A candidatura dele à Casa Branca é dada como certa. Porém, no momento em que 66% dos americanos desaprovam o governo Bush, a vantagem do senador Barack Obama sobre o candidato do partido do presidente, John McCain, em pesquisa divulgada hoje, é de 51% a 44% - a margem de erro é de + ou - 3%.
As eleições gerais só acontecem em 4 de novembro. Os republicanos têm tradição de jogar pesado. Exploram ansiedades e divisões do eleitorado e tentam travar o debate no campo que lhes favorece: patriotismo e segurança nacional.
O Partido Democrata é favorito, mas Obama é vulnerável. Abaixo, uma lista de pontos em que a máquina republicana certamente vai trabalhar:
Intolerância racial - Nenhuma campanha se arriscaria a tocar no assunto, nem indiretamente. A tradição americana, neste caso, é de trabalhar a identidade do candidato com os eleitores.
Hillary Clinton conseguiu grudar em Obama o rótulo de "elitista", já que hoje ele é da classe média alta de Chicago. É uma forma de oferecer ao eleitor uma justificativa para que ele desgoste do candidato, quando muitas vezes o verdadeiro motivo é a cor da pele.
Obama conquistou o voto de eleitores brancos como nenhum candidato até hoje, mas a resistência a ele persiste, especialmente entre eleitores brancos de classe média baixa e educação secundária.
Barack Hussein Obama - "Obama Osama" é uma frase que se lê na internet e se ouve, ainda que raramente, nas ruas. O candidato é filho do economista queniano Barack Hussein Obama Sr., já falecido. O pai nasceu em uma família muçulmana mas se distanciou da religião.
Obama é cristão, membro da Trinity Church, uma denominação protestante. Mas, de acordo com a pesquisa eleitoral mais recente publicada pelo New York Times, 7% dos eleitores ainda acreditam que ele é muçulmano.
Reverendo Jeremiah Wright - O pastor da Trinity Church casou Obama e batizou as duas filhas do senador. Em um sermão repetido à exaustão nas emissoras de TV americanas, Wright justificou os atentados de 11 de setembro de 2001 dizendo que eram resposta ao terrorismo de estado americano em outras partes do mundo.
No sermão, Wright disse: "Deus amaldiçoe os Estados Unidos."
Obama repeliu publicamente as idéias de Wright, mas é certo que os republicanos pretendem retomar o assunto.
Patriotismo - A foto que aparece no topo desse texto circula na internet como "prova" da falta de patriotismo de Barack Obama. O fato de que ele não usa na lapela uma bandeirinha dos Estados Unidos também foi tema de um debate.
É uma forma de causar desconfiança no eleitor quando ele souber que Obama viveu, quando criança, num país muçulmano, a Indonésia.
Inexperiência - Obama, de 47 anos de idade, começou a carreira como ativista comunitário em bairros pobres de Chicago. Foi o equivalente a deputado estadual em Illinois. Mas só se elegeu para um cargo nacional em 2004.
Essa carreira contrasta com a do senador John McCain, de 72 anos, que se elegeu pela primeira vez para a Câmara dos Deputados em 1982. McCain foi piloto da Marinha e passou cinco anos e meio como prisioneiro de guerra no Vietnã.
Liberal - O rótulo de "liberal", nos Estados Unidos, adquiriu a conotação que se dava à palavra "comunista" nos anos 50. Os republicanos já destacam que Barack Obama é um dos senadores mais liberais do país e que apóia o aborto.
Mais uma vez, trata-se de uma tentativa de oferecer a uma fatia importante do eleitorado uma desculpa para desconsiderar um candidato.
Republicanos moderados, desgostosos com a situação econômica do país, podem mudar de lado em novembro ou ficar em casa. Usar um tema como o aborto pode ser importante para mobilizá-los.
Obama recebeu o apoio aberto do senador Ted Kennedy, o patriarca dos liberais americanos. Foi contra a guerra do Iraque e promete retirar as tropas de ocupação.
Essa é a imagem que os republicanos tentarão projetar de Obama: a de um jovem radical e inexperiente, de fidelidade duvidosa ao país, muito "estrangeiro" para ocupar a Casa Branca.
Fonte: Blog das Américas
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