por Luiz Antônio Magalhães
Na última segunda-feira, a cúpula do PSDB e DEM se reuniu em São Paulo para discutir a conjuntura política e os rumos que os dois partidos devem tomar em um cenário que não anda nada bom para as duas legendas. Os jornalões estavam de olho nas eleições de outubro e poucos perceberam que esta não era exatamente a pauta do econtro. Afinal, como discutir alianças municipais na presença de ACM Neto, pré-candidato do DEM à prefeitura de Salvador, um dia depois que o governador José Serra (PSDB) esteve na capital da Bahia para apoiar o tucano Antonio Imbassahy a prefeito de... Salvador? Seria simplesmente constrangedor, para não falar da disputa paulistana, que opõe democratas e tucanos e pode acabar abrindo caminho para a eleição de Marta Suplicy (PT).
Na verdade, o que se discutiu ali, segundo a versão dos jornalistas mais atentos aos detalhes do que foi dito na saída do encontro, foi uma estratégia global de ação dos dois partidos em Brasília, no Congresso Nacional. A principal resolução é uma idéia que sempre foi cara ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: tucanos e democratas devem, neste momento, lutar contra todas as tentativas de mudar as regras das próximas eleições. Além de não aceitar um plebiscito para perguntar ao povo se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia concorrer a mais um mandato e muito menos uma emenda constitucional liberando o número de reeleições possíveis, DEM e PSDB decidiram aceitar a ponderação de FHC de que também a emenda que acaba com a reeleição e estabelece o mandato de 5 anos para os cargos executivos poderia beneficar Lula, já que caberia a interpretação de que o "jogo foi zerado". O fim da reeleição é um desejo dos dois principais presidenciáveis do partido – José Serra e Aécio Neves –, pois organiza a "fila" no partido e dá vez aos novos quadros ocuparem novos espaços.
Cardoso, porém, entende que a oposição deve evitar a todo custo qualquer brecha para uma nova candidatura do presidente Lula e, ao que parece, convenceu seus pares. De tudo isto presume-se que a leitura de FHC do atual momento político é simples: Lula se reelegeria com facilidade em 2010, apesar da campanha que seu governo vem sofrendo na mídia. Este blog reconhece: desta vez, Fernando Henrique Cardoso está coberto de razão. O que chama atenção, no entanto, não é Cardoso fazer uma correta análise do cenário político, mas Serra e Aécio aceitarem as ponderações do ex-presidente. É preciso, no entanto, aguardar os fatos e ver como se comportam as bancadas controladas pelos dois governadores. Se não seguirem a orientação decidida nesta semana, restará provado que a concordância dos dois não passou de um agrado ao velho comandante....
Fonte: Blog Entrelinhas
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