O governo da Venezuela lançou o Plano Revolucionário de Leitura (PRL), mediante o qual distribuirá milhares de livros com o objetivo de "construir o socialismo bolivariano do século XXI". Para a iniciativa foram selecionadas 100 obras consideradas instrutivas.
Entre as publicações selecionadas, está "As veias abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano, livro com o qual o presidente Hugo Chávez presenteou o norte-americano Barack Obama durante a Cúpula das Américas, realizada no mês passado em Trinidad e Tobago.
"Vamos pedir uma autorização a Galeano para publicar na Venezuela uma edição de massa do livro", afirmou Chávez, acrescentando que o material historiográfico atualmente disponível não informa de maneira satisfatória, por exemplo, sobre a resistência indígena à colonização europeia.
Outra obra selecionada foi "O desafio e o fardo do tempo histórico", do húngaro István Meszaros, que segundo Chávez demonstra "como o capitalismo decapita a existência humana".
Também fazem parte do acervo clássicos como o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels, e livros escritos por membros do governo, como "O socialismo venezuelano", do ministro das Finanças, Ali Rodríguez.
Há ainda uma coletânea de trechos de discursos do próprio presidente, chamada "Ideias cristãs e outros aportes ao debate socialista", na qual ele faz referência ao caráter socialista das palavras de Jesus Cristo.
Os livros da denominada "biblioteca popular comunitária" serão discutidos e analisados por esquadras revolucionárias de leitura, cada uma integrada por dez membros, destacou Chávez.
Em sua primeira etapa, o PRL será dirigido a adultos agrupados em organizações comunitárias, operárias e estudantis - os chamados "conselhos comunais", criados pelo governo e que agora contribuirão para "a troca de saber por meio da leitura" e para "desmascarar a guerra psicológica feita por meios da oligarquia", afirmou o mandatário.
"Ler, ler, ler. É uma tarefa de todos os dias. A leitura faz bem à consciência. Temos que introduzir à contrarevolução, todos os dias, uma dose de liberação por meio da leitura", disse Chávez.
De acorco com o representante do plano, Edgar Páez, uma das preocupações é que as crianças estariam "sendo formadas com livros que ainda chamam de descobrimento a invasão do império espanhol ou outros eufemismos que buscam adoçar o genocídio dos povos originários", acrescentando que, como parte do plano, o governo da Venezuela quer "começar as coisas por seus nomes".
Em outubro de 2005, o governo da Venezuela declarou o país "território livre do analfabetismo", com base em resultados da Missão Robinson, programa de alfabetização implementado em 2003. Até 2001, a média nacional de analfabetismo era de 9% entre os venezuelanos com mais de 15 anos. Entre 2003 e 2005, esta porcentagem diminuiu para 6%, segundo dados oficiais.
Veja abaixo porque o plano de leitura é revolucionário, segundo o Ministério da Cultura da Venezuela:
- Fortalece a identidade latino-americana e antiimperialista
- Busca desenvolver uma nova ética até uma educação e cultura socialista, que promovam valores humanísticos marcados na concepção do novo homem e da nova mulher
- Contribui com um novo enfoque, esclarecedor e descobridor, da história de nossos povos
- Reivindica a leitura em coletivo, por meio da formação da Esquadra Revolucionária de Leitura
- Desperta no indivíduo a curiosidade, a imaginação e a sensibilidade criadora, que permitem interpretar e expressar seu entorno até uma nova perspectiva.
- Dá ferramentas que permitem discernir entre a realidade e a tergiversação imposta pelos laboratórios de alienação cultural
- Inclui toda a população venezuelana, desde as crianças, até os adultos
- Possui um aplo marco teórico que inclui temas que abarcam grande parte do pluricultural e multiétnico consubstanciado em nossa Constituição
- Oferece ao povo um panorama universal da literatura, com ênfase especial em nosso autores e autoras venezuelanos e latino-americanos
- Permite colocar os venezuelanos na ofensiva da batalha de ideias, tomando como exemplo fundamental o pensamento de Bolívar, Simón Rodríguez, Martí, Che Guevara...
Fonte: Portal Vermelho
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