terça-feira, 8 de julho de 2008

A Luta contra os paraísos fiscais

por Luis Nassif

O peso político e econômico de Daniel Dantas, suas ligações com políticos e jornalistas, ajudam a dar uma repercussão maior ao episódio.


Mas ele faz parte de um processo gradativo de tomada de controle dos órgãos oficiais sobre as operações internacionais de fundos de investimento – que se prestam a lavar dinheiro, a reciclar dinheiro do crime. Todo esse processo está descrito em meu livro “Os Cabeças de Planilha”.

A reação começou nos últimos anos, de um cerco cada vez maior das autoridades policiais e fiscais de todo mundo. O escândalo da Alstom se inscreve nesse processo, assim como as sucessivas investidas do Fisco americano contra os fundos off-shore.

No Brasil, sempre houve ampla complacência com esses fundos. Na gestão Antonio Palocci, por exemplo, livrou-se a cara do banco Pactual de uma autuação do banco Central. A revelação de que o Opportunity geria fundos em paraísos fiscais que participavam do controle de teles não mereceu uma ação sequer da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O caso Banestado acabou encoberto depois que deputados passaram a fazer uso de informações privilegiadas – caso do relator José Mentor (PT-SP).

Mesmo assim, operações como a prisão de executivos suiços em São Paulo e no Rio, mostravam que a Polícia Federal estava cada vez mais empenhada e aparelhada para atuar.

Com essa operação, o Brasil se integra definitivamente no esforço mundial contra o dinheiro clandestino que passou a circular no mundo.

Passado o impacto inicial, é improvável que se vá às últimas conseqüências. O conjunto de informações detidas por Dantas, seu envolvimento com personagens de dois governos e de todos os partidos políticos, dificilmente abrirá espaço para que se conheça a fundo toda sua história. A começar pelos acordos firmados com fundos de pensão, ainda na gestão FHC, o financiamento do "valerioduto", o sistema que atravessou dois governos.

Fonte: Blog do Nassif

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