terça-feira, 2 de setembro de 2008

O QUE VOCÊ PRECISA SABER QUE OS JORNAIS NÃO CONTAM

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por Luiz Carlos Azenha

Eu acho os jornais brasileiros abomináveis, especialmente na política externa. São incapazes de articular uma cobertura que dê conta do novo papel que o Brasil está desempenhando no cenário internacional.

Isso independe de governo. O Fla x Flu da política doméstica parece ter contaminado até mesmo a cobertura internacional.

Qual o impacto que o pré-sal terá no papel do Brasil, se de fato terá algum?

Os Estados Unidos tornarão o Brasil um parceiro preferencial por causa das descobertas de petróleo?

Quando o Obama disse que em dez anos pretende livrar os Estados Unidos do petróleo importado do Oriente Médio está contando com petróleo brasileiro, da Venezuela e da África?

Se sim, isso tem relação com o fato de que os Estados Unidos criaram um comando militar para a África?

Isso tem relação com a volta da Quarta Frota?

Pegue a coleção da Folha de S. Paulo, que se acha o melhor jornal do Brasil, e faça essas perguntas ao matutino paulistano.

Vão alegar que o jornal está distraído, polemizando com o Caetano Veloso.

O que falta aos jornais brasileiros? Em minha opinião, falta pensar o Brasil. Pensar o país fora das amarras de seus próprios interesses políticos e econômicos -- ou, se isso é impossível, acima deles.

Por outro lado, é muito mais barato reproduzir artigos distribuídos por agências em vez de investir em jornalistas de qualidade distribuídos pelas capitais mais importantes do mundo.

Você, caro leitor, acha que o fim do mundo tem importância?

Se você acha que o fim do mundo tem importância, como notícia, não gostaria de saber o que estão pensando sobre o fim do mundo em Washington, Paris, Londres, Moscou e Beijing?

Os jornais brasileiros pararam de pensar nisso lá atrás, quando caiu o muro de Berlim.

Mas o mundo insistiu em continuar existindo -- com seus arsenais nucleares.

O dos Estados Unidos foi modernizado. O da Rússia se deteriorou.

E, de lá para cá, os Estados Unidos podem ter atingido a chamada "supremacia nuclear". O que isso significa? Que o Pentágono acredita que pode vencer uma guerra nuclear contra a Rússia e a China.

Você acha que isso é notícia? Eu acho.

E é importante pelo simples fato de que, a partir dela, você entende muito melhor os movimentos dos países no cenário internacional.

O que explica a insistência dos Estados Unidos em instalar um sistema de mísseis anti-míssil na Europa Oriental?

O que levou os russos a ficarem apopléticos com isso?

O fato de que os Estados Unidos atingiram a supremacia nuclear e, com isso, se consideram muito mais à vontade para usar a força em qualquer parte do mundo.

O sistema anti-mísseis dos Estados Unidos, que começou a ser desenvolvido durante o governo Reagan -- e foi batizado de Guerra nas Estrelas -- só faz sentido nesse contexto. Certo de que tem a supremacia nuclear e de que, num eventual ataque, conseguiria destruir a maior parte dos submarinos, bombardeiros e mísseis russos ou chineses, os Estados Unidos desenvolvem um sistema que, mesmo falho, poderia reduzir o impacto de qualquer contra-ataque.

Mas, a acreditar no que sai nos jornais brasileiros, o Vladimir Putin acordou um dia Lobo Mau e decidiu fazer o papel de vilão.

Os jornais brasileiros estão fascinados com a arte e com os boxes. Informação é para tapar o buraco que sobra das propagandas.

Por isso, o Viomundo vai traduzir um artigo que vai ajudar você a entender melhor o que está acontecendo. Há vários. Vou selecionar o que for mais didático.

Na Folha custa 4 reais. Aqui é de grátis.

Fonte: Vi o Mundo

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