O conservadorismo dos homens que comandam a política monetária do Brasil é mesmo impressionante. A ata da última reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), colegiado do Banco Central responsável entre outras coisas por estabelecer a taxa de juros básica do país (Selic), foi divulgada na manhã desta quinta-feira com uma advertência surreal: se a inflação fugir da meta, a taxa de juros no Brasil poderá ser elevada. A hipótese da inflação fugir do controle é hoje remota, mas o simples fato do Copom cogitar um aumento na taxa de juros impressiona, porque o centro do debate macroeconômico atualmente gira muito mais em torno de medidas para evitar que o "derretimento" do dólar frente o real não prejudique as exportações brasileiras e a balança comercial. Ora, a melhor medida para evitar a valorização excessiva do real neste momento é justamente abaixar a taxa de juros, e não aumentá-la, uma vez que a tendência é uma nova redução nos juros norte-americanos na próxima semana, elevando assim, automaticamente, o diferencial que tanto atrai os investidores estrangeiros para o Brasil (a conta é simplíssima: hoje a Selic está em 11,25% e a taxa americana, em 3%, logo a diferença é de 8,25 pontos percentuais; como o Fed deve reduzir em mais meio ponto os juros nos EUA, esta diferença vai passar a 8,75 pontos, atraindo mais dólares interessados na maior rentabilidade para o Brasil).
O Copom deve, sim, perseguir a meta de inflação e não deve se descuidar deste aspecto, mas não é possível que seus integrantes não levem em consideração o fato de o mundo estar passando por uma crise sem precedentes e que inclusive pode abrir uma bela janela de oportunidades para o Brasil, se o país souber aproveitá-la. O dólar está tão barato hoje que acaba exercendo uma pressão deflacionária (via importação mais barata, por exemplo), de modo que o BC poderia perfeitamente afrouxar a política monetária, tolerar uma eventual inflação acima da meta por alguns meses e baixar a Selic, estimulando assim o consumo interno e a produção. Por tabela, juros menores também diminuiram a atratividade para os investidores estrangeiros, ajudando a manter o dólar um pouco menos derretido.
Resta saber, ao fim e ao cabo, por quanto tempo o presidente Lula vai tolerar tamanho conservadorismo dos responsáveis pela política monetária de seu governo. É sabido que Lula não admite a volta da inflação, mas se o preço para isto for, mais uma vez, frear o consumo interno, trata-se de um verdadeiro tiro no pé de um governo que parece fadado ao sucesso na área econômica.
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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