segunda-feira, 14 de abril de 2008

EX-AGENTE DA CIA: COMO OS ESTADOS UNIDOS FINANCIAM A DERRUBADA DE GOVERNOS QUE ATRAPALHAM

Por Luiz Carlos Azenha


No dia 22 de março de 2005 o site Venezuelanalysis.com publicou uma entrevista com o ex-agente da Central de Inteligência Americana (CIA) Philip Agee. Agee morreu em janeiro deste ano. Ele deixou a CIA em 1967, alegando que estava desiludido com o trabalho. "Eu comecei a me dar conta que o que eu e meus colegas estávamos fazendo na América Latina era continuação de quase 500 anos do mesmo, exploração, genocídio e assim por diante."

Inside the Company: CIA Diary é o livro que ele escreveu sobre a carreira de espião. Agee também montou uma publicação, Covert Action Quarterly, para expor as operações da agência. A CIA é uma imensa burocracia dedicada a produzir os resultados que os Estados Unidos não conseguem produzir com diplomacia ou não consideram vantajoso produzir através de intervenção militar direta ou bloqueio econômico aberto.

Na América Latina só Cuba tem um serviço de informação à altura. O DISIP, da Venezuela, era um importante aliado da agência americana e prestou alguns serviços importantes, especialmente no combate aos sandinistas da Nicarágua. Mas, com a ascensão de Hugo Chávez, o DISIP foi desmantelado.

Reproduzo agora a íntegra da entrevista de Agee:

Como você vê os recentes acontecimentos na Venezuela?

Quando Chávez foi eleito e comecei a acompanhar os acontecimentos eu pude antecipar o que viria, como pude fazer no Chile em 1970 e na Nicarágua em 1979-80. Não tive dúvidas de que os Estados Unidos iriam tentar provocar mudanças na Venezuela da mesma forma que fizeram no Chile e na Nicarágua - e antes disso em vários outros países. Infelizmente, não tive tempo de acompanhar os acontecimentos dia a dia, mas tentei seguí-los à distância e quando a Eva Golinger criou um site chamou minha atenção e passei a ler alguns documentos e senti a aplicação na Venezuela de mecanismos que foram usados na Nicarágua nos anos 80, a penetração da sociedade civil e as tentativas de influenciar o processo político na Venezuela. Na Nicarágua, acho que em 1979, logo que os sandinistas assumiram o poder, eu havia escrito uma análise do que poderia acontecer e praticamente tudo o que previ aconteceu, já que as técnicas usadas através da CIA, da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Estado, além do National Endowment for Democracy, desde 1984, seguem o mesmo padrão. Na Nicarágua o padrão para influenciar o resultado das eleições de 1990 começou um ano e meio antes, com a união da oposição, a criação de um movimento cívico, tudo o que está acontecendo agora na Venezuela. E daí vem meu interesse político na Venezuela, de ver o que está acontecendo e de escrever a respeito disso.

Qual era a estratégia mais importante da inteligência dos Estados Unidos, de quando você estava na CIA, para proteger os interesses estratégicos na América Latina?

Quando eu estava na agência do fim dos anos 50 até o fim dos anos 60 tínhamos operações internacionais, regionais e nacionais, tentando penetrar e manipular instituições de poder em países de todo o mundo e é o que eu fazia na CIA - a penetração e manipulação de partidos políticos, sindicatos, movimentos de jovens e movimentos estudantis, sociedades de intelectuais, profissionais e culturais, grupos religiosos, grupos de mulheres e principalmente a mídia de informação pública. Nós, por exemplo, pagamos a jornalistas para publicar nossa informação como se fosse dos próprios jornalistas. As operações de propaganda eram contínuas. Nós também gastamos grandes quantias de dinheiro intervindo em eleições para favorecer nossos candidatos. A CIA tinha uma visão maniqueísta do mundo, ou seja, havia quem estava do nosso lado e quem estava contra. E o trabalho da agência era de penetrar, enfraquecer, dividir e destruir as forças políticas que eram vistas como o inimigo, que eram aquelas à esquerda dos sociais democratas, normalmente. Também apoiávamos e fortalecíamos as forças políticas que eram vistas como amigáveis aos interesses dos Estados Unidos e todas as instituições que acabei de mencionar.

Um dos problemas constantes da CIA desde o início desse tipo de operação, ou seja, desde 1947, era a dificuldade que organizações e pessoas que recebiam dinheiro tinham de esconder isso, porque quando você recebe grandes quantias de dinheiro pode ser difícil encobrir o fato. Então a agência, desde cedo, criou uma série de fundações, ou fez acordos com fundações que estavam estabelecidas. Algumas vezes as fundações mantidas pela agência existiam só no papel, conduzidas por algum advogado de Washington que trabalhava para a CIA.

Desde o início dos anos 50 o programa internacional da Associação Nacional de Estudantes dos Estados Unidos (NSA) - a associação universitária que tinha presença em praticamente todos os campus - era de fato conduzida pela CIA, todo o programa da Associação Nacional de Estudantes era uma operação da CIA. E quando um novo presidente da NSA assumia ele era informado sobre como o programa internacional funcionava sob a direção da CIA. Mas o homem que assumiu em 1966 - no tempo da guerra do Vietnã e do movimento de protestos - se negou a aceitar e contou toda a história para a revista Ramparts, da Califórnia, uma revista que tinha conexões com a Igreja Católica.

E a Ramparts publicou a reportagem e criou um enorme escândalo. E não parou por aí, já que toda a mídia repercutiu o caso e em fevereiro de 1967 o Washington Post publicou uma série de reportagens sobre a rede internacional de financiamento da CIA. Em outras palavras, deu o nome de todas as fundações e inclusive de alguns dos que receberam dinheiro em algumas das instituições que mencionei - partidos políticos, sindicatos, movimentos estudantis e assim por diante. Foi um desastre para a agência. Eu por acaso estava na sede da CIA, sendo transferido do Equador para o Uruguai, quando aconteceu - e foi um grande desastre para a CIA.

Menos de dois meses depois do colapso do mecanismo de financiamento internacional, Dante Fascell - um integrante da Câmara dos Deputados que era de Miami, com ligações estreitas com a CIA e grupos de direita de cubano-americanos - propôs ao Congresso a criação de uma fundação não governamental que receberia dinheiro do Congresso e repassaria o dinheiro abertamente para diferentes organizações que antes haviam sido bancadas secretamente pela CIA. Mas isso foi em 1967 e o consenso bipartidário em política externa tinha até certo ponto se rompido e a proposta de Fascell não foi a lugar algum.

Por essa razão a CIA continuou, mesmo depois do colapso de seu mecanismo de financiamento internacional, a agir para o governo dos Estados Unidos em atividades conhecidas como operações encobertas. Por exemplo, a CIA foi responsável por enfraquecer o governo de Salvador Allende no Chile, de 1970 em diante. Allende quase tinha sido eleito em 1958. As eleições no Chile aconteciam a cada 6 anos e em 1964, o próximo ano eleitoral, a CIA começou cedo, quase um ano antes, a trabalhar para evitar a eleição dele em 1964. O dinheiro foi gasto em parte para desacreditar Allende e o Partido Socialista e a coalizão conhecida como Unidade Popular, além de financiar a campanha de Eduardo Frei, do Partido Democrata Cristão. Frei venceu aquela eleição, mas nas eleições seguintes, em 1970, Allende finalmente se elegeu. Está documentado como a CIA tentou evitar a ratificação dele pelo Congresso depois da eleição provocando um golpe militar, que fracassou.

Allende assumiu o poder e a CIA passou a fomentar o descontentamento popular, a contínua propaganda contra Allende e seu governo, fomentando greves que causavam sérios danos, a mais importante das quais foi a dos caminhoneiros, que parou a entrega de bens e serviços por meses, o que eventualmente acabou com o golpe de Pinochet contra Allende em setembro de 1973.

Houve mudanças significativas na estratégia da CIA desde que você deixou a agência, em 1968?

Sim, com certeza. Nos anos 70 havia ditaduras militares brutais no chamado Cone Sul - Uruguai, Argentina, Paraguai, Brasil e, naturalmente, no Chile com Pinochet. E todas haviam sido apoiadas pela CIA. Foi nesse período que um novo raciocínio surgiu nos escalões mais altos dos responsáveis pela política externa dos Estados Unidos, no sentido de que essas ditaduras militares, com toda a repressão e os desaparecimentos, os esquadrões da morte e assim por diante, talvez não fossem o melhor jeito de preservar os interesses dos Estados Unidos na América Latina, ou em qualquer outra parte. O novo pensamento era de que a preservação dos interesses dos Estados Unidos poderia ser obtida através da eleição de governos democráticos formados pelas elites políticas que se identificassem com a classe política dos Estados Unidos. Aqui quero dizer não as forças populares, mas as classes políticas tradicionais da América Latina, para falar de uma região, as chamadas 'oligarquias'. E assim o novo programa, conhecido como Projeto Democracia, foi adotado pelos Estados Unidos para promover eleições democráticas livres, justas e transparentes mas de forma a que o poder ficasse com as elites, não com o povo.

Uma fundação foi criada com o nome de Fundação Política Americana em 1979, com grande participação da principal central sindical dos Estados Unidos, a AFL-CIO, com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos e com os partidos Democrata e Republicano, quatro grandes organizações - e o financiamento veio tanto de fontes do governo quanto de fontes privadas. O trabalho era de estudar como os Estados Unidos poderiam melhor aplicar a promoção da democracia. A solução foi criar o National Endowment for Democracy (NED) e quatro fundações associadas: o Instituto Republicano Internacional (IRI) do Partido Republicano; o Instituto Democrático Nacional (NDI), do Partido Democrata; o Centro Americano para a Solidariedade Internacional do Trabalho (ACILS) e o Centro Para a Iniciativa Privada (CIPE) da Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Em relação à fundação da AFL-CIO, eles pegaram uma organização que já existia e trabalhava há anos feito uma luva com a mão da CIA, que se chamava Instituto Americano para o Desenvolvimento do Trabalho Livre (AIFLD) e simplesmente mudaram o nome.

Como é que o NED trabalha com a CIA?

O mecanismo prevê que o Congresso dê milhões de dólares ao National Endowment for Democracy e ele repassa o dinheiro às chamados "fundações- núcleo", as fundações que mencionei, que por sua vez transferem o dinheiro para entidades estrangeiras. Isso tudo começou em 1984 e um dos primeiros receptores de dinheiro do NED foi a Fundação Nacional Cubano Americana (CANF), que era o foco dos indivíduos e organizações mais extremistas anti-Castro. Mas o teste verdadeiro do sistema aconteceu na Nicarágua. Na Nicarágua desde 1979-80 a CIA tinha um programa de organizar as forças militares contra-revolucionárias ou forças paramilitares que se tornaram conhecidas como Contras, com toda a logística e a organização e apoio que vinha de lugares como Honduras. Eles chegaram a infiltrar cerca de 15 mil guerrilheiros, que os sandinistas derrotaram. Em 1987 eles tinham aterrorizado a zona rural, tinham causado cerca de 3 mil mortes e muitos outros feridos para toda a vida. Era estritamente uma operação terrorista no campo, eles não conseguiram ocupar nem um vilarejo em todos esses anos. E assim foram derrotados militarmente.

Em 1987, a América Central estava cansada de guerra: El Salvador, Guatemala e Nicarágua. Houve um encontro dos presidentes desses países em uma cidade guatemalteca chamada Esquipulas e eles fizeram uma série de acordos entre eles - os Estados Unidos não participaram - que incluía o desarmamento dos Contras e cessar-fogo nos vários países. E assim houve um cessar-fogo na Nicarágua mas a CIA não desarmou os Contras por que sabia que haveria eleições em 1990 e queria manter os Contras como ameaça. Embora os Contras tivessem sido derrotados militarmente em 1987 eles causaram enormes problemas econômicos e os nicaraguenses estavam sofrendo muito por causa da destruição.

Depois dos acordos de Esquipulas, a política dos Estados Unidos mudou. Maior ênfase foi colocada na penetração da sociedade civil e no fortalecimento das forças de oposição à Frente Sandinista de Libertação (FSLN) e um dos mecanismos de reforço foi a Coordinadora Democratica Nicaraguense, que era formada por líderes do empresariado, de alguns sindicatos anti-sandinistas, de partidos políticos anti-sandinistas e de associações civis anti-sandinistas.

Uma empresa de consultoria internacional chamada Delphi International Group foi contratada para tocar as operações e influenciar as eleições de 1990. E eles acabaram recebendo a maior parte do dinheiro e tiveram um papel-chave antes das eleições de 1990. O NED estava ativo na Nicarágua desde 1984 e o NED e suas fundações associadas - todas as quatro - também estavam envolvidos na penetração e na tentativa de influenciar o processo político-eleitoral da Nicarágua, o que começou por volta de 1988, mas para valer realmente em 1989. Para conseguir que os eleitores anti-sandinistas comparecessem, para monitorar a votação e para formar uma frente política anti-sandinista a CIA e o NED formaram um frente chamada Via Civica e o trabalho ostensivo deles era educação política, civismo, ação cívica, ação cívica não partidária. De fato, todas as atividades tinham o objetivo de fortalecer os anti-sandinistas.

Então primeiro houve a Coordinadora, depois a Via Civica e antes das eleições, bem tarde, mas já trabalhavam nisso por um longo tempo, dos vinte partidos de oposição, eles unificaram - alguns simplesmente através de suborno - catorze e batizaram de Oposição Unida da Nicarágua (UNO). E a UNO saiu com um candidato representando todas as diferentes posições, e os Estados Unidos escolheram Violeta Chamorro para concorrer à presidência.

Em setembro de 1989 houve um acordo estranho entre o governo dos Estados Unidos e os sandinistas, segundo o qual os sandinistas permitiriam aos Estados Unidos dar 9 milhões de dólares para apoar a oposição, desde que os Estados Unidos prometessem que a CIA não investiria mais dinheiro contra os sandinistas. E estranhamente os sandinistas concordaram com isso, e a primeira coisa que aconteceu foi que a CIA levou mais alguns milhões de dólares, naturalmente. O homem que escreveu um livro sobre a Nicarágua nos anos 80 e sobre a eleição de 1990 é Bill Robnson, um acadêmico, que viveu parte dos anos 80 na Nicarágua e o livro se chama A Faustian Bargain. É um livro excelente, muito bem documentado, muito bem escrito. Ele estima que os Estados Unidos gastaram cerca de 20 milhões de dólares com as eleições de 1990. E, como todos sabem, os sandinistas perderam; a coalizão da UNO ganhou cerca de 56% do voto, e os sandinistas algo em torno de 40%. E as operações iniciadas para garantir a derrota dos sandinistas nas eleições de 1990 continuaram para assegurar que o sandinistas não voltariam ao poder nas próximas eleições, o que foi o caso.

Como é que esse modelo foi aplicado na Venezuela?

Na Venezuela há algo similar: há a Coordinadora Democrática aqui, formada pelos mesmos setores das mesmas organizações da Nicarágua, embora pelo que li houve um colapso. Mas eles vão revivê-la, com certeza. Você tem uma organização que é supostamente não-partidária dedicada a estimular o voto e promover eleições limpas, a Súmate. Você tem um grupo de consultoria privado dos Estados Unidos, o Development Alternatives Incorporated, que faz o mesmo papel do Delphi International Group na Nicarágua, e tanto o Instituto Republicano Internacional quanto o Instituto Democrático Nacional mantém escritórios em Caracas, então você tem três escritórios aqui dando dezenas de milhões de dólares, escritórios privados que na verdade estão de fato sob controle da Embaixada dos Estados Unidos e do Departamento de Estado em Washington e da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

O primeiro contrato dado ao Development Alternatives foi da USAID, enquanto os programas do NED continuam com investimento de cerca de um milhão de dólares por ano. Depois do golpe fracassado de abril de 2002, a decisão foi tomada em Washington de fazer o mesmo que fizeram na Nicarágua, que é o de contratar uma empresa de consultoria para agir como fachada da USAID, que envolve muito mais dinheiro que o NED, e o primeiro contrato foi assinado no dia 20 de agosto de 2002, que deu pouco mais de 10 milhões de dólares nos próximos dois anos para atividades políticas na Venezuela. E eles abriram em agosto de 2002 e mandaram cinco pessoas de Washington - cinco pessoas que foram escolhidas pela USAID. Entenda isso: eles contratam uma empresa de consultoria, mas escolhem as pessoas que vão trabalhar para a empresa. E para qualquer venezuelano contratado pela Development Alternatives o contrato exige a aprovação da USAID em Washington. Então não há outra forma de olhar para esses mecanismos, para esses três escritórios aqui a não ser como mecanismos da Embaixada dos Estados Unidos e considerar que por trás dessas três organizações está a CIA. E o que é útil nessas fundações e na empresa de consultoria é que possibilita à CIA dar muito mais dinheiro a organizações que já recebem algum abertamente, fica mais fácil para as organizações que recebem encobrir [a conexão do dinheiro com a CIA]. Se o dinheiro da USAID para a Development Alternatives é de 5 milhões de dólares, dos quais 3,5 milhões vão em ajuda para organizações venezuelanos, com outro milhão do NED você tem em torno de 6 ou 7 milhões de dinheiro a descoberto. E tudo isso sabemos dos documentos obtidos pela Eva Golinger. Ela fez um trabalho maravilhoso. De qualquer forma a CIA pode acrescentar uma boa quantia de dinheiro aos 6 ou 7 milhões de dólares e há provas na documentação de que houve apoio à greve do petróleo, a greve nacional, de dezembro de 2002 a fevereiro de 2003, e depois para a campanha do referendo revogatório. Eles perderam todas, então agora focam nas eleições de 2006.

A Venezuela não é o único país no qual acontecem essas operações para fortalecer a sociedade civil, promover a democracia e educar o povo em processos eleitorais, o que não passa de uma fachada, a proposta real é de favorecer certas forças políticas em detrimento de outras. A Venezuela não é o único país em que isso está acontecendo. Existe uma necessidade real de pesquisa nessa área por que a DAI, se você olhar no site dela, trabalha no mundo todo. Não é que todos os programas dela sejam financiados pelo governo dos Estados Unidos - eles são financiados pelo Banco Mundial e não me lembro de quantas outras fontes - é só olhar os programas para ver quais são similares aos que estão em andamento na Venezuela.

A mesma coisa com o Instituto Democrático Nacional e as outras três fundações associadas com o NED. É possível saber onde eles estão fazendo o trabalho de penetração política com a CIA, naturalmente em conjunto. Eu acho que existe uma grande necessidade de expor isso e denunciar o que realmente é, que se trata fundamentalmente de uma mentira, promover democracia quando na verdade se trata de derrubar governos, conquistar a mudança de regimes ou fortalecer governos que já estão no poder.

O ex-agente da CIA Felix Rodriguez recentemente disse a um programa de televisão em Miami que os Estados Unidos estavam de olho em mudança na Venezuela, possivelmente através de violência. Ele deu como exemplo a tentativa feita durante o governo Reagan de matar o líder líbio Muammar Qaddafi. Existe um cenário como esse, de intervenção dos Estados Unidos na Venezuela?

É preciso lembrar quanto ao Qaddafi que os Estados Unidos acreditavam que ele havia organizado o ataque contra a discoteca em Berlim e o ataque a Trípoli foi em retaliação. O Chávez não fez uma provocação como aquela, então não há justificativa para um ataque militar e eu não acredito que os Estados Unidos tenham chegado ao ponto de abertamente tentar assassinar o presidente de outro país. Ou seja, as coisas já andam ruins para os Estados Unidos - piores do que nunca -, acho que não chegariam a esse ponto. Uma coisa que é muito importante para o movimento de Chávez, o movimento bolivariano aqui, ter em mente sempre é que os Estados Unidos jamais vão deixar de tentar fazer voltar o relógio. Os interesses dos Estados Unidos são definidos como acesso desimpedido a recursos naturais, à mão de obra e aos mercados de países estrangeiros. São países como os da América Latina que asseguram a prosperidade dos Estados Unidos. Quanto mais governos com seus próprios projetos, com algum elemento de nacionalismo, que se opõem às políticas dos Estados Unidos como a agenda neoliberal assumirem o poder, mais esse movimento será visto como ameaça em Washington, por que o que está em jogo é a estabilidade do sistema político dos Estados Unidos e a segurança da classe política dos Estados Unidos. Os venezuelanos terão de lutar pela sobrevivência assim como os cubanos tiveram de lutar por 45 anos; nos próximos 45 anos os Estados Unidos continuarão tentando subverter o processo político na Venezuela se continuar no caminho de hoje, assim como continuam tentando destruir a revolução cubana. Uma coisa muito importante para os venezuelanos entenderem é que isso será permanente, e que a organização, a vigilância e a unidade, todos são chave para evitar esses programas dos Estados Unidos, a alimentação desses programas dos Estados Unidos que essencialmente representam o dividir e conquistar.

Fonte: Vi o Mundo


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