segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sucessão presidencial ameaça o país

por Eduardo Guimarães

Hoje, pode-se dizer, sem medo de errar, que tanto os que apóiam Lula quanto os que o rejeitam estão angustiados com a sucessão presidencial. De ambos os lados, há um clima de tudo ou nada em relação a 2010.

Essa situação esdrúxula decorre de duas hipóteses político-eleitorais consideradas intoleráveis por governistas e oposicionistas. Essas possibilidades são José Serra, de um lado, e o PSDB não eleger o próximo presidente, do outro.

Para que se tenha uma idéia da inaceitabilidade da hipótese de José Serra suceder Lula, já tem petista aceitando até um não-petista para sucedê-lo, contanto que consiga derrotar o governador paulista. É impressionante o poder desagregador desse homem.

E, para a oposição e para a mídia, é completamente inaceitável que o PSDB não faça o próximo presidente. Claro está que nenhum tipo de radicalização será descartada, contanto que tucanos e pefelês voltem ao poder.

Chega a ser surreal que um país que esperou tanto por uma chance de crescer e de se desenvolver de forma sustentada não consiga se concentrar no momento excepcional por que passa e, em lugar disso, fique discutindo politiquinha de quinta, da mais diminuta que poderia haver.

Enquanto isso, Lula, de olho nos louros da história, não está nem aí nem para um lado, nem para o outro. Ele só pensa no PAC e nos programas sociais, para legar um país economicamente vigoroso e com indicadores sociais que provem a dimensão de sua obra em prol dos mais pobres.

Essa angústia de governistas e oposicionistas, no entanto, encerra um risco enorme para os projetos do presidente. O nível de radicalização da oposição e da imprensa aumenta na mesma medida que a popularidade presidencial. O mesmo acontece com o nível de irritação dos governistas em relação à oposição midiática.

Intuo que mídia e oposição parecem ver um só caminho para retomarem o poder: derrubar Lula via impeachment. A crise fabricada dos cartões corporativos, no fim das contas, tinha como objetivo final encontrar alguma coisa que comprometesse o presidente.

Tenho certeza de que se o cavalo do impeachment passar encilhado e a oposição midiática montar nele, os movimentos sociais - e até cidadãos comuns, sem vinculação partidária - não hesitarão em ir às ruas, em radicalizar tanto quanto os meios de comunicação e a oposição.

A tensão entre o governo e a oposição midiática está muito longe de acabar. E se o país não conseguir uma fórmula para fazer com que estabeleçam um consenso mínimo que lhes permita uma relação menos insana, todos pagaremos um alto preço por essa insanidade em que se converteu a política nacional.

Nem para o PT, nem para o PSDB, no entanto, interessa que o país chegue em chamas a 2010. Se os tucanos e pefelistas acham mesmo que têm perspectiva de retomar o poder, devem conter sua matilha midiática.

Fonte: Blog Cidadania.com
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