No início dos anos setenta, o advogado John W. Dean atuou por mais de dois anos como conselheiro da Casa Branca, no segundo mandato do ex-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, do Partido Republicano. De aliado, passou a opositor, após a divulgação do escândalo de Watergate, que consistiu na tentativa de instalação de escutas eletrônicas por ex-agentes da Central de Inteligência Americana (CIA), na sede do Comitê Nacional Democrata, no edifício Watergate, em Washington D.C., em 1972, objetivando a espionagem do Partido Democrata, num ano eleitoral. Em 1974, o escândalo veio à tona, havendo provas cabais de que Nixon tinha conhecimento da prática ilegal; desgastado politicamente, foi obrigado a renunciar à presidência.
Com muita propriedade, Dean adverte sobre o governo fechado de Bush II, onde tudo é sigiloso e tratado como segredo de Estado, porém, não passa de mero pretexto para práticas de diatribes imperialistas e, consecutivamente, usurpar a liberdade individual, tão cara à nação mais poderosa do mundo.
Dean centra fogo na dupla Bush-Cheney, considerando este não apenas o vice, mas um co-presidente, o ideólogo de ações bélicas, como a invasão ao Iraque, que trama na surdina estratégias imperialistas, influenciando Bush II a tomar decisões equivocadas, com resultados desastrosos, piores que o escândalo de Watergate. Chega a sugerir que Bush-Cheney foram alertados pelos serviços secretos sobre a iminência de um ataque terrorista em grandes proporções, pela Al Qaeda, nos Estados Unidos, porém, nada fizeram para impedir, já que necessitavam de um motivo convincente para perseguir o terrorismo pelo mundo. Os resultados foram as catástrofes de 11 de setembro de 2001, e as invasões do Afeganistão e do Iraque.
Dean destaca o rol de falácias para invadir o Iraque, demonstrando o quanto o governo de Bush II é pérfido, com vocação ditatorial e vingativo com aqueles que discordam das ações. Supõe que Bush II possa ser eleito para um segundo mandato, já que vinha explorando o medo provocado na sociedade americana, com o 11 de setembro. Isto de fato aconteceu. Também supõe que, mesmo vencendo, Bush II perderia a maioria no Congresso, se não no ano de sua eleição, dali a dois anos. Foi o que ocorreu em 2006, com o Partido Democrata controlando o Senado e a Câmara de Representantes.
Longe de atacar gratuitamente o governo de Bush II, Dean relata documentalmente suas considerações, fundamentando cada linha de pensamento e execrando o sigilo numa nação democrática, porque este vai na contramão dos interesses do povo, servindo aos governantes com sede de poder - e ao terrorismo, que encontra brechas para agir.
Mais resenhas:
Uma impressionante denúncia contra o governo de Bush - é isso que John Dean nos apresenta neste livro. Ele reúne devastadora evidência sobre a obsessão do presidente pela ocultação de fatos e provas, e mostra as horrendas conseqüências desse retorno a um governo ao estilo de Nixon. Esta obra ``junta os pontos``, revelando a agenda oculta de uma Casa Branca envolvida em segredo e de uma presidência que deseja permanecer em sigilo, intocável. Na inflamada exposição de seu caso contra o presidente Bush e o vice-presidente Dick Cheney, John Dean revela, entre outros fatos, até ofensas criminais:
• Como a administração de Bush explorou desvergonhadamente a tragédia de 11 de setembro, ao mesmo tempo em que trabalhava secretamente para acobertar todos os esforços para se descobrir por que os Estados Unidos estavam tão desesperados.
• Como a decisão profundamente falha de Bush está custando o sangue e o bem-estar de americanos no estrangeiro e a perda dos direitos e ds liberdades civis no país, ao mesmo tempo em que os torna apenas mais vulneráveis ao terrorismo.
• Como uso descarado e não controlado que Bush e Cheney fazem da obstrução, do abafamento e da enganação, ao estilo de Nixon, tem ocultado negócios do governo os quais o público tem o direito de conhecer.
• Como Bush e Cheney têm adotado um estilo ``Nixoniano`` de responder a todo e qualquer esforço do Congresso e da mídia no sentido de checarem seu uso e abuso de poder.
Pior que Watergate revela de maneira brilhante os sérios perigos representados por um presidente que, como Nixon, é um jogador que acredita estar acima da lei. De um modo irrefutável, John Dean nos apresenta a tese de que a administração Bush é, em sua intenção e alcance, a ameaça mais potencialmente perigosa aos Estados Unidos na recente história política. Chocante e revelador, Pior que Watergate é um livro que a equipe de Bush não deseja que você leia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário