terça-feira, 1 de julho de 2008

USP: Inclusão lenta, gradual e restrita


por
Livia Perozim*

Todo sistema de seleção implica exclusão. E o número de vagas oferecidas pelo sistema de ensino superior público é sabidamente insuficiente para atender a uma demanda crescente de alunos do Ensino Médio. Na Universidade de São Paulo, a maior do País e uma das mais conceituadas da América Latina, não é diferente. No último vestibular, o de 2008, 140 mil jovens concorreram a 10 mil vagas. Entre os aprovados, cerca de 75% são provenientes de escolas privadas e 25%, de escolas públicas. A discrepância não seria tão assustadora se, no estado de São Paulo, 85% dos alunos do Ensino Médio não estudassem na rede pública de ensino.

Diante da descomunal desproporção, que é histórica, e da queda do número de alunos da rede pública que almejam uma vaga nesta universidade, a USP criou um programa de inclusão em 2007. Em dois anos, o resultado do chamado Inclusp é tímido: o aumento do número de alunos da rede pública aprovados foi de apenas 2%. Nesta entrevista a Lívia Perozim, a professora Selma Garrido Pimenta, pró-reitora de Graduação, explica a posição do Conselho Universitário contrária às cotas, defende o Inclusp e deixa transparecer por que a USP demorou tanto para dar um pequeno passo no sentido de diminuir a desigualdade que a encastela: “Você tem aqui um grupo altamente conservador que entende que esta é, sempre será e deve continuar sendo uma universidade de elite. E o resto que se dane. O compromisso social da universidade não os afeta”.

Carta na Escola: Qual o diagnóstico feito pela USP que identificou a necessidade de criar um programa para incluir alunos da rede pública?
Selma Garrido Pimenta:
Partimos de duas frentes. Uma é a realidade do Estado de São Paulo: o aumento do contingente de alunos no Ensino Médio, em geral, e o fato de 85% desses estudantes estarem na rede pública de ensino. Na USP, historicamente, apenas 20% dos ingressantes são de escolas públicas. Percebemos aí uma inversão. Nosso vestibular é altamente seletivo e competitivo. No último vestibular, 140 mil jovens concorreram a 10 mil vagas. Por isso, entendemos que é importante ampliar a presença no vestibular de estudantes que cursaram o Ensino Médio integralmente em escola pública.

Clique aqui para ler a íntegra da revista no site de Carta na Escola.

*Livia Perozim é editora da revista Carta na Escola

Fonte: Carta Capital

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