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Se as pessoas lerem apenas os diários Wall Street Journal e o The New York Times, ou se assistirem apenas o canal de notícias CNBC, pensarão que a crise financeira, ou de endividamento, é algo que somente afeta Wall Street, apesar das esporádicas notícias de ''interesse humano'' sobre as execuções de hipotecas e seu impacto sobre os inquilinos e proprietários.
Por Gerry Scoppettuolo, para o Workers World
Protesto contra despejo em Virginia
A verdade sobre a epidemia de liqüidações pelos bancos está sendo escrita nas ruas e nos bloqueios dos despejos e nas lutas comunitárias. Os verdadeiros atores neste drama não são os poderosos corretores das ações ou os funcionários que manejam este mercado, mas sim as famílias operárias — negras, latinas e brancas — que estão lutando ao organizar comitês comunitários e unir-se a manifestações e comícios.
Uma líder nesta luta é Paula Tylor, cuja casa nas vizinhanças de Roxbury, em Boston, foi retomada pelo Bank of America em 5 de setembro passado, enquanto um grupo multinacional de 75 pessoas se postava ao redor da casa, no que foi o oitavo bloqueio contra os despejos neste ano.
O xerife policial, com uma esquadra de 16 policiais de Boston, prendeu quatro pessoas na luta que durou duas horas. Os manifestantes se acorrentaram à porta traseira da casa de Paula, depois que os agentes da polícia foram bloqueados na porta principal. Jim Brook, um integrante negro do grupo pró-direitos dos inquilinos Boston's City Life, acabou acorrentando sua cadeira de rodas ao balcão da casa. Assim que a polícia foi embora, uma delegação de manifestantes, sob a liderança da City Life, rumou até a agência do Bank of America mais próxima, onde continuaram o seu protesto.
Um dos vereadores de Boston, Chuck Turner, participou do bloqueio, que também foi realizado por participantes das Ongs Vida Urbana, Four Corners Neighborhood Association, o sindicato Service Employees, a Alternative for Community and Environemnt (ACE), o T Riders Union, a Rede de Mulheres em Luta, a unidade F.I.S.T de Boston e o Centro de Ação Internacional.
Em 17 de setembro três grandes manifestações contra as liqüidações ocorreram nos Estados Unidos: em Michigan, os manifestantes se reuniram no Capitólio Lansing, às 11h, para realizar uma ação em massa que chamaram de ''Moratória Já!'', defendida pela Coalizão para Deter as Liqüidações e Despejos. Os manifestantes exigiram que seja promulgada uma moratória de dois anos contra as liqüidações e que essa ação seja introduzida na legislação do estado.
Também em 17 de setembro, outra manifestação teve lugar em Los Angeles,
diante do Edifício Federal, exigindo que se declare uma moratória contra as liqüidações de caráter nacional.
Em 20 de setembro, outra manifestação tomou a esquina da Avenida Mass com rua Albany, diante do Banco Countrywide, em uma manifestação organizada pela Rede de Mulheres em Luta de Boston. A manifestação faz parte de uma campanha permanente, exigindo que o governador de Massachussets use seu poder constitucional para declarar Estado de Emergência Econômica e promulgue ordens para deter os cortes de água e eletricidade, as liqüidações e os despejos e reduza os preços dos alimentos e combustíveis.
A Rede Nacional Ad-Hoc para Deter as Liqüidações e os Despejos (Ad-Hoc National Network to Stop Forclosures and Evictions) enviou uma carta de emergência em 16 de setembro ao Comitê Senatorial sobre Bancos, Moradias e Assuntos Urbanos, exigindo uma moratória nacional contra as retomadas.
A lei federal impõe uma moratória obrigatória por 90 dias nas execuções hipotecárias durante um estado de emergência declarado pelo governo. A carta assinala que a recente estatização das agências Fannie Mae e Freddie Mac é, de fato, uma declaração de estado de emergência, e que o governo deve cumprir com suas próprias leis e implementar uma moratória obrigatóra das execuções hipotecárias que são propriedade ou estejam asseguradas por estas instituições.
A Rede também lançou uma campanha de petições na internet dirigida ao novo dirigente da Fannie Mae e Freddie Mac, ao secretário do Tesouro, aos Comitês do Sistema Bancário e de Finanças do Senado e da Câmara de Representantes, demandando uma nova moratória federal sobre as execuções hipotecárias e os despejos.
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