terça-feira, 5 de maio de 2009

Manipulação de estatísticas, mais uma vez

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por Luiz Antônio Magalhães

De um leitor do blog, anônimo, em comentário à nota anterior:

Luiz, este eu considero mais um escândalo encarnado por nossa imprensa: saiu no Estado de SP de hoje e está no site do Governo do Estado a informação de que o Estado criou 98% das 34 mil vagas formais no Brasil em 2009. Quanta ingenuidade! TODOS sabemos que o que é divulgado pelo Caged é o saldo de vagas e isso significa duas coisas básicas: 1) o número de cada Estado é o resultado das admissões menos as demissões; e 2) o resultado geral do país é a soma dos resultados de todos os Estados, somando-se tanto os valores positivos como negativos. Logo, assim como SP, outros Estados em março tiveram mais admissões que demissões, como Goiás (8 mil), DF (3,3 mil), MG (9,4 mil), RJ (7,5 mil) etc. Ou seja, a contribuição de SP OBVIAMENTE não é de 98%, como os jornais quiseram fazer acreditar (incrível como a qualidade do jornalismo hoje está sendo nivelada por baixo por aqueles que deveriam ditar os verdadeiros padrões de qualidade...). É o 2º caso imperdoável de manipulação escancarada de informação que vejo recentemente (o outro é o do cálculo mágico da Fiesp sobre o PIB brasileiro).

A afirmação do leitor está tecnicamente correta. A matéria do Estadão mistura duas coisas: diz que São Paulo gerou 34.231 vagas de trabalho em março (o que está correto) e compara com o saldo de 34.818 vagas abertas em todo o país. Ora, o correto seria comparar os dois saldos, pois não faz sentido que outros estados, como os citados pelo leitor, tenham apresentado saldo positivo superior à diferença entre os números do Estadão. É bastante simples, na verdade: a conta não fecha. Se o saldo de São Paulo fosse as tais 34 mil vagas, este montante somado aos números de vagas dos demais estados com saldo positivo (GO, DF, MF e RJ, para ficar só nos citados pelo leitor) não poderia ser 34.818. No fundo, a matéria do Estadão está inteirinha errada e desde o princípio, que foi a comparação de bancos de dados diferentes (Caged, Seade e Fipe). Não foi desta vez, portanto, que o super Serra pôde se apresentar como salvador dos empregos no Brasil.

Fonte: Blog Entrelinhas

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