terça-feira, 6 de maio de 2008

O RACISMO É UMA ABOMINÁVEL FÉ BANDIDA

por Fátima de Oliveira, no Mhário Lincoln do Brasil

"(...)alguns professores-doutores (em 2007, foi James Watson) abrem mão de saberes científicos consolidados em nome de uma fé: racismo".

Nos meios acadêmicos, o racismo opera de múltiplas formas que, paradoxalmente, explicitam apenas uma coisa: a renitente resistência ao saber científico. Diante do que, é preciso ressaltar por que alguns professores-doutores (em 2007, foi James Watson) abrem mão de saberes científicos consolidados em nome de uma fé: o racismo. Jamais foi descoberto algo na biologia que corrobore a fé racista.

Comprovo com ciência de última geração: no âmbito do DNA, é impossível dizer se uma pessoa é preta, amarela ou branca, pois o gene carrega possibilidades de caracteres e não os caracteres!

Do que li sobre as declarações do professor Antônio Natalino Manta Dantas, coordenador do colegiado da Faculdade de Medicina da UFBA, sua carta de renúncia exibe o quanto de covardia o racismo encerra! O racismo é uma prática de banditismo. Rememorarei os fatos para torná-los inesquecíveis, pois palavras e atos racistas são indesculpáveis num país em que o racismo é crime. Para ele exijo apenas a lei e nada mais!

Em 29 de abril, o Ministério da Educação tornou público que, das 172 faculdades de medicina, 17 seriam supervisionadas por causa da performance sofrível no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e no conceito IDD, que "mede o quanto a instituição ajudou o aluno".

Do alto de sua sapiência e do altar de sua fé bandida, o professor Dantas declarou que, "se não houve boicote dos estudantes, o que não acredito, o resultado mostra a baixa inteligência dos alunos". E arrematou - como esperado, pois racista que se preza sempre é falante - que o corpo docente é qualificado, logo não é causa para o mau resultado. Sobrou então um suposto QI baixo dos baianos, verificável "por quem convive (com pessoas nascidas na Bahia)... "O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria.” É ridículo um professor-doutor da medicina não saber que QI é um pântano minado de subjetividades inconfessáveis!

Gregos e troianos reagiram. O reitor da UFBA, Naomar de Almeida, foi categórico: "Li as declarações de Natalino e custei a acreditar. São impertinentes, discriminatórias, reacionárias e não condizentes com um docente, um dirigente acadêmico. É minha posição pessoal. Não posso exonerá-lo. Foi eleito pelos pares. Vou solicitar à congregação providências imediatas no sentido de corrigir as incompatibilidades entre ele e o cargo". O procurador Vladimir Aras, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, declarou: "Como professor e coordenador do curso da UFBA, Dantas possui uma função pública e está sujeito à lei de improbidade administrativa na hipótese de dano moral difuso".

O que disse o professor da primeira escola de medicina do Brasil em sua carta de renúncia? Ao estilo James Watson se desdisse, alegando "descontextualização" de suas declarações: "Por força de um estado emocionalmente comprometido e por uma profunda tristeza, uma irritação incomum e um assomo de destempero, arrastaram-me a uma manifestação inadequada, da qual expressamente me redimo. Ela não reflete o que vem do meu íntimo, não traduz o meu pensamento, o que, aliás, vem sendo reconhecido e externado pelas pessoas que me conhecem. Em razão da repercussão e do mal-estar causado, comuniquei minha renúncia. Por fim, que fique evidente: não sou racista ou preconceituoso e acredito em Deus. Peço desculpas. Não tive a intenção de ofender a quem quer que seja". Como dizer amém?

Fonte: Vi o Mundo


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: