segunda-feira, 25 de maio de 2009

Qual o seu alcance?

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por Fabio Feldmann


Pequenas práticas podem tornar a clínica odontológica mais sustentável, diz Feldmann

Embora eu nem sempre consiga falar de iniciativas favoráveis ao meio ambiente e à sociedade, estas iniciativas existem e devem ser prestigiadas. Como citei no artigo do dia 8 de maio desta coluna, são diversos os empreendedores sociais em nosso país, isto é, pessoas agindo no sentido de melhorar suas ações e conscientizar os que estão ao seu redor.

Eu e a equipe do meu escritório tivemos a oportunidade de elaborar o Manual do Dentista Verde, em conjunto com o dentista Fabio Bibancos e sua ONG, Turma do Bem. O Manual, apresentado em grande estilo, tem o objetivo de tornar os odontologistas em profissionais que cuidam não somente da saúde bucal das pessoas mas também do planeta.

A ideia parte do princípio de que "quando falamos em sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável, torna-se muito difícil separar a nossa vida pessoal de nossa vida profissional".

Entre conceitos e curiosidades, o Manual coloca com sucesso os temas ambientais atuais e levanta os impactos que a profissão odontológica causa devido aos diversos materiais necessários em seu dia a dia, desde luvas plásticas descartáveis a lâmpadas fluorescentes das clínicas que contém inúmeros metais pesados, além de questões comuns a todos como mobilidade, energia, água e consciência.

Digo principalmente consciência, pois este Manual se preocupa em despertar a cidadania planetária dos leitores e adeptos, mostrando o papel de cada um nesta missão. Novamente a questão do consumo consciente aparece, pois se o indivíduo com seu poder de compra é capaz de moldar o mercado, uma clínica odontológica que consome mais materiais e eventualmente de maior potencial poluidor, também tem esse poder.

Não é um trabalho fácil. São inúmeras as dificuldades de viabilizar práticas mais verdes no cotidiano, tanto em casa como no trabalho. Mas algumas delas são simples e de grande alcance.

A contaminação por mercúrio, por exemplo, pode ocorrer não apenas pela ingestão, mas também por inalação e contato cutâneo, provocando doenças cardíacas, respiratórias, neurológicas, entre outras, além do alto impacto no meio ambiente. Esta mesma substância é um dos principais componentes das amálgamas dentárias, material restaurador amplamente utilizado nos consultórios odontológicos devido ao seu baixo custo, alta durabilidade e fácil manipulação. O simples "manejar adequadamente" - como dispor em recipientes hermeticamente fechados - destes produtos pode evitar grandes impactos na saúde e no meio.

O Manual tem exatamente o papel de mostrar como existem pequenas práticas dentro das clínicas odontológicas que são possíveis, como a simples busca de informações sobre os produtos, que pode englobar além de aspectos financeiros e de qualidade, também aspectos ambientais e sociais.

Obviamente que uma atividade profissional por si só não representa um grande impacto ambiental, mas muitas atividades juntas podem representar. A importância de iniciativas e atuações deste tipo está em colocar em pauta os assuntos ambientais, tirar as pessoas do comodismo, quebrar padrões e disseminar entre clientes, funcionários e companheiros de profissão atos sustentáveis.

A ideia é que todas as profissões possam ter o seu manual de melhores práticas, pesquisar e reconhecer o impacto dos materiais utilizados nas atividades realizadas diariamente e aumentar a consciência ecológica em volta das suas ações. Todos têm seu pequeno impacto que deve ser, no mínimo, percebido. Como escrito no Manual "a sustentabilidade planetária esta intimamente ligada à conscientização de cada um de nós sobre o seu importante papel na luta pela conservação do planeta e pela garantia de condições mais justas de vida e trabalho para a sua população".

*Fabio Feldmann é consultor, advogado, administrador de empresas, secretário executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade e fundador da Fundação SOS Mata Atlântica. Foi deputado federal, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Dirige um escritório de consultoria, que trabalha com questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável.

Fonte: Terra Magazine

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