Por Redação Fórum
Após 12º anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), trabalhadores rurais, liderados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), promoveram com ações focadas em áreas urbanas e órgãos públicos para lembrar o massacre
Além dos tradicionais bloqueios de estradas e invasões a fazendas, os sem-terra entraram em secretarias estaduais e agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Segundo líderes do MST, a movimentação de hoje, 17, deve ser ainda mais intensa. "E os próximos dias também, dependendo de como as negociações com o governo vão evoluir", disse José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
As principais reivindicações são as conhecidas: mais assentamentos de famílias e investimentos na produção agrícola. "Nossa pauta já está amarelada", disse Oliveira, para quem a insistência se deve à demora na resolução das exigências.
Ontem, foram ao menos 53 atos em 15 Estados e no Distrito Federal, sem registro de conflitos. Desde o início do "abril vermelho", foram feitas outras 47 ações.
No Rio, manifestantes interromperam, por pouco mais de uma hora, o trânsito nas duas pistas da rodovia Presidente Dutra, no quilômetro 242.
Segundo a direção do MST no Rio, de 200 a 300 famílias participaram da manifestação. Além do fechamento da Dutra, foram ocupadas uma agência da Caixa Econômica Federal em Campos (RJ) e outra em Volta Redonda (RJ).
No Pontal do Paranapanema (oeste de SP), cerca de 200 integrantes do MST bloquearam a entrada de três agências do Banco do Brasil em Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha Paulista e Rosana.
Bancos de 14 cidades do Paraná também foram alvo dos sem-terra, que exigiam a criação de um novo crédito agrícola que dê infra-estrutura a assentamentos. Outras agências em cinco cidades de Santa Catarina e em seis municípios do Espírito Santo foram palco de manifestação.
Em Bauru (350 km de SP), o MST invadiu o prédio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo o membro da direção estadual do movimento, Lourival Plácido de Paula, os sem-terra cobram a entrega de cestas básicas atrasadas aos acampados.
Na capital paulista, sem-terra entraram na Secretaria da Justiça, pedindo a "federalização dos hortos florestais", segundo nota do MST.
No Rio Grande do Sul, outra secretaria estadual, a da Agricultura, foi invadida. A desocupação aconteceu só após o chefe da Casa Civil gaúcha aceitar recebê-los. Outros manifestantes ainda estavam no pátio da sede do Ministério da Fazenda, em Porto Alegre, até a conclusão desta edição.
Em Goiás, houve obstrução das BRs 153 (em Porongatu) e 060 (Varjão). Em Bom Jardim de Goiás, sem-terra entraram em uma agência do Banco do Brasil. O MST também afirma que 200 famílias ocuparam ontem fazenda em Crixás.
Em Sergipe, aconteceram invasões a fazendas de três municípios e a uma agência do Banco do Nordeste, em Carira.
Houve um bloqueio também na entrada do porto de Maceió (AL). O embarque e desembarque de carga em quatro navios ancorados no local foi suspenso. Até o início da noite, o bloqueio continuava.
No Pará, um grupo de cem agricultores do MST fez uma caminhada na região central da capital Belém. Houve também ações em Imperatriz do Maranhão (MA), Natal (RN), Cáceres (MT), Itaquiraí (MS).
Em Brasília, integrantes do MST e do MATR (Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural) ocuparam ontem, 16, por mais de oito horas, a sede da CEF (Caixa Econômica Federal). O grupo reivindicava o cumprimento de projetos ligados à habitação em assentamentos rurais e pediam uma audiência com o ministro Márcio Fortes (Cidades). Reclamava do descumprimento de acordo feito ano passado, de que 30 mil casas seriam construídas, além da burocracia para se receber o crédito, que é intermediado por associações e cooperativas. O MST alega que pouco mais de 6.000 casas foram construídas.
A invasão, pacífica, teve a participação de cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar do DF (o MST estimou em mil o número de manifestantes).
A Vale informa que integrantes do MST voltaram a ocupar hoje, 17, a EFC (Estrada de Ferro Carajás), no Sudeste do Pará.
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