por Fabio Feldmann
Pequenas práticas podem tornar a clínica odontológica mais sustentável, diz Feldmann
Embora eu nem sempre consiga falar de iniciativas favoráveis ao meio ambiente e à sociedade, estas iniciativas existem e devem ser prestigiadas. Como citei no artigo do dia 8 de maio desta coluna, são diversos os empreendedores sociais em nosso país, isto é, pessoas agindo no sentido de melhorar suas ações e conscientizar os que estão ao seu redor.
Eu e a equipe do meu escritório tivemos a oportunidade de elaborar o Manual do Dentista Verde, em conjunto com o dentista Fabio Bibancos e sua ONG, Turma do Bem. O Manual, apresentado em grande estilo, tem o objetivo de tornar os odontologistas em profissionais que cuidam não somente da saúde bucal das pessoas mas também do planeta.
A ideia parte do princípio de que "quando falamos em sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável, torna-se muito difícil separar a nossa vida pessoal de nossa vida profissional".
Entre conceitos e curiosidades, o Manual coloca com sucesso os temas ambientais atuais e levanta os impactos que a profissão odontológica causa devido aos diversos materiais necessários em seu dia a dia, desde luvas plásticas descartáveis a lâmpadas fluorescentes das clínicas que contém inúmeros metais pesados, além de questões comuns a todos como mobilidade, energia, água e consciência.
Digo principalmente consciência, pois este Manual se preocupa em despertar a cidadania planetária dos leitores e adeptos, mostrando o papel de cada um nesta missão. Novamente a questão do consumo consciente aparece, pois se o indivíduo com seu poder de compra é capaz de moldar o mercado, uma clínica odontológica que consome mais materiais e eventualmente de maior potencial poluidor, também tem esse poder.
Não é um trabalho fácil. São inúmeras as dificuldades de viabilizar práticas mais verdes no cotidiano, tanto em casa como no trabalho. Mas algumas delas são simples e de grande alcance.
A contaminação por mercúrio, por exemplo, pode ocorrer não apenas pela ingestão, mas também por inalação e contato cutâneo, provocando doenças cardíacas, respiratórias, neurológicas, entre outras, além do alto impacto no meio ambiente. Esta mesma substância é um dos principais componentes das amálgamas dentárias, material restaurador amplamente utilizado nos consultórios odontológicos devido ao seu baixo custo, alta durabilidade e fácil manipulação. O simples "manejar adequadamente" - como dispor em recipientes hermeticamente fechados - destes produtos pode evitar grandes impactos na saúde e no meio.
O Manual tem exatamente o papel de mostrar como existem pequenas práticas dentro das clínicas odontológicas que são possíveis, como a simples busca de informações sobre os produtos, que pode englobar além de aspectos financeiros e de qualidade, também aspectos ambientais e sociais.
Obviamente que uma atividade profissional por si só não representa um grande impacto ambiental, mas muitas atividades juntas podem representar. A importância de iniciativas e atuações deste tipo está em colocar em pauta os assuntos ambientais, tirar as pessoas do comodismo, quebrar padrões e disseminar entre clientes, funcionários e companheiros de profissão atos sustentáveis.
A ideia é que todas as profissões possam ter o seu manual de melhores práticas, pesquisar e reconhecer o impacto dos materiais utilizados nas atividades realizadas diariamente e aumentar a consciência ecológica em volta das suas ações. Todos têm seu pequeno impacto que deve ser, no mínimo, percebido. Como escrito no Manual "a sustentabilidade planetária esta intimamente ligada à conscientização de cada um de nós sobre o seu importante papel na luta pela conservação do planeta e pela garantia de condições mais justas de vida e trabalho para a sua população".
Fonte: Terra Magazine
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