quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Eleições Americanas - Faltou combinar com o adversário!

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por Luiz Carlos Azenha

O senador republicano John McCain já demonstrou que está disposto a romper com os formatos tradicionais da campanha presidencial dos Estados Unidos. Os adversários atribuem isso ao desespero ou à impaciência. Os aliados dizem que reforça a imagem do reformista.

Quando um furacão ameaçava a costa dos Estados Unidos, trazendo de volta a lembrança da inépcia dos republicanos para lidar com as conseqüências do Katrina, McCain tomou a iniciativa de convocar os americanos a ajudar as eventuais vítimas, viajou para a região ameaçada e adiou o início da Convenção Republicana.

Quando se esperava que ele escolhesse o democrata Joe Lieberman para formar chapa, atraindo com isso os eleitores independentes, McCain surpreendeu e indicou a governadora do Alasca, Sarah Palin, numa concessão à direita religiosa cuja militância foi essencial para levar George W. Bush duas vezes à Casa Branca.

Agora, quando a crise do mercado financeiro ameaça dinamitar as pretensões de McCain, o republicano decidiu suspender a campanha e viajar para Washington. O objetivo, supostamente, é convencer aliados republicanos a aprovar o pacote de ajuda às instituições financeiras proposto pela Casa Branca, de 700 bilhões de dólares.

McCain também propôs adiar o primeiro debate presidencial, marcado para amanhã, para quinta-feira da semana que vem, em substituição ao único debate entre os candidatos a vice, que ficaria para depois.


Desde que a crise se agravou no mercado financeiro as pesquisas mostram uma mudança de quadro, com a vantagem de Barack Obama entre aqueles que pretendem votar em 4 de novembro oscilando entre 4% e 9% nas mais recentes.

Estrategistas de campanha dizem que McCain precisava mesmo de um gesto dramático para evitar que Obama abra uma margem insuperável nos 40 dias que restam até a eleição, já que o eleitorado consistentemente diz acreditar que o democrata é melhor preparado que o republicano para lidar com a economia.

Além disso, a campanha de McCain tem interesse em adiar o debate da vice Sarah Palin com o veterano Joe Biden. Nos últimos dias Palin foi despachada para Nova York, onde teve uma série de encontros com líderes mundiais que estão na cidade participando da abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas.

Um pesquisa publicada pelo Wall Street Journal mostra que os eleitores duvidam do preparo de Palin para ocupar a Casa Branca: 49% disseram que ela "não está preparada", 40% que sim. A governadora do Alasca só deu uma entrevista até agora desde que foi escolhida e cometeu duas gafes especialmente custosas.

Ficou perdida quando o entrevistador perguntou a ela sobre a "doutrina Bush" de ataques preventivos e sugeriu que o fato de ser do Alasca, de onde se vê o território da Rússia, deveria contar pontos para o currículo dela em questões internacionais.

A tentativa de adiar o debate de Palin com o senador Joe Biden, vice de Obama, seria uma tentativa de ganhar tempo. Nos encontros bilaterais em Nova York os assessores de Palin evitam as perguntas de repórteres e em alguns casos exigem que o registro das imagens seja feito sem som.

Em pelo menos um encontro faltou aos assessores "combinar com o adversário". O sorridente presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, ao cumprimentar Palin disse que ela era muito mais atraente pessoalmente do que pela TV. É justamente a imagem que os republicanos querem evitar, agora que tentam convencer os eleitores de que Sarah Palin, em 40 dias de treinamento, estará apta a ajudar McCain a evitar o colapso da economia dos Estados Unidos e vencer duas guerras.

Fonte: Carta Capital

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