sexta-feira, 22 de maio de 2009

Os tucanos e a questão da moral e dos bons costumes

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por Renato Rovai

A posição de um partido político no espectro político é definida em geral por suas posições em dois campos: o econômico e o moral.

Um partido que defende o Estado mínimo, privatizações, carga tributária menor para o empresariado e ação social focada e não universal no mundo inteiro está à direita.

Mas alguns desses partidos não se contentam apenas em ser uma direita econômica, querem mais. Começam a operar também no campo da moral.

O PSDB paulista está fazendo essa opção para disputar as próximas eleições. A proibição do fumo em espaços fechados é um dos elementos desse discurso higienizador. Era muito mais democrático produzir uma lei que obrigasse os bares a terem uma área de fumantes que fosse fechada e não ultrapassasse, por exemplo, 30% do total do estabelecimento. Mas isso não seria moralizante. Não seria útil para um discurso político que visa atingir um setor altamente conservador da sociedade brasileira. Aquele setor que ainda sonha com os tempos do regime militar, com uma suposta ordem que se estabelecia a partir do proibir.

Agora, duas outras notícias dão andamento a essa complementação da nova moral serrista-tucana. São elas, a lista dos alunos malcriados e a proibição do quentão e do vinho quente nas festas juninas realizadas em unidades escolares. Não estou brincando. É sério.

O governador José Serra (PSDB) sancionou ontem a lei que proíbe o consumo dessas bebidas em eventos promovidos dentro e fora (vejam bem, fora, inclusive) das escolas do estado.

O autor do projeto moralizante é do deputado estadual Celso Giglio (PSDB), que foi prefeito de Osasco e na última eleição perdeu ainda no primeiro turno para o candidato Emídio de Souza, do PT.

Surfando na mesma onda, o vereador e ex-secretário da Educação do Estado de São Paulo, Gabriel Chalita (PSDB) conseguiu aprovar anteontem em primeira votação na Câmara Municipal de São Paulo seu primeiro projeto como parlamentar. Ele prevê a criação de uma lista de alunos malcriados na rede municipal de São Paulo. Também não é piada. O educador Chalita diz que é sério.

Pela proposta, as escolas terão de criar um registro dos estudantes que ofendem ou intimidam os colegas. Esse histórico será enviado à Secretaria Municipal da Educação. Em tese, esse registro permitiria ao município montar uma lista com os nomes dos agressores. E quem sabe começar a impedir que eles estudem. Não é má idéia para um projeto de outro tucano...

Alguém ainda tem dúvida sobre em que espectro da política brasileira está o Serrismo e o PSDB? A direita já foi menos radical. Dá até saudades do Jânio, que proibia a rinha de galos. E livrava os bichinhos do sofrimento alimentado pelo sadismo humano.

Fonte: Blog do Rovai - Revista Fórum

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