por Leonardo Sakamoto
A China deve passar a comprar mais soja do Brasil e menos dos Estados Unidos segundo informações do Centro Nacional de Informação sobre Grãos e Óleos da China, reproduzido aqui por agências. No que pese a boa notícia para produtores rurais, setores do governo federal e para a balança comercial, faço duas ressalvas.
Primeiro, a China não costuma adotar critérios socioambientais em suas compras – em outras palavras, está pouco se lixando para os impactos causados na produção de uma mercadoria em terras estrangeiras e em seu território, contanto que o preço seja baixo. É o que acontece também com o gado (causa de desmatamento, trabalho escravo e grilagem de terras) que segue em pé de navio da Amazônia para o Oriente Médio e a Venezuela - que também parecem estar pouco se lixando com o que acontece aqui dentro. Ou seja, quando o comprador não é exigente, o vendedor também não procura manter o nível de qualidade. E a fome por recursos naturais e produtos agropecuários da China não se preocupa com limites.
Além disso, temos que ficar de olho nos impactos sobre fronteiras agrícolas no Cerrado e na Amazônia que será causado por mais uma corrida para o aumento da oferta de soja. Mais desmatamento, precarização do trabalho, invasão de comunidades tradicionais são problemas que têm vindo a reboque da expansão agropecuária desordenada. E, nesse caso, devemos dar um atenção especial ao Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Há gente vigiando nossa grande floresta tropical, mas poucos que defendem a riqueza e diversidade da terra e da gente do Cerrado – que está indo para o vinagre ao som de motosserras e correntões e queimando em brasa.
Fonte: Blog do Sakamoto
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