Por Eduardo Guimarães
Depois da reportagem da Veja "denunciando" que o governo Lula havia feito um "dossiê" contendo dados sigilosos das despesas de custeio da família Fernando Henrique Cardoso quando ele era presidente da República, visando "chantagear" o PSDB para que desistisse de "investigar" as despesas do casal Lula da Silva no âmbito da "crise do cartão corporativo", um a um os artífices do Partido da Imprensa Golpista (Veja, Folha, Globo, Estadão e ramificações) começaram a reverberar a teoria de que "a candidatura à Presidência da República" da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, estaria "morta".
De acordo com pesquisa que fiz e com minha própria memória, essa história de "morte" da (até então) inexistente "candidatura Dilma" ganhou popularidade na imprensa golpista com manchete principal de primeira página do Estadão no fim do mês passado. O mais antigo (em todos os sentidos) jornal paulista transformou em manchete "entrevista" de um dos "cientistas políticos" tucanos que a mídia sempre saca do bolso para comentar cada uma das "crises" do governo Lula que ela mesma produz quinzenalmente, quando muito. Desta vez foi o historiador (assumidamente ligado ao PSDB) Marco Antonio Villa.
A teoria da "morte" da candidatura Dilma decorreria, segundo a imprensa golpista, de "revolta popular" com "a investigação policialesca" do governo Lula contra o "amado" FHC. Essa teoria começou a ser martelada incansavelmente pelo PIG, sobretudo pelo PIG escrito, desde o fim do mês passado.
Antes de prosseguir, devemos atentar para o seguinte: quando algum dos colunistas de Veja, Folha, Globo e Estadão bate numa tecla política, está se manifestando pelos donos desses veículos e, em seguida, os outros colunistas vêm todos atrás. Depois da manchete de primeira página do Estadão, as páginas desses veículos foram invadidas pela teoria da "morte" da candidatura Dilma. Todos trataram do suposto passamento da candidatura da ministra em intermináveis colunas, editoriais e cartas de leitores.
Na Veja, temos os colunistas porta-vozes Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo; na Folha, dois colunistas, casados (literalmente) com tucanos, Eliane Cantanhêde e Clóvis Rossi; no Globo, Merval Pereira e Ali Kamel; no Estadão, sobressai o companheiro de "baladas" dos tucanos, Mauro Chaves, articulista e produtor de editoriais.
Eliane Cantanhêde, por exemplo, na edição da Folha de 10 de abril decretou que "A candidatura Dilma desmoronou". Como ela e os outros coveiros da inexistente candidatura Dilma Rousseff souberam de sua morte? Pesquisa de opinião? Nunca se soube de resultado de sondagem da opinião pública que tenha revelado isso. Os colunistas do PIG simplesmente comunicaram como fato aquilo que eles, ou melhor, que seus patrões gostariam que tivesse acontecido.
Como a ciência tem a mania "inconveniente" de contradizer "profetas", obrigou gente como Eliane Cantanhêde (a eterna musa da Febre Amarela) a desdizer o que havia dito três dias antes. Hoje (13/04), em sua coluna na Folha, ela repercutiu notícia publicada ontem pelo Jornal do Brasil - e comentada aqui -, de que pesquisas feitas pelo PSDB para mensurar que resultado foi obtido com sua tentativa de execração pública de Dilma revelaram que o tiro saiu pela culatra, isto é, que a popularidade de Dilma subiu.
Vejam o que diz Cantanhêde:
"(...) o maior serrista da paróquia, deputado federal Jutahy Jr, (...) dirá que as (...) mesmas pesquisas (...) favoráveis para Serra mostram que Dilma Rousseff, do PT, deixou de ser uma estranha para o eleitorado (...). Já está em terceiro lugar, atrás do deputado Ciro Gomes (PSB), e chega a segundo em alguns municípios. (...) A estratégia de "bater" em Dilma e colocá-la contra as cordas no caso do dossiê FHC (...) só serve para colocá-la em evidência. Quando Dilma teria tanta exposição nas TVs e nos rádios?"
Ora, mas Cantanhêde não tinha dito, na quinta-feira passada, na Folha, que a "candidatura Dilma" tinha "desmoronado"? E que tal a mídia informar que pesquisas são essas que mostram a popularidade de Dilma subindo depois dos ataques da oposição e do PIG? Que mais contêm essas pesquisas? Quais são os institutos que as fizeram? São dados que o PIG sonega ao público porque não gosta deles. É sempre assim...
Esses, porém, são os sinais quase imperceptíveis que o PIG emite compulsivamente, inadvertidamente, e que permitem antever-lhe todos os passos em sua luta ensandecida para emplacar José Serra na Presidência em 2010. Cantanhêde, porém, corroborou uma notícia que diz muito mais do que parece. De fato, conforme disse aquela nota do Jornal do Brasil que publiquei aqui ontem, Dilma parece ter sido "contaminada" pelo "efeito teflon" que beneficia Lula e que faz com que ele se torne mais popular a cada ataque que sofre.
O que mais me impressiona é a total falta de apreço da imprensa golpista pelo que deveria ser o maior bem de um jornalista ou de um meio de comunicação, a credibilidade. As táticas dessa gente chegam a ser pueris. Dizem uma coisa num dia e outra no dia seguinte. Ignoram os fatos com uma naturalidade espantosa, demonstrando o desprezo que têm pela inteligência das pessoas.
Num momento em que as pesquisas (Datafolha e Ibope) mostram que a popularidade de Lula explodiu nos setores mais ricos e escolarizados, superando com larga vantagem aqueles desse segmento social que reprovam o governo, Cantanhêde procura explicar assim o fato de o bombardeio a Dilma ter causado o efeito inverso ao pretendido:
"E [a melhora da popularidade de Dilma] foi em função de algo abstrato como um dossiê que não é bem compreendido [pela maioria da população], não envolve desvio de dinheiro e justificou cenas até de afeto por parte de Lula, o grande eleitor (senão candidato...) de 2010. Para o eleitor comum, a história do dossiê só serviu para vincular a imagem da Dilma à de Lula. Dilma irá esta semana ao Congresso (...) Seu desafio é neutralizar as perdas [de popularidade] entre os mais bem informados".
Alguém poderia me dizer como é que alguém que vive no Brasil poderia escapar da enxurrada de "explicações" detalhadas sobre o caso do "dossiê" que infestam todas as tevês, rádios, jornais e revistas há quase um mês, todo dia, sem parar? O "didatismo" com que Willian Bonner e Fátima Bernardes explicaram a tese do PIG foi digno de um jardim da infância. Só sendo cego, surdo ou retardado para não entender o que a imprensa golpista tentou vender sobre o caso do "dossiê". Essa gente foge do fato de que todo mundo quer que FHC se dane. Alguns podem até ter acreditado que Dilma fez o "dossiê", mas gostaram.
Moral do post : é verdade, o Partido da Imprensa Golpista e a oposição tucano-pefelê bateram com toda força em Dilma e ela... CRESCEU! Vai despontando como forte candidata à sucessão de Lula. Eu mesmo não fazia muita fé nela. O PIG me mostrou que eu estava errado. Obrigado, prezado PIG.
Fonte: Blog Cidadania.com
Mídia admite que Dilma 'cresceu' com ataques
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