por Luiz Carlos Azenha
WASHINGTON - O senador Agripino Maia faz cara de conteúdo no Congresso brasileiro. Quando eu quero me divertir sem pensar, não revejo mais as comédias de Woody Allen. Prefiro os pastelões brasileiros. Um dia entro na Globo.com para ver o histrionismo de Alexandre Garcia e o show patrocinado pela trupe de Ali Kamel. No dia seguinte me divirto com os clipes da TV Senado ou da TV Câmara. É diversão garantida, se você tiver senso de humor.
Hoje dei de cara com um momento divertidíssimo. O senador Agripino Maia deve ter ensaiado a pergunta nas horas que antecederam o depoimento da ministra Dilma Rousseff. Deve ter pensado consigo mesmo: hoje eu pego a danada. E, pelo que vi, saboreou cada uma das palavras: "Que lembranças a senhora guarda dos tempos de cadeia?", disse o senador, reproduzindo uma entrevista dada pela ministra.
"Vossa Excelência responde: 'A prisão é uma coisa em que a gente se encontra com os limites da gente. É isso que às vezes é muito duro. Nos depoimentos a gente mente feito doido'", continuou o senador, com ênfase no "mente feito doido".
Gravata vermelha e cabelo pintado, o senador tratou de preparar a bola para o próprio arremate:
"O que é que me preocupa, ministra? O dossiê, na minha opinião - e de muitos brasileiros - é a volta do regime de exceção".
Trata-se de uma declaração completamente disparatada, para não dizer paranóica.
Mas vamos dar um desconto, já que estamos falando da marmelada política servida diariamente aos brasileiros.
O que me preocupa, por todos nós que pagamos o salário do senador Agripino Maia, é com a lógica - ou falta de - do raciocínio dele. O que é que a prisão de Dilma Rousseff, durante a ditadura militar, tem a ver com o suposto dossiê, ainda que ele exista e comprometa o governo?
Qual é a lógica dessa linha de investigação, se de fato o Congresso está investigando?
Ou será que o senador Agripino Maia preparou a pergunta para aparecer no Jornal Nacional?
Infelizmente, não pude testemunhar o desdobramento da pantomima.
Ainda assim continuo achando que os integrantes do governo Lula deveriam se ajoelhar diariamente e agradecer a Deus pela "qualidade" da oposição.
Fonte: Vi o Mundo
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