terça-feira, 26 de maio de 2009

Novo Vestibular - Seletividade social pode aumentar

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por professor Luiz Araújo

No sábado passado (23.05.09) o jornal Folha de São Paulo dedicou a seção Tendências/Debates para posicionamentos favoráveis e contrários a seguinte pergunta: O “novo Enem” democratiza o acesso ao ensino superior e induz melhorias no ensino médio?
De um lado, o professor Aloísio Teixeira (Instituto de Economia da UFRJ) discorrendo argumentos favoráveis. De outro, os professores Sandra Zákia e Ocimar Alavarse (Faculdade de Educação da USP).

Aloísio buscou inspiração no educador Anísio Teixeira e inicia constatando que nosso sistema de acesso ao ensino superior é excludente, mas insere a proposta de um novo Enem dentro das mudanças positivas que estariam sendo implementadas pelo governo federal. Para ele, o novo Enem é um ponto de partida para a revogação desse mecanismo perverso (vestibular), para a democratização do acesso e para a consolidação do caráter público das instituições de ensino superior.

Em dado momento o professor Aloísio afirma que estamos próximos da duplicação das vagas no sistema federal e que a soma de mais vagas, mais recursos, novos mecanismos e políticas ativas de assistência estudantil, tudo isso é parte de um rico processo de mudanças.

Os professores da USP respondem de forma negativa a pergunta formulada pela FSP e enumeram os argumentos:

1º. Estudos sobre perfil de ingressantes no ensino superior apontam para o fato de que o nível socioeconômico é uma variável com forte influência nas suas possibilidades de acesso. A proposta de novo Enem não consegue incidir sobre este fator;

2º. O atual Enem já aponta para disparidades de desempenho dos alunos entre as regiões mesmo quando controladas as variáveis socioeconômicas. Portanto, a possibilidade de escolha nacional dará mais chances aos que já as possuem;

3º A seletividade social sob a aparente seletividade técnica pode se intensificar ao favorecer o ingresso nas universidades públicas de alunos de maior poder aquisitivo e de regiões mais ricas;

4º. Minimizam a capacidade de influência do novo Enem no currículo do ensino médio Afirmam que a maioria das escolas públicas, diante da percepção dos alunos e dos professores de que possui poucas chances de ingresso no ensino superior não pautam o currículo pelo teor dos exames vestibulares.

É um debate que precisa ser aprofundado inclusive ouvindo aqueles que há anos pesquisam sobre o ensino médio e sobre acesso ao ensino superior.

Fonte: Blog do Luis Araújo

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