quinta-feira, 17 de abril de 2008

Resposta de Soninha ao Luiz Nassif

Sobre/ para o Nassif

Ontem à noite, por causa de um assunto que eu sequer acompanho, sobre o qual não entendo quase nada (alguma grande jogada internacional envolvendo o Daniel Dantas, as teles e o diabo), o Nassif publicou um post intitulado “Soninha vai à guerra”. Mandei uma resposta pelo blog dele, dividida em quatro partes porque, mesmo resumindo, ficou muito longa. Não sei como vai ser publicada. Reproduzo ela inteira aqui, na versão sem resumir, com apenas algumas frases a mais.

"Nassif, que coisa mais doida! EU fui à guerra??? Esse papo de “cooptada”, “mudança radical” que “se operou” é um delírio! Você diz que eu “recuei”... Recuei de quê? Eu tô no mesmo lugar!

Sobre o Gravataí Merengue: você me ligou ontem duas vezes para dizer que ele estava completamente enganado sobre "a moça" (que foi jornalista da Folha e está sendo acusada de ser "patrocinada pelo Dantas", é isso?). Você disse que ela é mentirosa compulsiva e outros adjetivos pesados, e que ele estava entrando em uma fria. E que estava usando, contra você, as mesmas expressões usadas pelo Reinaldo Azevedo; que só podia estar "a serviço" "deles". O que eu te disse? Que ele realmente está convicto do que apurou; pode estar errado, mas não está "a serviço" de ninguém. Não tem xongas a ver com o Reinaldo. Mas que eu ia falar com ele de todo jeito.

Falei no minuto seguinte. A conversa estava programada desde a véspera; só não tinha dado tempo ainda, por causa de um milhão de compromissos meus. Ele já tinha decidido pedir para deixar a chefia de gabinete. Porque é blogueiro desde 2001 e não vai querer “maneirar” suas opiniões para evitar que eu vire alvo nas suas guerras, e sabe que isso é inevitável se ele for o “chefe de gabinete”. Concordei e aceitei. Não tenho o direito de pedir para ele deixar de expressar suas opiniões no seu blog, que é uma atividade particular dele e não tem nada a ver comigo.

Chefe de gabinete, aqui, é uma função bem diferente do que os chefes-de-gabinete são em outros mandatos. O Gravataí cuidava da administração interna; um gabinete é um escritório com muita gente trabalhando e tem muitos desafios para a coordenação dos trabalhos – organização, disciplina, cumprimento de prazos e metas, gestão dos recursos... E, ocasionalmente, faz alguns pareceres sobre matérias diversas, de decisões do Supremo a projetos de lei tramitando no Congresso. Não tinha nenhuma função política. Em outros gabinete, o chefe é o braço-direito político do vereador; freqüentemente, o seu sucessor ou “herdeiro”. Aqui, não.
Chefe de gabinete, aqui, é uma função bem diferente do que é em outros mandatos. O Gravataí cuidava da administração interna; um gabinete é um escritório com muita gente trabalhando e tem muitos desafios para a organização dos trabalhos.

Aliás, este é um gabinete diferente dos outros de muitas maneiras. Ainda tem gente do PT, por exemplo. Críticos do governo Lula, como eu, mas que ainda militam na defesa dele, porque acham que têm mais motivos para aprovação do que reprovação. Ok, eu aceito. As pessoas da minha equipe têm opiniões diferentes – sobre o sistema de saúde, sobre Cuba e Venezuela, sobre cotas e a reforma universitária. Nós quebramos o pau várias vezes. Algumas diferenças seriam inadmissíveis – se alguém aqui defendesse “tolerância zero para imigrantes em situação irregular”, por exemplo, ou que “homossexualidade é defeito moral”, não poderia trabalhar comigo. É difícil conviver com as diferenças, mas há convicções comuns que se sobrepõem.

Mas eu sou chefe das pessoas no trabalho, não na vida. O que você queria, Nassif, que eu pedisse para o Gravataí apagar o que ele escreveu no blog? Contei suas observações, reproduzi o que você me disse. E eu nem sabia quem era “Janoni”, “Gianoni”, “Gianone”... Você diz ter informações e acreditar em algumas versões; ele diz ter outras informações e confiar em outras versões. O que eu posso fazer; o que eu teria de fazer a respeito?

Acompanho mil problemas no mundo; tantos que até dizem que eu sou “dispersa demais”, deveria me concentrar em apenas duas ou três questões. Mas não acompanho tudo o que existe, e estou longe, longe desse debate sobre as teles. Não sei quem é quem; quem é bandido e quem é mocinho, se é que existe algum. Conheço os nomes dos grandes vilões, mas não saberia explicar exatamente como funcionam seus poderes do mal. E agora eu virei co-vilã nessa história? Que absurdo...

Quando o Reinaldo me escorraçou por causa daquele comentário meu no seu blog, em que eu criticava a incoerência da Veja em duas matérias sobre o COC, virei alvo em uma guerra entre vocês. A opinião era minha, mas o Reinaldo achava que era tudo “orquestrado” contra ele, a Abril, os tucanos e o mundo...

Quanta bobagem.

O Reinaldo usou argumentos incrivelmente sofisticados para rebater o que eu disse. Não falou uma palavra sobre a incoerência, mas disse que eu era uma “falsa lolita”, uma “coroa que mia”, possivelmente filha de pai alcoólatra. Alto nível! Em todo caso, não foi a Veja, a Abril, a “tucanalha”, as elites que me detonaram. Foi ele. Blog é isso, é pessoal. E se o Paulo Henrique esculacha o José Eduardo Cardoso (justo ele!), não era o Ig, não é a Record, a Universal. É ele.

Pensei que os blogueiros tinham total consciência disso. Cada um responde pelo seu; é autoral, é em primeira pessoa, é primazia do editor. A Justiça até já entendeu que um blogueiro pode ser processado por um comentário de terceiros, autorizado por ele – pra mim, um exagero, mas é só uma demonstração que o blogueiro, em seu blog-território é soberano.

E agora blogueiros querem fazer crer que o que o Gravataí escreve no blog dele é responsabilidade minha? Ele é maior de idade, vacinado e fala por ele! O que eu quero falar, eu mesma digo. E falo bastante... Nunca retirei, escondi ou modifiquei uma opinião porque ela poderia vir a me causar problemas – e muitas já causaram. Agora tenho de responder também pelas dos outros?

(Volta e meia vêm me cobrar pelas SUAS, Nassif!)

Enfim, podem continuar guerreando. Estou fora do tiroteio virtual. Já tenho de passar várias horas por semana em um lugar irreal, freqüentemente desconectado da realidade: o plenário! Não tenho horas disponíveis para a arena da internet. Não pauto, não respaldo, não endosso nem deixo de endossar o que o blogueiro Gravataí Merengue faz em seu espaço pessoal na web. Sei que existem grandes quadrilhas, esquemas, sabotagens, conspirações que precisam ser desmontadas, decifradas, desmascaradas. Mas eu não faço parte de nenhuma.

Antes de encerrar: semanas atrás, a Folha publicou, com destaque, que Kassab e Alckmin estariam interessados em mim como vice. Como os dois estão no olho de um furacão, eu fui tragada, momentaneamente, para o centro da cena. De cara, respondi duzentas vezes – pra Folha, pra todo mundo que perguntou -- que não tinha o menor interesse em ser vice de nenhum deles. Mas a Vejinha quis fazer um perfil – concordei, morrendo de medo. Já fui esculachada várias vezes, especialmente na Veja. Uma vez eles tiveram o desplante de dizer que o meu “principal projeto” era “proibir gravata no plenário” -- depois de eu falar uns 20 minutos por telefone sobre uma dúzia de outros projetos...

Dei uma longa entrevista, para um repórter muito bacana, e fiquei surpresa de ver a matéria simpática (e de duas páginas!). Ao mesmo tempo, sei que só tive esse espaço todo porque eles lá devem me considerar “café-com-leite” na disputa; alguém que não ameaça de verdade os grandes conglomerados partidários... Uma alternativa simpática, divertida, mas inofensiva. Enxergar, por trás da matéria, uma mudança de postura minha em relação à Veja é fantástico... Pergunte lá pro Reinaldo se ele mudou de idéia a meu respeito.E o que foi que eu fiz de diferente depois disso??

Por fim: por favor, já basta me incluir nisso à minha revelia, mas não diga jamais “assessores da vereadora”, “a equipe da vereadora”. É simplesmente, irrefutavelmente, evidentemente errado e injusto. Aposto que 90% deles nem sabem quem é Janaína Leite e por que eles devem ser “arrolados” no caso dela.

Obrigada, Soninha".

Fonte: Gabinete Soninha


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