sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Estado de Direito e a Sociedade do Espetáculo

Por Renato Rovai - editor da Revista Fórum

O Estado de Direito e a Sociedade do Espetáculo

Acabo de assistir pela Record News a saída do casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatoba da residência dos pais de Alexandre para a delegacia aonde irão depor. Foi um espetáculo bárbaro, deprimente.

Antes de qualquer coisa, volto a dizer que não sei se o casal tem ou não responsabilidade no crime. Não estou investigando o caso e nem esse é o papel de um jornalista. E isso é o que me assusta, como em alguns momentos o Estado de Direito é substituído pela Tribuna Pública Midiática da Sociedade do Espetáculo.

Para parte da mídia, o julgamento já foi feito e por isso alguns populares se amontoam em frente à casa do casal para gritar justiça. E justiça, nesse caso, é condenar o casal. A população tem seus motivos para achar isso. Na mídia, o julgamento já foi feito. E o casal é o culpado. Ou a partir da investigação de que Tribunal a população chegou aos culpados?

Uma das cenas que caracterizam como se perdeu o completo limite do que é atividade jornalística foi a invasão da casa dos Nardoni por profissionais de comunicação.

Quando o advogado abril a porta da garagem para sair com o casal no seu carro, fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas, simplesmente invadiram o local.

Não está sendo respeitado nem o direito mais caro à sociedade capitalista, ou seja, o direito de propriedade. Quando jornalistas invadem a casa de alguém isso não é questionado. Só vale discuti-lo quando o MST faz algo semelhante em terras improdutivas ou na fazenda do deputado Clodovil.


O blogue do Galeno Amorim informa que o deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) vai protocolar um projeto de lei no Congresso que propõe a modificação do trecho da lei que tem servido de pretexto para advogados e juízes tirarem livros de biografia de circulação. É uma ótima iniciativa. A lei do jeito que está impede biografias independentes, tornando todas algo quase chapa-branca.

A polêmica em torno da proibição das biografias teve dois episódios de destaque. O primeiro foi o da biografia de Garrincha, interditada por anos pelas filhas do ex-jogador. E mais recentemente a do músico Roberto Carlos. Nesse último caso, uma das alegações do cantor foi de que ele teria prejuízos econômicos porque tinha interesse em, ele mesmo, escrever sua biografia.

O mais grave é que o juiz do caso fez coro a esse argumento. E a Editora Planeta, ao invés de encarar uma luta judicial, fez contas e preferiu negociar a retirada dos livros das livrarias. Isso criou um precedente perigosíssimo.

Eu que tanto critiquei as decisões de Palocci como ministro da Fazenda, estou com ele nessa sua iniciativa como deputado. Aliás, será que Palocci gosta de Roberto Carlos?

Palocci na defesa das biografias


Marta passa dos 35%. Kassab estaria se aproximando de Alckmin

Um amigo bem-informado acaba de me confidenciar que um consultor de marketing político com acesso semanal a pesquisas de opinião lhe hoje disse que os últimos levantamentos realizados na cidade de São Paulo apontam para um crescimento das candidaturas de Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM).

Marta, segundo essa fonte, teria chegado aos 35%. E Kassab estaria batendo nos 18%. Estou surpreso com o crescimento rápido de Kassab, mas quem passou a bola não joga em time nenhum.

Isso teria acendido o sinal amarelo entre os tucanos que defendem a candidatura de Alckmin. Eles acham que se a distância entre Kassab e o ex-governador baixar de dois dígitos, o movimento pela candidatura própria pode começar a descer do telhado.

É nisso, aliás, que o governador Serra aposta. Se não descer do telhado, ele vai fazer de tudo para que ela caia dele antes de outubro.

Serra quer Alckmin fora da grande política antes de 2010. Quer devolvê-lo para Pindamonhangaba. Se o ex-governador se tornar prefeito, sabe que seus sonhos planaltinos podem se tornar pesadelo. Aécio finca os dois pés em São Paulo.

Fonte: Blog do Rovai


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