quinta-feira, 8 de maio de 2008

Diante da tortura quem tem coragem e dignidade mente

por Renato Rovai

A ministra Dilma Roussef deu uma resposta ao senador Agripino Maia que lhe colocou no devido lugar. Quando ouvi a pergunta do senador no rádio do carro quase estacionei para tomar um copo de água e seguir viagem. Ele fez um discurso meia-boca dizendo que tinha muito orgulho de ter rompido com o PDS e ter ido para o PFL para apoiar Tancredo Neves etc. e tal. Depois leu uma frase de Dilma, onde ela dizia ter mentido na época da ditadura, como que insinuando que ela estaria mentindo de novo. Que seria uma mentirosa contumaz.


Antes de entrar na história da mentira é preciso esclarecer que esse discurso de eu rompi com o PDS é de uma cara-de-pau imensa. Essa gente se fartou nos anos do regime militar e sustentou as arbitrariedade e violências daqueles tempos, mas quando viu que o barco iria afundar, pulou dele. Todo projeto tem seus traidores. E o regime militar teve os seus. Não dá para dizer que a traição deles não foi importante para a ditadura cair, mas também não se deve deixar de chamar o que fizeram pelo nome. Não foi arrependimento, foi traição.

Mas ainda bem que Dilma é mais educada do que esse blogueiro e respondeu apenas com emoção, não com ódio.

Ela disse que se orgulha de ter mentido na ditadura, porque falar a verdade significava levar a morte e à tortura companheiros de luta. E que só mistura as verdades e mentiras da ditadura com as da democracia quem não tem apreço pelo regime democrático.

Parabéns, Dilma. Numa só tacada a ministra honrou sua luta e a de seus companheiros que enfrentaram o regime militar, como colocou no devido lugar os que hoje se intitulam “democratas”.

O vídeo com a resposta de Dilma pode ser acessado aqui no Terra.

Fonte: Revista Fórum - Blog do Renato Rovai


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