sábado, 5 de julho de 2008

Libertação de reféns continua gerando polêmicas

da agência Adital

A libertação dos 15 reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, dentre os quais se encontravam a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e três agentes secretos americanos, foi comprada por cerca de US$ 20 milhões, de acordo com a Rádio Suíça Romanda (RSR). A rádio chamou a operação de "encenação" e afirmou que na origem da transação estavam os Estados Unidos.

A emissora disse que conseguiu as informações por meio de uma fonte confiável e testada reiteradas ocasiões nos últimos anos. A versão da rádio contradiz as informações divulgadas pelo governo colombiano. O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que a operação foi 100% colombiana, apesar dos Estados Unidos terem participado de ajustes prévios.

Além disso, a rádio informou que na base do acordo se encontra a esposa do responsável dos reféns detidos. Segundo a emissora, a mulher servia como intermediária desde que foi detida pelas forças militares colombianas. Ela haveria permitido abrir um canal de negociações com o grupo que tinha em seu poder os reféns e obter que seu responsável, Geraldo Aguilar, mudasse de campo.

A tese da rádio também desmente outro argumento oficial de que teria havido uma infiltração de elementos do exército colombiano na guerrilha. Agora, analistas e jornalistas se perguntam porque não foram divulgadas imagens completas sobre a operação militar, uma vez que ela ocorreu sem nenhuma complicação.

O analista internacional Miguel Ángel Herrera Zgaib traz um ponto novo ao enredo dessa história. Ele afirma que a operação se realizou com um "engano": a utilização de helicópteros do exército colombiano pintado de branco com a marca da Cruz Vermelha Internacional. Segundo o analista, essa ação se configura como um ilícito no direito internacional humanitário e no direito da guerra.

Herrera se surpreende com o silêncio acerca dessa questão, tanto dos reféns como de autoridades colombianas e americanas. Para o analista, essa operação guarda semelhanças com aquelas realizadas na África e em Israel e dá continuidade a uma série de ações ilegais cometidas pelo governo colombiano, ao utilizar meios que supostamente permitem a obtenção de fins altruístas.

Ele ainda ressalta o fato de que, no mesmo dia da libertação, a Corte Constitucional colombiana decidiu não mais revisar a decisão de exeqüibilidade do segundo mandato de Álvaro Uribe. Para Herrera, agora é fundamental uma mobilização em busca da renúncia do presidente por haver sido reeleito utilizando uma fórmula ilegal e inconstitucional. Além disso, os cidadãos devem exigir o respeito ao direito interno e ao direito internacional humanitário.

Fonte: Adital


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