WASHINGTON - Desde que Fidel Castro fez a previsão - correta, por sinal - de que a produção de biocombustíveis poderia afetar a produção e o preço dos alimentos o governo brasileiro está na defensiva. Volta e meia o presidente Lula joga a culpa no milho de etanol produzido nos Estados Unidos ou diz que no Brasil é diferente. Mas é tudo discurseira. Seria interessante se o Brasil mostrasse, de forma didática, como é que pode ampliar a produção de biocombustíveis e alimentos ao mesmo tempo, sem provocar a completa devastação do cerrado e da Amazônia.
Meu testemunho anedótico: é raro ver um pé de comida na estrada que liga Bauru a Botucatu, no interior de São Paulo. É cana, eucalipto, cana, eucalipto e cana. Aliás, já se vê eucalitpo crescendo às margens da Castelo Branco. Fico com a clara impressão de que essas culturas e a da soja vão avançar descontroladamente e que o governo brasileiro só vai se dar conta do estrago quando a porta do cofre estiver arrombada. Ou seja, primeiro vamos destruir tudo, poluir todos os rios, expulsar todos os pequenos agricultores do campo e depois vamos dar um jeito - como, aliás, tem sido a história do capitalismo brasileiro.
O Brasil vai, sim, se transformar na bomba de combustível do mundo. A que custo? Será que mais uma vez o dinheiro vai acabar na mão dos intermediários - a British Petroleum, por exemplo, acaba de anunciar um grande investimento no país - e nós, brasileiros, herdaremos a terra arrasada?
Fonte: Vi o Mundo
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