sábado, 10 de maio de 2008

O profeta Joaquim Nabuco

por Maurício Dias

Na passagem do 13 de maio, que marca o 120º ano da Abolição, a discussão do mérito da Lei de Cotas para os negros perde em compreensão, sem a mais aguda observação sobre o fim da escravidão feita por um contemporâneo desses fatos.

O problema não acabou no dia 13 de maio de 1888. Foi o alerta dado por Joaquim Nabuco. Para esse monarquista, célebre militante das jornadas contra a escravidão, a Abolição devia ser o começo de uma reforma mais profunda. Era preciso “destruir a obra da escravidão”: o latifúndio e o analfabetismo estratificados em 300 anos de cativeiro. E, de imediato, nada foi feito nesse sentido. O ensino demorou a ser universalizado; os homens ainda lutam e morrem pela terra.

O que houve de mudança ocorreu de forma lenta, preguiçosa, e não chegou ao fim. Não se aprofundou. Frustrou expectativas e gerou um brutal desequilíbrio social no País. Nesta sociedade injusta, há milhões de excluídos. Entre eles um elevado porcentual de negros. É uma sociedade de democracia rasa. Por tudo isso, as ações afirmativas devem ser discutidas. E, corrigidos os desvios existentes, devem ser adotadas. A competição pela riqueza do País ainda se dá de forma desigual, como herança póstuma da falecida sociedade escravocrata. E se nada for acelerado penetrará por mais uns 300 anos na História do Brasil.

Fonte: Carta Capital
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