quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A "ditadura" venezuelana é um exemplo mesmo - por Renato Rovai - fonte: http://www.revistaforum.com.br

(24/11/2007 23:26)

Acabo de receber uma mensagem do também blogueiro e sivuqueiro, além de mineiro, Hudson Lacerda. Aliás, tenho curiosidade de saber para que time o Hudson torce, porque tenho um amigo que garante que todos os que moram em Belo Horizonte são atleticanos. E que o Cruzeiro só tem torcida no interior do estado. Como ele é jornalista, desconfio da informação.

Aliás, falando em desconfiança de informações, o Hudson me envia um e-mail dizendo-me que está tramitando no Congresso um projeto para que se realizem mudanças em favor da transparência e conferibilidade do voto eletrônico. Isso é muito importante e desde já tem meu apoio.

Se vier a ser aprovado, o eleitor verá seu voto impresso, para que possa conferi-lo, e ainda terá sua foto no título de eleitor, para que outra pessoa não vote por ele.

Como o alguns leitores sabem, acompanhei eleições na Venezuela. E lá, pasmem, o processo já é mais avançado do que esse que se pretende implementar no Brasil. O eleitor quando chega para votar tem que colocar seu dedo indicador numa tela digital que o reconhece e mostra sua cara, como é comum hoje em alguns prédios de escritórios e repartições públicas de Brasília. Depois, tem esse seu dedo marcado com uma tinta que só sai depois de 24 horas, para que ele não volte e tente arrumar confusão, dizendo que outra pessoa se passou por ele. Após votar na urna eletrônica, uma máquina imprime o tal papel confirmando sua opção, como se quer fazer no Brasil, e ele, então, deposita esse voto numa urna física. Se por algum motivo se fizer necessária uma recontagem, basta abrir a urna física e conferir se o resultado bate com o da eletrônica.

Isso tudo, leitor, foi implantado nesses anos de governo Chávez. Antes, era um absurdo. Voto só no papel e com um título fajuto. E a maior parte da população nem sabia como tirar o título de eleitor. Nos anos Chávez o número de eleitores na Venezuela mais do que dobrou.

Não vamos misturar as coisas. Sou contra essa história de reeleição ilimitada proposta por Chávez. Considero que essa, inclusive, pode ser a sua tragédia. Mas isso não tem nada a ver com ditadura. Chávez radicalizou a democracia na Venezuela em diversos aspectos. Inclusive na transparência do voto. E por isso que tem voto. E por isso ganha eleições e mais eleições.

Para tentar convencer o cidadão comum de que na Venezuela está se criando um estado fascista, alguns idiotas que assinam matérias e fazem comentários na TV (e não são poucos) tem inventado todos os tipos de absurdo. Um deles é que Chávez na verdade ganha eleições porque as dirige. Por que esses não-jornalistas não perguntam parao Jimmy Carter o que ele acha dessa tese? Ele esteve lá acompanhando eleições, pode emitir opinião. Além disso, também começaram a falar que voto por voto, maioria por maioria, Hitler e Chávez são a mesma coisa.

Sugiro a leitura de um artigo do colega Max Altmann. Está ótimo. Ele conta a história da Alemanha pré-segunda guerra sem mais e nem menos. Já pedi para publicar no site, no próximo post passo o link.

Depois quem não estuda somos nós. Eles é que são os sabidos.


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