido de retirar o meu site da Globo.com o modo de fazer isso obedeceria ao que aconteceu com o hoje ministro Franklin Martins. O blog de Franklin foi transferido da Globo para a Bandeirantes. Os leitores do blog que procuravam o antigo endereço de Franklin na Globo eram eletronicamente encaminhados para o novo site.

Esse jeito, de sacar do ar repentinamente um site, sem comunicar aos leitores, eu não conheço. Nunca vi antes. Nem no Brasil, nem nos Estados Unidos.

Celebrar que uma voz dissonante tenha sido calada, ainda que por algumas horas, é doentio.

fonte: Vi o Mundo


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