segunda-feira, 25 de maio de 2009

AFOGAMENTO NA TV

::

por Eliakim Araújo

Esta semana a TV americana mostrou como funciona o waterboarding, a polêmica “técnica” empregada pela CIA para obter informações de suspeitos de atividades terroristas. Na simulação, o ator que fez o papel do interrogado era um homem forte, aparentemente alguém ligado aos órgãos de segurança do governo. Deitado de barriga pra cima, ele teve os olhos vendados. Em seguida, alguém com um balde de água começou a despejar o líquido em sua boca e nariz. Na simulação, o ator aguentou apenas seis segundos, quando deu um pulo agoniado e se levantou desesperado em busca de ar.

Perguntado sobre a experiência, ele disse que a sensação de afogamento é assustadora e que confessaria qualquer coisa se tivesse que passar por isso de verdade.

Na simulação, o ator estava desamarrado e pode se levantar quando não aguentou mais, o que não acontecia com os presos em Guantanamo e em outras prisões secretas dos EUA. O suspeito tinha os pés e as mãos algemados e ficava deitado num espaço apertado onde não podia se mexer. Mesmo assim, o vice de Bush, Dick Cheney, teve a cara de pau de ir à televisão na semana que passou para defender o waterboarding e outras “técnicas” de interrogatório usadas, segundo ele, em nome da segurança do país.

O tema da segurança nacional dominou a cena política nos EUA na semana que passou. E a fala de Cheney foi uma resposta ao discurso em que Obama reafirmou sua decisão de fechar Guantânamo, depois que o Senado não aprovou a verba de 80 milhões de dólares pedida pelo governo para esse fim. Os senadores querem mais detalhes da operação, principalmente, para onde irão os mais de duzentos presos que lá estão.

Em vigoroso discurso, Obama defendeu a necessidade do país retomar o caminho da lei, ignorado pelo governo anterior “ante o silêncio da mídia, dos politicos e da sociedade”. Por isso, voltou a defender o fechamento de Guatanamo, onde suspeitos de terrorismo eram torturados e presos indefinidamente, mesmo sem culpa formada.

O fechamento de Guantanamo é questão de honra para o novo governo dos EUA porque ele revela o firme propósito da administração Obama em mudar a imagem prepotente e arrogante do país cultivada durante os oito anos do governo Bush. E nesse aspecto, Gitmo é emblemático.

A tortura também esteve em julgamento na Suprema Corte, quando os juizes os juizes decidiram que altos funcionários da administração Bush, acusados de abusos contra suspeitos de participação nos atentados terroristas de 11 de setembro, não serão punidos. A ação tinha sido movida pelo paquistanês Javaid Iqbal contra o ex-diretor do FBI, Robert Mueller, e o ex-Secretário de Justiça, John Ashcroft.

Iqbal, um instalador de antenas de TV a cabo, foi preso em sua casa em Long Island, NY, e ficou numa cela, isolado, durante 150 dias, sem direito a comparecer perante um juiz. Nesse período, ele alega, sofreu abusos físicos e mentais e perdeu 20 quilos. Os carcereiros o obrigavam a ficar nu e só o tratavam por "muçulmano assassino" e "terrorista".

Como o próprio Obama é contrário à punição dos torturadores, a Suprema Corte mandou arquivar o processo por falta de provas.

***********************

Nessa aridez de boas notícias, o consumidor americano teve pelo menos um bom motivo para comemorar: o Senado aprovou por 90 a 5 o projeto do governo que impõe limites às práticas dos bancos e companhias de cartão de crédito, que elevam as taxas de juros e cobram penalidades quando bem entendem.

Nos EUA, as pessoas recebem diariamente em suas caixas do correio ofertas de cartão de crédito, prometendo maravilhas. Depois que o peixe cai na rede, as facilidades acabam e o consumidor, atolado em dívidas, é penalizado por inescrupulosos banqueiros. É por causa deles que muita gente no país está perdendo empregos e casas.

O Brasil precisa urgentemente adotar medidas duras contra banqueiros e administradoras de cartão de crédito, que agem da mesma forma, talvez pior, que os similares americanos. Aliás, banqueiros não têm coração. Eles são cruéis e injustos em qualquer parte do mundo.



Fonte: Direto da Redação

::
Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: