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por André Lux
Nem vou perder meu tempo comentando a cobertura do PiG - Partido da imprensa golpista - sobre o caso Daniel Dantas. Basta dizer que é grotesca e ridícula, para não dizer simplesmente criminosa, transformando suspeitos de crimes em "santos" e investigadores e juízes em "bandidos". Tudo numa claríssima intenção de beneficiar Dantas e, de quebra, inventar mais uma "crise institucional" contra o governo do PT.
Enfim, quem tem estômago para consumir esse lixo, que seja feliz. Só não esqueça que, ao comprar ou assinar o PiG, você estará ajudando a sustentar justamente quem tanto critica...
Eu prefiro buscar informações em outras praias bem menos poluídas. Para quem segue essa mesma linha de pensamento, sugiro a leitura das revistas Carta Capital desta semana, bem como das mensais Fórum, Caros Amigos e Revista do Brasil. Todas elas trazem análises e informações sobre as acusações contra Daniel Dantas, suas origens e as manobras inacreditáveis que seus aliados no Congresso, no Judiciário e na mídia inventam para protegê-lo.
Reproduzo abaixo um resumo das origens de DD, publicado na Revista do Brasil. Não deixem de ler, caso contrário podem acabar achando que o orelhudo é mesmo uma pobre vítma de conspirações comunistas...
Cenas de um casamento
1987
O Conselho Monetário Nacional edita o Anexo 4, resolução que permite a pessoas residentes no exterior aplicar em fundos de investimentos no Brasil, sem pagar imposto sobre os rendimentos.
1994
Daniel Dantas funda o Banco Opportunity, com foco em gerir recursos de terceiros em fundos de investimentos.
1996
Com sua irmã Verônica e com Pérsio Arida, Dantas cria o Opportunity Fund, amparado no Anexo 4, com sede no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, de onde aporta para o Brasil investimentos de estrangeiros e de brasileiros que moram no exterior. Com garantia de anonimato e isenção de imposto. Pérsio Arida foi presidente do BNDES de set/1993 a jan/1995. Era casado com Elena Landau, também diretora do banco. Ambos trabalham na montagem do programa de desestatização do governo FHC. Arida presidiu-o antes de se associar a Dantas. Elena trabalhou para o Opportunity e hoje atua no escritório de advocacia Barbosa, Müssnich & Aragão, um dos que atendem as organizações Dantas.
O advogado Luiz Leonardo Cantidiano, especializado em estruturação societária, que também integrou o conselho do BNDES entre 1996 e 1998, trabalha para o Opportunity. Ele monta o complexo aparato que dará poder de comando ao banco nas privatizações, mesmo sendo minoritário. E representa o fundo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão federal responsável por fiscalizar empresas que negociam ações em bolsas de valores.
1997O Citibank se aproxima. Terceiriza sua entrada nos leilões da Telebrás, como sócio oculto representado pelo Opportunity. O governo FHC também dará a Dantas poder para gerir os recursos dos fundos de pensão das estatais nas privatizações. Dantas será manda-chuva da Brasil Telecom mesmo detendo menos de 10% do capital.
1998
O governo FHC leiloa, em julho, o Sistema Telebrás, fatiado em 12 empresas. Consórcio formado pelo Opportunity, Telecom Itália e fundos de pensão, fica com a Tele Centro Sul, que vira Brasil Telecom (BrT) e opera a telefonia fixa das regiões Centro-Oeste e Sul. Na telefonia móvel, Dantas se associa à canadense TIW e aos fundos de pensão para assumir a Telemig Celular e a Amazônia Celular.
Depois da privatização, surgem na imprensa conversas grampeadas entre FHC, André Lara Resende (presidente do BNDES), Luiz Carlos Mendonça de Barros (ministro das Comunicações) e Ricardo Sérgio de Oliveira (diretor da área internacional do BB). Indícios de cartas marcadas no leilão, que arrecadou R$ 22 bilhões. “Estamos no limite da irresponsabilidade... Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”, diz Ricardo Sérgio a Mendonça de Barros. Nenhuma denúncia é investigada. O procurador-geral da União, Geraldo Brindeiro, é apelidado de engavetador-geral. O advogado-geral do governo era o atual presidente do STF, Gilmar Mendes.
1999
Surgem atritos entre os fundos de pensão e o Opportunity. Parte das direções dos fundos se insurge contra o excesso de poder e os abusos de Dantas na BrT. Dantas ganha a inimizade de um ex-sócio, Luiz Roberto Demarco, que denuncia operações do Opportunity Fund para cotistas residentes no Brasil, o que não é permitido.
2000
A CVM vê irregularidades nas contas de Dantas e determina que sejam refeitas. Não demora, e a CVM mudará de comando.
2002
O delegado da PF Deuler Rocha, que investigava os passos de Ricardo Sérgio nas privatizações, é afastado. Ricardo Sérgio, tesoureiro de campanhas de FHC e José Serra, é acusado de pedir propina por influenciar os leilões. Em maio, FHC recebe Daniel Dantas em jantar. Em junho, intervém na Previ e tira poder de representantes eleitos pelos funcionários nas guerrilhas contra Dantas. E nomeia Luiz Leonardo Cantidiano, advogado do Opportunity, para presidir a CVM.
Luiz Gushiken, coordenador da campanha de Lula à Presidência, veta tentativas do Opportunity de fazer contribuição financeira ao PT. E diz que o banqueiro estaria “perdido” no governo petista. Mas Dantas ainda conseguiria aproximar-se de grupos do PT.
2003
Dentro do governo, Gushiken estimula os fundos de pensão na briga para destituir o Opportunity da gestão da BrT.
2004
A PF descobre que a agência americana de espionagem Kroll, contratada por Dantas e a BrT, vasculha a vida de integrantes do governo e da Telecom Itália. A Kroll batiza uma de suas ações de “Projeto Tokyo”, possível alusão a um de seus espionados, o ministro Gushiken, de ascendência nipônica. A Operação Chacal, da PF, apreende centenas de quilos de documentos e computadores de Dantas, do Opportunity e da BrT.
2005
O Citibank rompe com Opportunity. A Previ lidera a retomada do controle da BrT. Dados do computador apreendido do Opportunity apontam que o banco abasteceu o chamado Valerioduto, esquema montado com o empresário Marcos Valério para financiar políticos e partidos que funcionava desde 1998, na eleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas.
2006
O PFL, liderado pelo senador Heráclito Fortes (PI), tenta blindar Dantas na CPI. À revelia do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) insere o nome do banqueiro no relatório final, que sugere o indiciamento de Dantas por corrupção ativa.
2008Operação Satiagraha. Por ordem do juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de SP, a PF prende 24 pessoas. A Satiagraha é um desdobramento da Operação Chacal. É resultado de quatro anos de investigação chefiada pelo delegado Protógenes Queiroz. Além do juiz e do delegado, compõem a ofensiva os procuradores do Ministério Público Federal Rodrigo de Grandis e Ana Osório e os delegados Karina Marakemi, Vitor Hugo Rodrigues e Carlos Magro.
Três dos 24 presos ilustres – Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta – são soltos, por ordem do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Hugo Chicaroni confessou ter, em companhia do ex-diretor da BrT Humberto Braz, e a mando de Dantas, tentado comprar por R$ 1 milhão o delegado Vitor Hugo.
Os próximos meses dirão como andarão as investigações. Protógenes deixou de presidir o caso reclamando de falta de estrutura. No dia 21 de julho, em seu lugar, assumiu o delegado Ricardo Saad, especializado em crimes financeiros.
Link para o texto na Revista do Brasil.
Fonte: Blog Tudo em Cima
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