sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quem precisa do PiG?: Mídia independente mostra quem é Daniel Dantas

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por André Lux



Nem vou perder meu tempo comentando a cobertura do PiG - Partido da imprensa golpista - sobre o caso Daniel Dantas. Basta dizer que é grotesca e ridícula, para não dizer simplesmente criminosa, transformando suspeitos de crimes em "santos" e investigadores e juízes em "bandidos". Tudo numa claríssima intenção de beneficiar Dantas e, de quebra, inventar mais uma "crise institucional" contra o governo do PT.

Enfim, quem tem estômago para consumir esse lixo, que seja feliz. Só não esqueça que, ao comprar ou assinar o PiG, você estará ajudando a sustentar justamente quem tanto critica...

Eu prefiro buscar informações em outras praias bem menos poluídas. Para quem segue essa mesma linha de pensamento, sugiro a leitura das revistas Carta Capital desta semana, bem como das mensais Fórum, Caros Amigos e Revista do Brasil. Todas elas trazem análises e informações sobre as acusações contra Daniel Dantas, suas origens e as manobras inacreditáveis que seus aliados no Congresso, no Judiciário e na mídia inventam para protegê-lo.

Reproduzo abaixo um resumo das origens de DD, publicado na Revista do Brasil. Não deixem de ler, caso contrário podem acabar achando que o orelhudo é mesmo uma pobre vítma de conspirações comunistas...

Cenas de um casamento

1987
O Conselho Monetário Nacional edita o Anexo 4, resolução que permite a pessoas residentes no exterior aplicar em fundos de investimentos no Brasil, sem pagar imposto sobre os rendimentos.

1994
Daniel Dantas funda o Banco Opportunity, com foco em gerir recursos de terceiros em fundos de investimentos.

1996
Com sua irmã Verônica e com Pérsio Arida, Dantas cria o Opportunity Fund, amparado no Anexo 4, com sede no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, de onde aporta para o Brasil investimentos de estrangeiros e de brasileiros que moram no exterior. Com garantia de anonimato e isenção de imposto. Pérsio Arida foi presidente do BNDES de set/1993 a jan/1995. Era casado com Elena Landau, também diretora do banco. Ambos trabalham na montagem do programa de desestatização do governo FHC. Arida presidiu-o antes de se associar a Dantas. Elena trabalhou para o Opportunity e hoje atua no escritório de advocacia Barbosa, Müssnich & Aragão, um dos que atendem as organizações Dantas.

O advogado Luiz Leonardo Cantidiano, especializado em estruturação societária, que também integrou o conselho do BNDES entre 1996 e 1998, trabalha para o Opportunity. Ele monta o complexo aparato que dará poder de comando ao banco nas privatizações, mesmo sendo minoritário. E representa o fundo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão federal responsável por fiscalizar empresas que negociam ações em bolsas de valores.

1997
O Citibank se aproxima. Terceiriza sua entrada nos leilões da Telebrás, como sócio oculto representado pelo Opportunity. O governo FHC também dará a Dantas poder para gerir os recursos dos fundos de pensão das estatais nas privatizações. Dantas será manda-chuva da Brasil Telecom mesmo detendo menos de 10% do capital.

1998
O governo FHC leiloa, em julho, o Sistema Telebrás, fatiado em 12 empresas. Consórcio formado pelo Opportunity, Telecom Itália e fundos de pensão, fica com a Tele Centro Sul, que vira Brasil Telecom (BrT) e opera a telefonia fixa das regiões Centro-Oeste e Sul. Na telefonia móvel, Dantas se associa à canadense TIW e aos fundos de pensão para assumir a Telemig Celular e a Amazônia Celular.

Depois da privatização, surgem na imprensa conversas grampeadas entre FHC, André Lara Resende (presidente do BNDES), Luiz Carlos Mendonça de Barros (ministro das Comunicações) e Ricardo Sérgio de Oliveira (diretor da área internacional do BB). Indícios de cartas marcadas no leilão, que arrecadou R$ 22 bilhões. “Estamos no limite da irresponsabilidade... Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”, diz Ricardo Sérgio a Mendonça de Barros. Nenhuma denúncia é investigada. O procurador-geral da União, Geraldo Brindeiro, é apelidado de engavetador-geral. O advogado-geral do governo era o atual presidente do STF, Gilmar Mendes.

1999
Surgem atritos entre os fundos de pensão e o Opportunity. Parte das direções dos fundos se insurge contra o excesso de poder e os abusos de Dantas na BrT. Dantas ganha a inimizade de um ex-sócio, Luiz Roberto Demarco, que denuncia operações do Opportunity Fund para cotistas residentes no Brasil, o que não é permitido.

2000
A CVM vê irregularidades nas contas de Dantas e determina que sejam refeitas. Não demora, e a CVM mudará de comando.

2002
O delegado da PF Deuler Rocha, que investigava os passos de Ricardo Sérgio nas privatizações, é afastado. Ricardo Sérgio, tesoureiro de campanhas de FHC e José Serra, é acusado de pedir propina por influenciar os leilões. Em maio, FHC recebe Daniel Dantas em jantar. Em junho, intervém na Previ e tira poder de representantes eleitos pelos funcionários nas guerrilhas contra Dantas. E nomeia Luiz Leonardo Cantidiano, advogado do Opportunity, para presidir a CVM.

Luiz Gushiken, coordenador da campanha de Lula à Presidência, veta tentativas do Opportunity de fazer contribuição financeira ao PT. E diz que o banqueiro estaria “perdido” no governo petista. Mas Dantas ainda conseguiria aproximar-se de grupos do PT.

2003
Dentro do governo, Gushiken estimula os fundos de pensão na briga para destituir o Opportunity da gestão da BrT.

2004
A PF descobre que a agência americana de espionagem Kroll, contratada por Dantas e a BrT, vasculha a vida de integrantes do governo e da Telecom Itália. A Kroll batiza uma de suas ações de “Projeto Tokyo”, possível alusão a um de seus espionados, o ministro Gushiken, de ascendência nipônica. A Operação Chacal, da PF, apreende centenas de quilos de documentos e computadores de Dantas, do Opportunity e da BrT.

2005
O Citibank rompe com Opportunity. A Previ lidera a retomada do controle da BrT. Dados do computador apreendido do Opportunity apontam que o banco abasteceu o chamado Valerioduto, esquema montado com o empresário Marcos Valério para financiar políticos e partidos que funcionava desde 1998, na eleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas.

2006
O PFL, liderado pelo senador Heráclito Fortes (PI), tenta blindar Dantas na CPI. À revelia do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) insere o nome do banqueiro no relatório final, que sugere o indiciamento de Dantas por corrupção ativa.

2008
Operação Satiagraha. Por ordem do juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de SP, a PF prende 24 pessoas. A Satiagraha é um desdobramento da Operação Chacal. É resultado de quatro anos de investigação chefiada pelo delegado Protógenes Queiroz. Além do juiz e do delegado, compõem a ofensiva os procuradores do Ministério Público Federal Rodrigo de Grandis e Ana Osório e os delegados Karina Marakemi, Vitor Hugo Rodrigues e Carlos Magro.

Três dos 24 presos ilustres – Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta – são soltos, por ordem do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Hugo Chicaroni confessou ter, em companhia do ex-diretor da BrT Humberto Braz, e a mando de Dantas, tentado comprar por R$ 1 milhão o delegado Vitor Hugo.

Os próximos meses dirão como andarão as investigações. Protógenes deixou de presidir o caso reclamando de falta de estrutura. No dia 21 de julho, em seu lugar, assumiu o delegado Ricardo Saad, especializado em crimes financeiros.

Link para o texto na Revista do Brasil.

Fonte: Blog Tudo em Cima

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