Os 38% alcançados por Marta Suplicy (PT), com vantagem de sete pontos sobre Geraldo Alckmin(PSDB) na pesquisa Datafolha publicada no domingo, por si só já seria motivo de entusiasmo nas hostes petistas. Afinal, o adversário é dos mais fortes e venceu Lula na capital paulista nos dois turnos das eleições presidenciais de 2006. Porém, fazendo uma análise comparativa dos dados, a dianteira de Marta na corrida pela prefeitura paulistana parece ainda mais significativa sob certos aspectos.
A marca alcançada agora foi atingida pela ex-ministra do Turismo em apenas dois dos nove levantamentos realizados pelo mesmo instituto entre abril e outubro de 2004, quando foi derrotada pelo hoje governador e à época, como Alckmin hoje, candidato derrotado à presidência José Serra. Mesmo assim, quando chegou aos 38%, a petista estava empatada com o tucano. Em levantamento realizado nos dias 24 e 25 de junho daquele ano, período próximo ao atual, Marta aparecia com 22%, enquanto Maluf tinha 27% e Serra 33%.
Outro dado relevante é o fato da vantagem de Alckmin em relação a Marta em um eventual segundo turno ser hoje de apenas cinco pontos. No fim de junho de 2004, Serra ostentava uma diferença abissal sobre a então prefeita: 62% contra 29%. Em todos os levantamentos do Datafolha, a vantagem serrista jamais baixou dos dez pontos.
Ou seja, o ponto de partida da petista hoje é bem mais favorável do que naquela ocasião. Claro que a retirada das pré-candidaturas do bloco de esquerda favoreceram Marta, enquanto Alckmin divide votos em em uma faixa do eleitorado com Kassab e também com o desidratado Maluf. Mas Alckmin tem a seu favor o famoso recall da campanha mais recente, a presidencial, em que chegou ao segundo turno. Já Marta não entrou na disputa em 2006 e só apareceu na grande mídia em sua gestão no ministério do Turismo por conta do infeliz “relaxa e goza”.
Um território ainda não conquistado - Embora a condição da candidata petista hoje seja boa, o céu de brigadeiro ainda é uma realidade distante. Em São Paulo, historicamente, tanto nas eleições municipais como na de outros cargos do Executivo, repete-se um padrão desde a derrocada do malufismo. Na região oeste e centro expandido, o PSDB costuma vencer; enquanto nas “franjas” da cidade, Sul, Leste e Norte, a vantagem é petista.
Para ganhar a eleição, o candidato vai ter que entrar no reduto alheio, não necessariamente para derrotar o adversário na região, mas sim para reduzir a sua desvantagem. Marta terá que convencer a classe média e nada indica, pelo menos na pesquisa publicada domingo, que isso já esteja acontecendo. Hoje, Marta tem 24% de intenções de voto entre aqueles que têm curso superior (perde para Alckmin e empata com Kassab) e 33% entre os que possuem ensino médio. Na última pesquisa do primeiro turno de 2004, ela tinha 26% e 32% respectivamente.
Quanto à renda familiar, a petista tem 35% de preferência entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos e 23% na faixa das famílias que recebem mais de 10 salários. Às vésperas do primeiro turno de 2004, ela tinha 31% e 24%. Como se vê, o padrão é bem semelhante nas duas comparações, o que mostra que Marta ampliou sua vantagem dentro da faixa do eleitorado que já vota tradicionalmente no PT e que lhe deu votos em 2000 e 2004. Isso é importante, mas pode não ser suficiente para vencer Alckmin.
A candidata já sinalizou que deve tentar cativar a classe média. Um dos trunfos deve ser justamente o caótico trânsito da capital, bastante criticado durante a sua gestão, mas que não apresentou qualquer melhora na gestão Serra/Kassab. Mesmo com as experiências realizadas pelo atual prefeito, como a desastrada liberação do rodízio feita em julho de 2007 ou a recente restrição de circulação de caminhões. Para essa questão, o investimento municipal na expansão do metrô junto com o governo federal deve ser outra cartada, ressaltando o famoso “bom relacionamento” entre políticos do mesmo partido. O mesmo argumento usado por Serra em 2004, quando o governador era Alckmin, e que alavancou a então claudicante candidatura tucana.
A vida de Marta não deve ser fácil, dada a tradicional resistência da classe média paulistana o petismo. Mas, como no futebol, perder de pouco fora de casa e vencer bem em seus domínios será fundamental pro sucesso da petista.
Fonte: Blog do Rovai
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