segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Temor pelos bancos provoca segunda-feira negra

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da Redação Carta Capital

O temor pela saúde das instituições financeiras produzia esta tarde uma "segunda-feira negra" na Bolsa de Valores de Nova York.

A queda tinha relação apenas marginal com a não aprovação, pelo Congresso dos Estados Unidos, do pacote de ajuda de U$ 700 bilhões com dinheiro público. A legislação foi derrotada por 228 votos a 205, com votos contrários tanto de republicanos quanto de democratas.

O pessimismo contaminou os negócios antes mesmo da votação, com a constatação de que a crise tinha chegado com força a instituições européias, depois que o governo inglês nacionalizou o banco Bradford & Bingley, os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo socorreram o Fortis, o da Alemanha organizou o resgate da Hypo Real Estate e o governo da Islândia estatizou parcialmente o Glitnir, segundo maior banco do país.

Nos Estados Unidos, o Tesouro e o Banco Central, em conjunto com o Citicorp, anunciaram uma operação de salvamento do Wachovia.

Na semana passada os Estados Unidos viram a maior falência bancária de sua história com a quebra do banco Washington Mutual.

No meio da tarde a bolsa de Valores de Nova York perdia mais de 500 pontos. As ações de um banco, o National City Corporation estavam em queda de 47%.

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Medo e pânico na Bolsa de São Paulo

da Redação Carta Capital

A ansiedade provocada pela não aprovação do pacote de ajuda às instituições financeiras prometido pelo governo norte-americano provocou a interrupção do pregão da Bovespa na tarde desta segunda-feira, o que não acontecia desde 11 de setembro de 2001, dia dos antentados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.

O circuit-braker, mecanismo destinado a evitar perdas maiores no mercado de ações, foi acionado quando o índice que mede a movimentação do mercado de ações registrou perda de 10,16%. Por definição, as operações na bolsa são retomadas 30 minutos após a interrupção forçada, o que no caso de hoje aconteceu às 15h20.

Em um movimento complementar, os contratos de dólar futuro chegaram a ter sua negociação interrompida por cerca de 15 minutos na tarde desta segunda-feira, ao atingir o teto permitido de R$ 1,97.

O pacote do governo dos EUA, que prevê cerca 700 bilhões de dólares para comprar créditos podres, foi rejeitado pela Câmara norte-americana por 228 a 205, com votos não apenas de congressistas republicanos, mas também de seus pares democratas.

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Roubini propõe ação coordenada para evitar "derretimento sistêmico"

"Quando os investidores não acreditam nem mesmo em instituições veneráveis como o Morgan Stanley e a Goldman Sachs você sabe que a crise financeira é severa e o temor de colapso não poupa ninguém", escreveu hoje o economista Nouriel Roubini ao avaliar a crise que afetou instituições financeiras de vários países nas últimas horas. Ele sugere que os dois bancos de investimento dos Estados Unidos, os únicos que sobreviveram, procurem sócios estrangeiros.

Roubini foi sempre uma voz pessimista em relação à crise financeira.

"Quando a opção nuclear de um plano de resgate de U$ 700 bilhões não consegue provocar a recuperação dos mercados (que estão em queda livre hoje), você sabe que há uma crise global de confiança no sistema financeiro", escreveu o economista antes da votação em que, por 228 votos a 205, o Congresso americano rejeitou o plano proposto pelo governo Bush.

"O próximo passo deste pânico pode se tornar a mãe de todas as corridas bancárias, isto é, uma corrida ao mercado interbancário de curto prazo que garante os bancos e o sistema financeiro dos Estados Unidos como resultado de preocupação de bancos estrangeiros como a segurança de sua exposição; essa saída silenciosa já começou", escreveu Roubini.

"Se essa corrida se acelerar -- o que pode acontecer -- um derretimento completo do sistema financeiro dos Estados Unidos poderia ocorrer. Estamos agora em pânico generalizado e de volta ao risco de um derretimento de todo o sistema financeiro. As autoridades dos Estados Unidos e de outros países não têm noção do que fazer em seguida. Talvez devessem começar a coordenar uma redução das taxas de juros em todas as grandes economias do mundo para mostrar que reconhecem e pretendem enfrentar a rápida piora da crise financeira", sugeriu o economista.

Fonte: Carta Capital

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