segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Existe ensino neutro? por Plinio de Arruda Sampaio - fonte:(http://blogs.correiocidadania.com.br/plinio/)

Existe ensino neutro?

Escrito por Plínio de Arruda Sampaio in Geral, Política
Existe ensino neutro?
A censura a um livro didático por veicular propaganda ideológica levou-me a retirar da gaveta uma velha idéia sobre o sistema de ensino do país.

Apresentei-a, em 1985, em um congresso da AEC (Associação dos Educadores Cristãos), com a intenção de levá-la à Assembléia Nacional Constituinte.
Engavetei-a quando me certifiquei de que não havia apoio à idéia em área alguma. Resolvi voltar à carga agora, porque o problema permanece sem solução.
Nosso sistema de ensino precisa resolver duas questões centrais:
- a pendência sobre o conteúdo ideológico da educação.
-a enorme desigualdade na qualidade das escolas e;

Embora as duas questões estejam entrelaçadas, abordarei, por amor à brevidade, apenas a primeira neste blog, deixando a segunda para mais adiante.
O jornal O Estado de São Paulo estampou quatro exemplos de “propaganda ideológica” veiculada no livro do Professor Mario Schmidt - Nova História Crítica: “a propriedade privada separa as pessoas”; “o MST é instrumento de luta pela justiça social”; “a burguesia inglesa explorou outros países”; “Cuba conseguiu bons resultados na educação e na saúde”. (edição de 20/9/2007)
Para mim, todas essas informações são verdadeiras e gostaria que meus filhos (se ainda os tivesse em idade escolar) aprendessem nesse livro.
Ou será verdade dizer que “a propriedade privada une as pessoas”; que “o MST não luta pela justiça social”; que “a burguesia inglesa enriqueceu sem explorar ninguém”; e que “a educação e a saúde em Cuba são um descalabro” ? No entanto, quantos livros didáticos veiculam, aberta ou veladamente, essas inverdades, sem que o MEC se preocupe em censurá-los?
A solução do problema do caráter ideológico das escolas e dos livros didáticos, só poderá ser encontrada se essa realidade for assumida claramente: não há educação neutra.

Organizemos, portanto, o sistema de ensino do país com base nessa realidade, dando liberdade aos pais de alunos (e aos alunos adultos) de escolher, a partir de suas convicções ideológicas, a escola de seus filhos.
Aceito este princípio, o problema passa a ser prático. De que modo viabilizar um sistema nacional de ensino com base nele?
O primeiro passo consiste em tornar público todo o sistema de ensino brasileiro (sem lugar para escolas do Estado e para escolas particulares) e transformar todas escolas em comunidades (voluntárias) de pais de alunos (ou alunos adultos), professores, funcionários administrativos e de serviços.
A comunidade decidiria explicita e claramente que tipo de ideologia informaria o ensino a ser ministrado aos alunos. Haveria escolas católicas, evangélicas, atéias, islâmicas, marxistas, liberais - todas públicas.

Só assim se poria fim à afirmação hipócrita de que o ensino controlado pelo Estado é neutro. A solução do problema consiste, pois, em retirar o conteúdo do ensino do Ministério da Educação e entregá-lo aos pais, a fim de respeitar democraticamente o direito que eles têm de educar seus filhos segundo suas convicções.
Como organizar esse sistema? Isto fica para um segundo blog, se este despertar interesse.

Existe ensino neutro?
A censura a um livro didático por veicular propaganda ideológica levou-me a retirar da gaveta uma velha idéia sobre o sistema de ensino do país.

Apresentei-a, em 1985, em um congresso da AEC (Associação dos Educadores Cristãos), com a intenção de levá-la à Assembléia Nacional Constituinte.
Engavetei-a quando me certifiquei de que não havia apoio à idéia em área alguma. Resolvi voltar à carga agora, porque o problema permanece sem solução.
Nosso sistema de ensino precisa resolver duas questões centrais:
- a pendência sobre o conteúdo ideológico da educação.
-a enorme desigualdade na qualidade das escolas e;

Embora as duas questões estejam entrelaçadas, abordarei, por amor à brevidade, apenas a primeira neste blog, deixando a segunda para mais adiante.
O jornal O Estado de São Paulo estampou quatro exemplos de “propaganda ideológica” veiculada no livro do Professor Mario Schmidt - Nova História Crítica: “a propriedade privada separa as pessoas”; “o MST é instrumento de luta pela justiça social”; “a burguesia inglesa explorou outros países”; “Cuba conseguiu bons resultados na educação e na saúde”. (edição de 20/9/2007)
Para mim, todas essas informações são verdadeiras e gostaria que meus filhos (se ainda os tivesse em idade escolar) aprendessem nesse livro.
Ou será verdade dizer que “a propriedade privada une as pessoas”; que “o MST não luta pela justiça social”; que “a burguesia inglesa enriqueceu sem explorar ninguém”; e que “a educação e a saúde em Cuba são um descalabro” ? No entanto, quantos livros didáticos veiculam, aberta ou veladamente, essas inverdades, sem que o MEC se preocupe em censurá-los?
A solução do problema do caráter ideológico das escolas e dos livros didáticos, só poderá ser encontrada se essa realidade for assumida claramente: não há educação neutra.

Organizemos, portanto, o sistema de ensino do país com base nessa realidade, dando liberdade aos pais de alunos (e aos alunos adultos) de escolher, a partir de suas convicções ideológicas, a escola de seus filhos.
Aceito este princípio, o problema passa a ser prático. De que modo viabilizar um sistema nacional de ensino com base nele?
O primeiro passo consiste em tornar público todo o sistema de ensino brasileiro (sem lugar para escolas do Estado e para escolas particulares) e transformar todas escolas em comunidades (voluntárias) de pais de alunos (ou alunos adultos), professores, funcionários administrativos e de serviços.
A comunidade decidiria explicita e claramente que tipo de ideologia informaria o ensino a ser ministrado aos alunos. Haveria escolas católicas, evangélicas, atéias, islâmicas, marxistas, liberais - todas públicas.

Só assim se poria fim à afirmação hipócrita de que o ensino controlado pelo Estado é neutro. A solução do problema consiste, pois, em retirar o conteúdo do ensino do Ministério da Educação e entregá-lo aos pais, a fim de respeitar democraticamente o direito que eles têm de educar seus filhos segundo suas convicções.
Como organizar esse sistema? Isto fica para um segundo blog, se este despertar interesse.

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