domingo, 31 de maio de 2009

DEM quer Serra na rua (fazendo campanha)

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por Luiz Antônio Magalhães

Boa apuração do repórter Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, reproduzida abaixo. É fato: o governador José Serra está se escondendo do debate público. Acha que pode ganhar a eleição de 2010 da mesma maneira que venceu em 2006 o governo de São Paulo: sem dizer o que vai fazer, sem programa, sem discurso. A verdade é que Serra venceu com facilidade a disputa pelo palácio dos Bandeirantes porque enfrentou um dos piores quadros petistas - o senador Aloizio Mercadante, um verdadeiro mico em loja de louças da política nacional. O DEM, portanto, está com a razão, pois a eleição presidencial é uma parada muito mais dura. Sim, Dilma Rousseff não é uma candidata "natural" à sucessão do presidente Lula, mas nem de longe poderia ser comparada a Mercadante. Dilma tem compostura, pegada de boa administradora e um discurso coerente. Mal comparando, Serra em 2006 disputou a corrida com um Barrichelo da política (garantia de vitória para o adversário), agora pode não pegar um Ayrton Senna, mas terá que enfrentar um Felipe Massa, piloto que tanto pode chegar em segundo ou vencer a corrida, mas vai sempre dar trabalho a quem estiver na liderança. Isto sem falar em Ciro Gomes, que pode fazer o papel desses pilotos que ninguém dá muita bola e acabam fazendo bonito nas pistas, surpreendendo os favoritos. É, melhor Serra pelo menos começar a esquentar o carro ou corre risco de acabar ficando para trás...
A seguir, a íntegra do texto de Josias de Souza, originalmente publicado em seu blog.

DEM pressiona Serra a antecipar a campanha de 2010

Condenado a uma aliança com o PSDB na sucessão de Lula, o DEM está incomodado com a passividade do tucano José Serra.

O incômodo, que era latente, tornou-se explícito numa reunião-almoço realizada nesta quinta (28), no Rio de Janeiro.
O repasto foi oferecido pelo prefeito carioca, o ‘demo’ Cesar Maia. Dividiu a mesa com as principais lideranças do DEM.
Fez-se uma análise da conjuntura política. Serra foi à berlinda. Lero vai, lero vem produziu-se a unanimidade.
Um a um, os presentes foram expressando sua irritação com a decisão de Serra de priorizar o governo de São Paulo em detrimento da campanha.
Eis a conclusão a que chegaram: a estratégia do governador podia fazer sentido no início do ano. Mantê-la agora pode resultar em grave erro de cálculo.
O DEM espanta-se com o crescimento da candidata de Lula nas pesquisas.
Na semana passada, o PT divulgara sondagem que atribui a Dilma entre 19% e 25% das intenções de voto, dependendo do cenário.
No mesmo levantamento, feito pelo instituto Vox Populi, Serra despenca dez pontos percentuais, situando-se entre 33% e 46%.
Para o DEM, Serra precisa levar sua campanha à vitrine imediatamente. Avalia-se que, sem contrapontos, Dilma vai encostar no rival.
Eis o que disse ao blog um dos participantes do conciliábulo ‘demo”:
“O Serra precisa sair em campo. Do contrário, mesmo com a crise financeira e com a doença, Dilma vai crescer um pouquinho a cada pesquisa...”
“...Vamos chegar a dezembro com uma diferença muito pequena. E ficará bem mais difícil costurar os acordos para a montagem dos palanques nos Estados”.
Puseram-se de acordo: o anfitrião César Maia; o filho dele, Rodrigo Maia, que preside o DEM; e Jorge Bornhausen, presidente de honra da legenda.
Compartilharam do ponto de vista o governador do DF, José Roberto Arruda, e os líderes no Legislativo: José Agripino Maia (Senado) e Ronaldo Caidado (Câmara).
Também presente, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo –hoje, o ‘demo’ mais próximo de Serra—, silenciou.
“Quem cala consente”, avaliaria depois, em conversa com o blog, um dos comensais de Cesar Maia.
Coube justamente a Kassab a missão de transmitir a Serra, em nome do partido, a animosidade verificada na reunião-almoço.
De resto, foram à mesa as rusgas que envenenam as relações do DEM com o PSDB nos Estados. São mais graves no Distrito Federal e na Bahia.
No DF, o DEM tentará reeleger o único governador que lhe restou. E irrita-se com o flerte de Serra com Joaquim Roriz (PMDB), o principal opositor de Arruda.
Na Bahia, os ‘demos’ vão de Paulo Souto. E não se conformam com o namoro do tucanato local com o grupo de Geddel Vieira Lima (PMDB).
Ministro de Lula, Geddel oscila entre a candidatura ao Senado ou ao governo do Estado.
Se fizer a segunda opção, vai romper a aliança que o une ao governador petista Jaques Wagner, candidato à reeleição.
É um movimento que, na visão do DEM, Geddel não se animará a fazer. Sobretudo porque Paulo Souto encontra-se nem-posto nas pesquisas.
Noves fora a hesitação do tucanato baianos, o DEM incomoda-se com um assédio subterrâneo que o PSDB faz para atrair Paulo Souto para os seus quadros.
Ouça-se, de novo, um dos presentes à reunião do Rio: “Esses arranjos estaduais passam pela definição da candidatura nacional...”
“...Há toda uma estrutura a ser colocada na rua. Essa estrutura só se move se tiver uma voz por trás. A voz do candidato à presidência...”
“...A previsível queda de Serra nas pesquisas deve reduzir o tamanho do salto. E o PSDB vai se dar conta de que os acordos regionais ficam mais difíceis...”
“...De nossa parte, há toda a boa vontade. Mas as pessoas na base, que caminhavam para uma aliança com a perspectiva de poder, já não vêem mais essa perspectiva tão segura”.

Fonte: Entrelinhas

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Um comentário:

Anônimo disse...

O povo paulista também não vê a hora do serra ir para a rua, ou melhor, para o olho da rua.

FORA SERRA ! Saia à rua e não volte mais !