segunda-feira, 29 de setembro de 2008

NINGUÉM SABE O QUE VAI ACONTECER EM WALL STREET

::

por Luiz Carlos Azenha

Se alguém disser que sabe o que vai acontecer em Wall Street desconfie. Ninguém sabe exatamente. Nem os republicanos, nem os democratas, nem o Bush, nem o Congresso.

Só os neocons caboclos, os da "Veja", já decidiram: Tio Sam resgatou o mundo. Isso é que dá a Abril ter suas duas sedes ao lado das águas poluídas dos rios Tietê e Pinheiros. Embaça o raciocínio.

O que admiro nos Estados Unidos, para terror de alguns dos meus queridos leitores, é que lá o Congresso às vezes responde ao clamor público.

Aqui no Brasil o interesse de um particular convoca uma CPI e faz o contribuinte pagar pela defesa pública de um banqueiro.

Mas a gente não vai esquecer do papel desempenhado por gente como o senador Heráclito Fortes, o deputado Raul Jungmann ou o deputado Marcelo Itagiba. Ou vai? Tem aquele outro canastrão, paulista, que parece personagem de filme do Zé do Caixão. Guardem o nome dele.

Mas voltando aos Estados Unidos, o que os republicanos fizeram foi assumir a defesa do dinheiro público. De uma forma que é raro ver no Brasil. Aqui quando parlamentares se reúnem é melhor proteger a carteira.

A questão essencial desse pacote é a seguinte: quanto o governo americano vai pagar pelos papéis podres de Wall Street?

Dez centavos, vinte, trinta para cada dólar?

Os bancos querem receber pelos papéis mais do que eles valem no mercado, mas ninguém sabe exatamente quanto esses papéis valem, já que ninguém quer comprar.

Se você der dinheiro público pelos papéis, estará de alguma forma financiando os bancos.

Se não der, a quebradeira generalizada poderá arrastar todo o resto da economia.

O que os republicanos buscam, nesse momento, é alguma forma de garantir retorno futuro para os contribuintes, mais ou menos na linha do que também querem alguns democratas, dentre os quais Barack Obama.

Ou seja, o Tesouro entra com o dinheiro agora, fica com os papéis, mas tem a garantia de que no futuro, se houver lucro com os títulos podres, o dinheiro volta para o cofre público.

A questão é que nem mesmo se o pacote for aprovado e se houver injeção de até 700 bilhões de dólares no mercado há a garantia de que o esquema vai funcionar.

Os banqueiros sabem melhor do que ninguém que não dá para atirar dinheiro bom sobre papel ruim.

Está todo mundo com medo de emprestar e de financiar o funcionamento da economia.

Está todo mundo jogando na defesa.

Está todo mundo desconfiado.

E há muitas boatarias no mercado sobre a situação financeira de diversos bancos.

Depois da quebra do Washington Mutual, quem será o próximo? O Wachovia?

O ponto nevrálgico do problema é justamente esse: instituições financeiras em estado pré-falimentar estão agindo como se tudo estivesse às mil maravilhas.

E a incerteza é uma pílula amarga para um mercado financeiro cujo produto central é o otimismo. Ainda que por trás dele haja um cenário desagradável.

Fonte: Vi o Mundo

::


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: