quinta-feira, 3 de julho de 2008

Impunes, por enquanto.

Após denúncia, Condepe pede afastamento de delegado acusado de ser torturador na ditadura militar

Por Redação Fórum

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) solicitou ontem, 2, ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, o afastamento imediato do delegado titular do 4º Distrito Policial de Presidente Prudente, Dirceu Gravina. No pedido, o Conselho justifica que o “citado delegado é acusado de ter cometido crimes contra a humanidade, como torturas e assassinatos, sua permanência em função pública é um verdadeiro atentado e uma afronta aos Direitos Humanos e ao Estado Democrático de Direito”. O Condepe informa ainda ao secretário que existem vítimas e testemunhas que podem comprovar a atuação do delegado Dirceu Gravina como investigador de polícia, conhecido à época da ditadura como "JC", "J. Cristo" e “Jesus Cristo”. Conforme o pedido do Conselho “essas vítimas e testemunhas afirmam que ele, inclusive, era um dos mais violentos policiais do regime militar”.

Leia as matérias da Carta Capital, sobre o delegado Dirceu Gravina e sua atuação nos porões do DOI-Codi (Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo.

Fonte: Revista Fórum

Impunes, por enquanto
O delegado Dirceu Gravina sentiu tremores e falta de ar quando indagado, na terça-feira 17, em frente à delegacia de polícia onde trabalha, em Presidente Prudente (SP), sobre suas atividades nos porões do DOI-Codi (Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo, no início dos anos 70.

"Isto é que é tortura"
Um misto de incômodo, medo e raiva parece dominar o delegado Dirceu Gravina, 56 anos, ao ser interpelado pelo repórter. Surpreso, ele diz ter problemas cardíacos e leva alguns minutos para se recompor e responder.


Share/Save/Bookmark

2 comentários:

Anônimo disse...

Para mim, não há nada mais abominável que a tortura, não de fendo de forma alguma nenhum tipo de torturador, mas nã podemos nos esquecer que a anistia abrangeu ambos os lados, os militares e os "subversivos", e não sejamos hipócritas, deste lado, haviam muitos que não deixavam a nada à desejar em relação as práticas dos militares. Se começarmos a punir um lado, teremos também que punir o outro, tudo bem que o numero é menor mas que existem, existem.

Alexandra Peixoto disse...

Cara Joana.
Em 1964 vivemos um GOLPE DE ESTADO. Vivíamos em um estado democrático e avançávamos rumo a um futuro de desenvolvimento e consolidação de muitos direitos.
Esse golpe foi orqüestrado pela nossa elite branca junto com agentes e governo americanos. (Para saber mais sobre dois personagens centrais você pode ler: "Minha Razão de Viver - autobiografia de Samuel Wainer" e tb "O Julgamento de Kissinger", ambos lhe darão muito mais perspectivas sobre o golpe de 64. Samuel Wainer foi dos principais opositores de Carlos Lacerda, um dos líderes do golpe, depois cassado pelos militares.)
Considerar quem pegou em armas para defender a democracia que havia sido arrancada de nós, brasileiros, de subversivos ou "terroristas" é no mínimo um conveniente revisionismo histórico. Além do mais, quando estes cidadãos brasileiros sofreram tortura, crime abominável e imprescritível (pois é crime de lesa-humanidade) eles estavam sem armas, sem roupas, dominados, portanto. Tortura não é crime político.
Enquanto o Brasil não ajustar contas com seu passado, continuaremos a ver as maiores atrocidades sendo ainda cometidas dentro das delegacias, presídios e instalações militares, como recentemente ocorreu.
Os militares foram os golpistas, os usurpadores de nosso futuro e não cabe, definitivamente, nos dias de hoje, defender torturadores monstruosos e seus crimes abomináveis. O Brasil, país da impunidade e da injustiça, precisa virar esta página, mas imprescindível que o faça identificando e punindo os militares que torturaram, mataram e desapareceram com tantos jovens brasileiros.