sexta-feira, 29 de maio de 2009

A nova campanha da Folha

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Cara de pau tem limites: a nova campanha da Folha é puro descaramento

por Conceição Oliveira, em seu blog


As assinaturas dos jornais não são em si importantes economicamente, mas elas dão credibilidade a um jornal para que este possa convencer anunciantes a publicarem e pagarem polpudas quantias para divulgar suas marcas e produtos. É por isso que perder anunciantes não é um bom negócio para qualquer jornal.

De modo geral, quando vemos campanhas agressivas de algum jornal em diferentes mídias (no meio impresso, na web, no rádio e na tevê) podemos levantar algumas hipóteses e entre elas eu diria: a Folha precisa recuperar a perda de assinaturas que sofreu recentemente.

No princípio deste ano, após o Manifesto contra a Ditabranda que reuniu em frente ao prédio do referido jornal cerca de 500 pessoas, representando inúmeras entidades democráticas, a Folha perdeu mais de duas mil assinaturas.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990 a Folha consolidou sua imagem junto a um público intelectual como um jornal liberal, mais arejado e solidificou o mote: “Folha de São Paulo, de rabo preso com o leitor“. Este mote nunca me convenceu, jamais assinei a Folha, embora lesse um artigo ou outro.

No final de fevereiro deste ano a Folha defendeu um Estado que governou pautado em um regime de exceção, fazendo uso da tortura a seus opositores políticos. Para a Folha de São Paulo, no Brasil não houve ditadura, mas “ditabranda”.

A tortura é crime comum e é imprescritível. O Brasil é signatário de todos os atos Internacionais contra a tortura e a favor dos Direitos Humanos. Mas a Folha de quando em vez se ‘esquece’ disto.

As afirmações levianas do jornal sobre a ‘ditabranda’ criaram uma espécie de ditatômetro, como se fosse possível medir o nível da barbárie. Ao ser questionado, o jornal colocou em cheque reputações ilibadas de intelectuais como a professora Maria Victoria Benevides, especialista em Direitos Humanos no Brasil, e do jurista Fábio Konder Comparato.

Hoje, ouvi no rádio a nova campanha publicitária da Folha e resolvi fazer uma busca pra ver a peça publicitária feita para a tevê. (O vídeo em questão pode ser visto aqui: Campanha Folha: Manifesto)

Um ‘manifesto’ vai se desenhando por meio de assinaturas e de palavras chaves em edifícios e locais conhecidos da cidade de São Paulo, enquanto um locutor placidamente narra um discurso afirmando que a Folha está alinhada à modernidade, preocupada com a construção de um Brasil democrático e que põe a verdade acima de tudo.

Inegavelmente é uma campanha bem feita, que bebe ainda no mote da democracia, do pluralismo, do respeito às diferenças, do compromisso com a verdade acima de tudo. Pena que isso não se traduz no suporte de papel e nem no portal da UOL.

O Grupo Folha, cada vez mais parecido com o Grupo Abril da Veja abriga em seu portal blogueiros misóginos como Josias de Souza, um ombdsman titubeante ao fazer as críticas a editoriais e matérias enviezados que criminalizam movimentos sociais, emprega articulistas que são contra as ações afirmativas e toda e qualquer política pública de inclusão. A Folha é um jornal que endossa o coro da oposição irresponsável e arrivista que cria uma crise por mês para desacreditar o governo federal e poupa com todo cuidado o governo do estado e da prefeitura da cidade de São Paulo.

Pluralismo, respeito às diferenças, liberdade de expressão e opinião são conceitos caros à democracia, que não deveriam ser desgastados de modo oportunista. A Folha empresta o mote, o meio e o discurso da sociedade civil democrática para tentar recuperar-se do troco que esta mesma sociedade civil lhe deu no dia 07/03/2009 reagindo ao cinismo de seu editorial.

Esta sociedade democrática que tem no respeito às diferenças, aos direitos humanos e à Justiça valores caros que a Folha desprezou quando emprestou suas peruas para repressão está atenta ao canto da sereia.

Clique aqui para ir ao blog da Conceição


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Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente iniciativa! Artigo do caralho! Entre na campanha do Twitter UM BLOCK DO SERRA NÃO TEM PREÇO. Eu mesmo já levei o meu por falar coisas "chatas" para o Terminator Trem-Fantasma.