terça-feira, 1 de julho de 2008

MEIRELLES NÃO SABE COMBATER ESSA INFLAÇÃO AÍ






Stglitz só falta dizer: jogue o Meirelles fora

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1224


Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


. Essa inflação que está aí não é uma “escalada” de preços, nem um “descalabro” que resultará, inevitavelmente, na queda do Presidente Lula – como prevêem as manchetes desesperadas do PiG, em busca de uma nova “crise”.

. Crise ? Que crise ? Qualquer crise !, clique aqui para ler.

. Essa NÃO é uma inflação “made in Brazil”, derivada da inépcia do Presidente Lula – como procura demonstrar o PiG.

. A administração da economia brasileira só merece elogios.

. É o que demonstra, por exemplo, o recente resultado do superávit primário: clique aqui.

. A Folha (da Tarde *) online aplica uma adversativa no título.

. É uma tecnologia do PiG: preceder ou suceder uma notícia favorável ao Governo Lula de uma adversativa.

. Com ou sem adversativa, o que fica claro é que o superávit primário está no ponto mais alto de DEZ anos.

. Ele é de 6,5% do PIB, quando o objetivo é de 4%.

. Dá para gastar em políticas sociais – clique aqui para ler o testemunho espantoso de Patrus Ananias, recolhido por Mauricio Dias, na Carta Capital.

. E dá para montar o “Fundo Soberano”, que a Folha e o Estadão disseram que não ia sair.

. A relação da dívida para o PIB – com o novo superávit primário – é de 41%, A MAIS BAIXA EM DEZ ANOS.

. (No iluminado Governo do Farol, chegou a 60% …)

. Portanto, a inflação que está aí não nasce da incúria que o PiG atribui, invariavelmente, ao Governo Lula.

. A inflação deriva da escassez de alimentos e da alta do petróleo – no mundo inteiro.

. (O que, de outro ângulo, é uma ótima notícia para o Brasil: como exportador de comida, os preços altos beneficiam o agricultor brasileiro; e, como o Brasil produz a melhor energia alternativa ao petróleo, as exportações de etanol também devem aumentar.)

. Como diz o Financial Times, a inflação na Europa atingiu o ponto mais alto desde 1999, quando a Eurozona se criou.

. Diante da expectativa de “estagflação”, o presidente da França (que não é petista), Nicolas Sarzozy, pediu ao Banco Central Europeu que preste atenção ao crescimento e não apenas à inflação.

. Diz Sarkozy: aumentar os juros mataria o crescimento da economia e não iria às causas da inflação.

. Um trecho do editorial do Financial Times de hoje, terça-feira, dia primeiro de julho, diz que a tarefa do Banco Central Europeu é muito complexa: calibrar com precisão o combate à inflação e o crescimento:

The ECB has to concentrate on inflation and the calculation it must make is this. On one hand, current inflation is high and a variety of indicators suggest that inflationary expectations are also on the up. On the other hand, a slowdown – the magnitude of which is uncertain – will create some spare capacity and reduce the pressure for price rises.

. A inflação na China se aproxima de 8% ou mais. No Vietnã, 18%. Na India, 5,8%.

. Faz parte da “sabedoria convencional” repetir incansavelmente que juros altos seguram a inflação.

. Os bancos e seus estafetas nas redações do PiG não se cansam de repetir isso.

. Porém, convém recorrer a outras vozes.

. Abrir a janela ao conhecimento alternativo.

. E cabe citar um Prêmio Nobel de Economia, de 2001, o americano (não petista) Joseph Stiglitz.

. Vá ao site do Project Syndicate – clique aqui – uma instituição de jornais do mundo inteiro que oferece, exatamente, opiniões e idéias “contra a corrente”.

. Stiglitz demonstra que a inflação é “importada” e “aumentar os juros não vai ter muito impacto no preço internacional de grãos e do petróleo… Aumentar os juros pode reduzir a demanda”.

. A saída, para Stiglitz, é abandonar o sistema de “metas de inflação”, que obriga a aumentar os juros sempre que os preços atingem a meta.

. (Aqui no Braasil, isso é uma “conquista” do neo-liberalismo do Farol de Alexandria.)

. O sistema de “metas de inflação”, segundo Stiglitz, se baseia em “pouca teoria econômica ou evidência empírica”.

. O sistema de “metas” nasceu como sub-produto da “revolução monetarista” (neo-liberal) do início dos anos 80, inspirada por Milton Friedman, autor, segundo Stglitz, de uma teoria econômica “simplista”, pueril.

. Não é preciso dizer que os colonistas (*2) do PiG acreditam mais em “monetarismo” do que na existência do Pão de Açúcar.

. Stiglitz sugere: jogar no lixo o sistema de “metas de inflação”; acabar com o subsídio ao etanol americano, porque substitui comida por energia cara; e aplicar parte dos subsídios aos fazendeiros do Ocidente em políticas para ajudar os países em desenvolvimento a produzir comida e energia.

. Tudo isso é para dizer que não adianta o PiG e seus colonistas berrarem: Lula não é a causa da inflação, como não foi ele quem derrubou o avião da TAM.

. E não vão ser o Henrique Meirelles e os astrólogos do Banco Central que resolverão esse problema, sozinhos.

. Há muito mais verdades entre o céu e a Terra do que imagina a tua vã filosofia, Horácio.

. Clique aqui para ler sobre o excelente “Hamlet” de Wagner Moura, que não tem nada a ver com “metas de inflação” – ainda bem.

. Veja aqui como o PiG constrói a “crise”.

. O Globo: “Inflação derrota todas as aplicações em junho”, além da Miriam Leitão.

. Estadão: “Eleitor teme disparada de preços”.

. Folha: “BCs alertam para ponto crítico da economia global – cenário atual une desaceleração econômica e inflação”, além de recomendar a elevação dos juros.

. É agora que o mundo vai acabar.

Em tempo: nesta terça-feira, dia 1º., a Bolsa abriu em queda no mundo inteiro por causa do aumento do preço do petróleo e dos bancos: UBS, Citi, JP Morgan e Bank of America. Pergunta: tem alguma banco brasileiro com problema ? Não ! Por que, então, o frenesi do PiG ?

(*) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar, como fez a Folha, que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

(*2) – Leia o verbete “colonista”:

"CONVERSA" PASSA A USAR "COLONISTA"

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 903

. Um amigo leitor propôs que, na inútil batalha contra o PIG, o Conversa Afiada passasse a usar “colonista”, em lugar de “colunista”, entre aspas, do PIG.

. É essa legião de “colonistas”/especialistas que expõem as idéias do patrão como se fossem suas.

. “Colonista”, de fato, é uma ótima sugestão.

. Se refere a “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais.

. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.

. Como aquele argentino da anedota, que usava guarda-chuva quando lia a Previsão do Tempo e se dava conta de que chovia em Londres.

. O amigo leitor recomenda, a propósito, a leitura de “Culture and Imperialism”, de Edward W. Said, editado pela Knopf, em Nova York, em 1993 (clique aqui).

. Said estuda Conrad (“O Coração das Trevas”), Verdi (“Aida”) e Camus (“O Estrangeiro”).

. “O resultado (a tradução é minha, PHA) é uma ‘visão consolidada’ que afirma não só o direito de o Europeu mandar, mas sua obrigação de mandar – o que faz com que qualquer alternativa seja impensável.”

. Modestamente, recomendo – para entender os “colonistas” que tratam de economia – “A Brief History of Neoliberalism”, de David Harvey, Oxford University Press, 2005, que traz na capa fotos de Reagan, Deng Xiao Ping, Pinochet e Margaret Thatcher (faltou a do Farol...)

. E, neste mesmo Conversa Afiada, recomenda-se a entrevista de Marilena Chauí sobre “A Invenção da Crise”, a respeito do tratamento que o PIG deu ao “causaéreo”. Há um capítulo sobre os “especialistas” do PIG. Clique aqui para ler.

. Portanto, de hoje em diante, só falaremos em colonistas, sem aspas.

Fonte: Conversa Afiada

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